Capitulo 5

Aí Deus ela estava tão nervosa naquele palco. Todos estavam a olhando como uma atração em um show. Ela estava com tanto medo de não conseguir cantar, estava tremendo ao segurar o microfone. Tudo podia dar errado, a voz não sair, e ela desistir.

Mas quando soltou a voz, tudo havia mudado. Ela imaginou-se só, completamente só. Imaginou sua mãe lá, a oferecendo apoio, tentou imaginar isso pelo menos. E para sua surpresa, dera muito certo. E depois que viu todos dançando, e Edy com lágrimas nos olhos enquanto cantava com Tiff, fazia a pensar que tudo valera a pena. No final, todos a aplaudiram e a abraçaram a parabenizando pela maravilhosa voz.

— Gostou do presente tio Edy? — Indagou Katniss olhando para Edy com esperanças. Antes de responder ele a deu um sorriso carinhoso.

— Muito obrigado querida...foi o melhor presente que poderia me dar.

Katniss sentiu lágrimas vindo ao seu encontro. Sua voz tremeu quando disse:

— Eu queria que pudesse senti-la mais uma vez.

Se referia a esposa de Edy. A que tanto ele ama.

— Eu a senti, a vi dançando junto com você. Obrigada por trazê-la para mim mais uma vez.

Ela sorriu para ele completamente realizada, Edy estava tão contente, com seu coração tão mexido. Ele abraçou-a fortemente. Katniss retribuiu ao abraço dele com um sorriso no rosto. Quando se separaram Edy fez uma careta ao olhar para o lado.

— Não acredito nisso, Tiffany está paquerando mais um garoto. — Disse ele antes de bufar. Katniss olhou a cena e começou a rir. Tiffany na pista de dança praticamente se jogando para cima de uma garoto qualquer enquanto movia seu quadril com a intenção de ser sensual.

— Eu vou lá salvar o pobre garoto. — Avisou Edy a Katniss que assentiu.

— Acho melhor.

Ele saiu a deixando só no meio do bar cheio. No momento ela queria se sentar um pouquinho, mas quando tentou se mover, sentiu alguém puxar seu braço. Quando se virou para olhar se surpreendeu.

— Damian? — Ela sorriu — Pensei que não viria.

— Eu te vi, vi você cantando.

Katniss sentiu o rosto esquentar.

— Você viu?

Ele assentiu, e a deu um pequeno sorriso.

— Você foi incrível, eu nunca...nunca ouvi uma voz como a sua. — Ele admitiu — Fiquei impressionado.

Ela não sabia o por que, mas se sentiu completamente envergonhada. O rosto de estava ardendo, e ela tinha certeza de que estava corada.

— O-Obrigada.

Damian olhou envolta e se virou para Katniss mais uma vez.

— Tenho algo para propor a você — apontou para a porta — Poderíamos conversar lá fora?

— Ah, Claro. Vamos então.

Damian se afastou um pouco oferecendo a passagem para Katniss. Ela fez um gesto com a cabeça agradecendo, e quando foi passar,levemente seu corpo se encostou no dele fazendo com que o coração dela ficasse a mil. Ela tentou disfarçar e seguiu para a saída.

O calor que o corpo dele irradiava era surpreendente, mesmo com vários graus a menos na temperatura, ele continuava quente como brasa.

Logo, quando estavam lá fora, o som da música ficou fraco e abafado, dando mais liberdade para os dois conversarem oque quer que Damian quisesse.

— Bem, oque queria me propor? — Indagou Katniss curiosa. Damian respirou fundo e então respondeu:

— Basicamente falando, eu quero te levar para Los Angeles para que participe de uma programa mundialmente famoso. — Katniss pareceu mais surpresa do que ele imaginou.

— Oque? Está falando sério?

— Eu estou, não brincaria com isso. — Continuou — Esse programa acontece todos os anos. Produtores musicais famosos são convidados para inscreverem seus melhores cantores, para competirem entre si o troféu e título de melhor músico revelação do ano.

— Mas se apenas produtos famosos são convidados, então você é...um deles?

Perguntou já imaginando a resposta em sua cabeça. Ele apenas assentiu antes de responder.

— Sim, sou um deles. Fui cantor, ator e compositor. Não sou inexperiente.

Assegurou ele.

É claro que ele era um deles, foi uma pergunta completamente idiota. Como ela não havia percebido antes? Ele tinha a maior cara de ator de cinema, fora o carrão de luxo e a cobertura do hotel mais caro da cidade.

Katniss não sabia oque sentia, se era emoção ou medo. Incerteza ou animação. Estava olhando para seus próprios pés enquanto pensava.

