capitulo 2

Katniss ficou o dia todo trabalhando no bar, conversou com os clientes, limpou enquanto ouvia música do rádio velho do tio Edy, e comeu os lanches maravilhosos que Larry preparou para os funcionários.

Ela não queria ir embora, estava cansada sim de fato, mas ir para casa era um saco.

Tiff até tinha insistindo para que ela dormisse na casa dela, Katniss queria dizer que sim, queria muito. Mas não podia, a última vez que dormiu na casa de Tiff, no dia seguinte Gregory a bateu e a jogou no porão. A deixou lá por um dia inteiro.

Gregory odiava quando Katniss não fazia oque ele mandava, ele era agressivo, e ela tinha medo dele. Ela morria de medo dele.

- Eu vou pra casa agora, mas obrigada por me convidar. - Sorriu para a amiga. Tiff fez uma expressão triste, estava um pouco decepcionada.

- Tudo bem, talvez na próxima né. Mas pensa no que eu disse sobre o aniversário do papai. - Antes que pudesse responder ou protestar, Edy entrou no bar com um sorriso no rosto.

- Oque estão falando sobre mim em meninas?

Tiff era a cópia de Edygar. Os olhos azuis e os cabelos loiros puxara completamente do pai. O jeito bobo e engraçado fora da mãe.  Mas não falavam dela, a morte dela foi difícil tanto para Edygar quanto para Tiff.

- Não é nada papai. Deixa de ser fofoqueiro. - Piscou para Katniss que gargalhou.

- Se você não vão me falar eu não vou insistir, mas a bebedeira vai começar agora e vocês jovenzinhas devem ir para casa.

Lembrou ele balançando as chaves nos dedos. É verdade, todos os outros funcionários saíram, só estavam os três ali. Edy nunca deixava elas trabalharem no turno da noite, por mais que pedissem. Segundo ele, era melhor elas fossem descansar ou estudar. Então as sete já estavam saindo do bar para que os funcionários noturnos chegassem.

- Bem, então já vou indo. Até amanhã pessoal. - Katniss abraçou os dois e os deixou sozinhos no bar.

Ela colocou os fones de ouvido ouvindo músicas animadas enquanto olhava para a rua pouco agitada.

Estava presa em seus pensamentos quando viu um par de faróis fortes vindo em sua direção.

Que droga é um carro! Ela freio bruscamente com a bicicleta e ouviu o som estridente do carro freando também.

Que porcaria! De onde veio aquele maldito carro? Katniss pensava enquanto via se estava mesmo bem. Diferente dela que arranhou o cotovelo com a queda, a bicicleta estava ilesa. Pelo menos isso né.

- Garota, você está bem?

Katniss levantou o olhar e se espantou um pouco. Seu atropelador era o homem mais lindo que já vira na vida. Estava com um semblante preocupado no rosto, e ainda assim era lindo. Os cabelos pretos balançando com o vento, os olhos azuis como jóias lapidadas e os lábios...

Não! Pare de pensar nisso Katniss, ele quase te matou!

- Qual é o seu problema? Você é cego por acaso? - Se levantou e o encarou com os punhos cerrados.

- Eu sinto muito, é culpa minha eu não prestei atenção na rua. - A voz dele era mais grossa do que imaginara, mas isso não abalaria ela.

- Não me diga! É claramente culpa sua - Respirou fundo - Só entra no seu carro e trate de não tirar a vida de ninguém.

Katniss se virou para pegar a bicicleta, mas o homem agarrou o braço dela a fazendo se virar para ele assustada.

- Você está machucada. Pelo menos me deixe te levar para o hospital mais próximo.

O toque dele era quente, mesmo eles estando perto do inverno com a cidade cada vez mais gelada. Katniss se afastou puxando o braço.

- Não, obrigada. Tenho que ir...para casa.

- Tem certeza?

- Sim, já disse que sim.

Katniss levantou a bicicleta e subiu em cima dela. O homem continuava parado olhando para ela, sem nenhuma expressão no rosto. Parecia conferir se ela estava bem mesmo.

- Adeus.

Ela não esperou ele responder, apenas começou a pedalar novamente indo em direção á sua casa.

Que homem estranho, nunca o vira na cidade. Seria ele um turista? Achava que sim.

Bem, no momento Katniss só queria chegar o mais rápido possível em casa, e cuidar com cuidado do machucado no cotovelo.

Estava começando a arder.

Porcaria, ele mal chegara na cidade e já estava se metendo em encrenca. A ideia era passar despercebido, mas ele conseguiu estragar isso.

Entretanto, também não conseguia parar de pensar naquela garota.

Os olhos azuis irritados em cima dele, ele certamente não iria esquecer aqueles olhos. Será que devia ter deixado a garota ir embora? Ela estava ferida, o machucado não era muito grande, mas serviu para deixá-lo preocupado.

\- Cara você