Damian a analisou bem, parecia estar desconfortável e insegura. Ele não queria assusta-la, não quero oque pretendia.

— Eu sei que foi muito do nada essa proposta. E como você nunca saiu de Sitka pode parecer assustador mas...

— Eu quero.

Ela nem o deixou terminar a frase. Ele não conseguiu disfarçar o semblante de  surpresa pura. Não esperava que aceitasse tão rápido.

— Olha é uma decisão difícil, se quiser pensar mais eu vou entender.

Pensar mais? Ela não queria pensar mais! Estava cansada de pensar, ela queria agir. Afinal quantas garotas tem seus sonhos realizados entregues em uma bandeja facilmente? Parecia que iam benção havia caído do céu no colo dela. Ela seria uma burra se não se agarra-se a oportunidade. Mesmo com seu medo de palco, mesmo com sua timidez, ela sonhara tanto em sair daquela pequena cidade, que toparia qualquer coisa para sair dela.

— Eu não tenho no que pensar, não tenho para onde ir e não tenho muito oque me prenda aqui. É meu sonho! Sempre foi. E agora seria um desperdício dispersar essa oferta.

Ele não conseguiu deixar de ficar aliviado por ela ter aceito a proposta. Mas por outro lado, ele a achou um pouco ingênua ao aceitar uma proposta dessas com um cara que ela não conhecia direito. Seria perigoso se fosse um homem ordinário com segundas intenções. Ele sentiu o peito apertar ao pensar nisso, não queria que nada de ruim acontecesse com ela. Ele sentia que não suportaria isso.

— Está bem, se tem tanta certeza assim podemos conversar mais em casa. — Ela assentiu com um sorriso de orelha a orelha. Ele gostava muito do sorriso dela, não sabia o por que disso. Mas era o sorriso mais inocente e luminoso que já vira.

— Então oque acha de voltarmos para a festa? — Propôs ela.

— Acho ótimo.

Katniss aproveitou tudo que podia na festa de Edy. Ficou o mais tempo possível com seus amigos, riu, dançou, brincou e se divertiu muito. Cada momento foi especial, ela queria aproveitar o máximo, pôs sabia que se fosse para Los Angeles com Damian, ela morreria de saudade de todos.

Só porque eles não a prendiam em Sitka, não significava que não eram especiais e que ela não os amava.

Muito pelo contrário, ela os devia muito. Eram como sua família, ela os amava com todo o ser. E sabia que eles a apoiariam em seu sonho.

Quando Damian e Katniss chegaram no quarto do hotel que ele alugara, ela foi logo de encontro a Lasanha. E depois de encher o gato de beijos e carinhos que ele claramente amava, se sentou no sofá da sala para conversar com Damian.

Ele a explicou mais sobre o programa de tv, todas as regras e temáticas dele, e que todos de Sitka poderiam assisti-la na tv do bar. Ela sorriu ao pensar nisso, todos torcendo para seu sucesso. Seu peito de aqueceu com ternura. Quanto mais ele a explicava, mas interessada e ansiosa ela ficava. Estava se segurando para não gritar de alegria.

— Embora você seja maior de idade, ainda precisamos dos seus documentos. Identidade, passaporte. Coisas assim. — Explicou ele acariciando a barriga fofa de Lasanha.

Katniss mordeu os lábios.

— Está tudo na minha casa...não tive a chance de pegar nada. — Damian contraiu-se ao lembrar do que o maldito pai de Katniss havia feito com ela.

— Vamos ter que ir lá pegar.

Infelizmente você tem razão.

Pensou Katniss.

— Podemos ir amanhã, não tem problema.

— Se fomos pegar amanhã seus documentos, vamos ter que embarcar no avião para Los Angeles quarta feira. Ou seja, depois de amanhã. Você só terá um dia e meio para avisar seus amigos e se despedir deles.

Ah é verdade. Ela havia se esquecido desse detalhe. Ter que de despedir de seus amigos. Ela ainda nem havia os avisado, é que não queria estragar a festa com sua notícia inesperada.

— Vão ficar chateados. — Resmungou ela enquanto olhava para a lareira crepitando em sua frente.

— Vão ficar, eu sei disso. Mas tenho certeza de que te apoiaram em sua decisão, e que vão ficar felizes por você.

Katniss olhou para ele com um pequeno sorriso no rosto grato. Ele sabia oque dizer, e isso a agradava. E por um breve momento ela se perdeu nos olhos dele, isso ate ele desviar o olhar.

— Vá dormir, amanhã temos um dia cheio. — Avisou ele sério. Katniss por mais contrariada que estivesse por do nada ele ter ficado frio, ela assentiu.

— Boa noite então. — Ela se levantou ouvindo um " boa noite" dele também. Depois de abaixou para chamar Lasanha deitado no sofá — Vem Lasanha, vamos dormir. Vem garoto.

Nem com a voz fofa e suave que ela fez, ela conseguiu convencê-lo de ir com ela. Pelo contrário, ele apenas se afastou mais, e deitou no colo de Damian. 

— Oque deu em você? Deixou de me amar em? — Indagou Katniss indignada cruzando os braços.

Damian sorriu um pouco.

— Eu vou ver um filme e depois o levo para sua cama. Parece que ele se apegou a mim mais do que imaginávamos.

— Estou vendo né — Concordou Katniss — Traidor.

O gato nem ligou para ela. Katniss revirou os olhos e de aproximou dele para dar um beijo no bichano.  Damian se contraiu pela ação inesperada de Katniss ao se aproximar dele. 

— Boa noite.

Ela se virou e saiu correndo para o quarto deixando Damian e o gato sozinhos na sala. Ele respirou fundo e ligou a tv para assistir alguma coisa.

Era completamente estranho acordar e não dar de cara com o café da manhã perfeito que Larry preparava para ela todos os dias. Comer a comida do hotel não era tão ruim, mas não tinha o gostinho de amor e carinho que Larry colocava na comida. Katniss revirou os olhos para si mesma.

Como se fosse possível saborear sentimentos não é?

Maluca.

Ela não queria fazer desfeita, então comeu tudo que estava no prato.

Depois disso, se vestiu e se aprontou para pegar os documentos e o resto de suas coisas. Fora completamente inesperado Damian ter comprado roupas para ela antes de ir até o bar na noite anterior. Fora atencioso isso sim, e ela se sentia grata por isso.

Então entraram no carro dele e foram até a localização exata da casa de Katniss. Quando estacionou Damian a ajudou a sair do carro.

— Essa é a sua casa? — Indagou ele olhando para a velha estrutura de madeira.

Katniss assentiu com seriedade. Estar ali só fazia o café da manhã revirar em seu estômago.

— Costumava ser. — Respondeu ela esperando que a voz não saísse trêmula.

Eles caminharam até a varanda, subindo os quatro degraus velhos de madeira. 

Quando foi bater na porta, a mão dela havia congelado. Não conseguia meche-la, na verdade, não conseguia mexer nem o corpo direito.  Estava praticamente difícil respirar. Ela estava com tanto medo, tanto pavor... Parecia que uma nuvem negra de lembranças horríveis estava rondando ela. A relembrando de tudo que ele a fizera.

Não...não eu não consigo encara-lo, não quero vê-lo. Não devia ter vindo.

A respiração estava ficando acelerada e a garganta ficando seca. Mas quando estava prestes a desabar, sentiu uma mão em sua cintura, um calor completamente familiar.

— Ele não vai te machucar Katniss. Eu prometi isso a você, e eu vou cumprir. — Ela olhou espantada para ele enquanto ele apertava mais o aperto em sua cintura a olhando bem com aqueles olhos. — Enquanto eu estiver aqui, ele não vai te tocar. Está bem?

Ela assentiu lentamente. O calor dele afastou completamente a nuvem que a cobria e a assombrava. Ele a puxou para trás entrando na frente dela ficando de frente para porta.

Depois deu três batidas. Esperaram um pouco com paciência, depois a porta foi aberta abruptamente fazendo com que Katniss recusasse com o susto.

— Quem tá me perturba-

O homem ficou quieto ao encarar Damian, um homem alto o suficiente para dar medo em qualquer um.

— Quem é você e oque você quer? — Indagou arrogantemente.

— Vim com sua filha buscar as coisas dela.

— Oque? — As sobrancelhas dele subiram com surpresa. Katniss saiu de trás de Damian se sentindo completamente exposta sem  sua barreira de proteção.

— Eu não vou demorar muito.

Avisou ela sem que sua voz falha-se. Ela esperou que Gregory fizesse um show ou então que os expulsasse, mas pelo contrário. Ele apenas os olhou sério e saiu da passagem para que pudessem entrar.

Damian deu um leve sorriso a Katniss e entrou com ela na casa.

O maldito mau cheiro de cigarro e álcool estava pairando por todo o lugar. As coisas estavam piores do que Katniss imaginava, a louça completamente imunda. Roupas espalhadas por todo a casa junto com latas vazia de cerveja. As cortinas sujas com pura poeira fechadas, o carpete do chão fedendo a mofo.

Damian também não conseguia desfocar uma careta de nojo.

— Oque aconteceu aqui? — Indagou Katniss indignada.

— Ah cala boca merda, só tá um pouquinho sujo. — Respondeu ele se jogando na poltrona velha dele.

— Um pouquinho? Só fiquei dois dias fora e isso aconteceu.  — Sussurrou para Damian.

— Vá pegar suas coisas, é melhor sairmos daqui o quanto antes.

Respondeu Damian no mesmo tom que ela.

Ela simplesmente saiu andando, subiu as escadas e foi até o quarto.

Damian ficou em pé, apenas esperando Katniss. Uns dez minutos depois uma voz cortou o silêncio.

— Oque você tem com ela?

Damian virou-se para o homem velho com a voz rouca.

— Perdão?

— oque tem com a pirralha?

— Sou um produtor musical, serei o chefe dela em breve. Não pensei em contar assim, mas não tem outro jeito. Vou levá-la a Los Angeles para que cante em um programa de tv.

O homem pareceu surpreso ao ouvir as palavras de Damian. E enquanto isso Damian estava se segurando para não meter um belo soco na cara dele.

— Não sabia que ela cantava.  — Afirmou o velho com a voz rouca.

— Há muitas coisas que você não sabe sobre ela — E não é como se eu soubesse também, mas diferente de você, eu vou me esforçar para entende-la e apoia-la. 

O homem riu um pouco debochando.

— A presença dela sempre foi um estorvo nessa maldita casa. Ela me lembra a mãe dela, a odeio por isso.

Katniss pegou uma pequena mala que tinha, e foi colocando suas roupas nela. Depois pegou alguns de seus sapatos e colocou ali também. Estava tentando colocar menos coisas possível, para que a mala não ficasse tão pesada. E por último pegou seus documentos que guardava na carteira no armário.

— Bem, é isso.

Ela pegou a mala um pouco pesada e saiu do quarto, mas enquanto estava descendo os degraus ouviu vozes.

Espera, Damian estava conversando com Gregory?

Ela parou no meio da escada para ouvir a conversa.

— A presença dela sempre foi um estorvo nessa maldita casa. Ela me lembra a mãe dela, a odeio por isso.

Ela sempre soube disso, sempre soube que todo seu ódio por ela, era por causa de sua mãe. E por que ela os abandonara a tempos.

— Você é um tolo, perdeu a chance de ser pai de uma garota maravilhosa. Tudo por um ódio guardado dentro do peito. Sua filha não merecia passar por nada sozinha, e tenho certeza de que se tivesse dado a chance para que ela entrasse em seu coração, não estaria morrendo de amargura como está agora. Seu ódio teria sido substituído pelo amor e dedicação de uma filha.

Damian respondeu a ele simplista. Gregory estava olhando para ele sem palavras, espantado com oque seus ouvidos ouviram. Katniss não ficava para trás, um nó foi formado em sua garganta, estava lutando contra as lágrimas.

— Você tem filhos? — Indagou Gregory com o olhar queimando. Damian reparou fundo.

— Não, nem pretendo ter.

— Então não venha me dar lição de moral, casete.

Antes que Gregory pudesse perguntar mais coisas invadindo a vida pessoal de Damian, Katniss desceu as escadas fazendo barulho propositalmente para que parecem de falar.

— Estou pronta. — Avisou mostrando a mala.

Damian se aproximou e pegou a mala das mãos dela.

Depois se virou para Gregory.

— Espero que encontre o perdão em seu coração, e também espero que eu o encontre também — Gregory franziu o cenho — Pois eu odeio você por tê-la machucado.

Damian andou até a porta e a abriu para Katniss. Ela olhou para seu pai antes de ir.

— Adeus pai.

Ele não disse mais nada, apenas virou o rosto para frente com o queixo trêmulo. Katniss e Damian entraram no carro e assim ela sentiu que podia respirar bem novamente. Damian a olhou bem.

— Você está bem?

Ela reparou fundo assentindo com a cabeça rápido.

— Estou bem.

Ela sorriu para ele. Mas ele não estava tão convencido de que estava tudo bem. Ela parecia querer chorar, os olhos vermelhos e cheios de água enquanto o queixo tremia de leve.

Ele respirou fundo, não sabia oque fazer. Ele preferiu deixá-la com seus próprios pensamentos, seus próprios sentimentos. Não queria ser invasivo, ele a respeitava e não tinha a mínima permissão para toca-la.

— Bem — ela ergueu a cabeça — Vamos para o bar. Se aqui foi difícil, imagine lá não é?

— É... Acho que sim.

Ele ligou o carro ainda olhando para ela, era difícil não olha-la.

Mas a última coisa que queria, era ver aquele belo rosto angelical molhado por lágrimas.

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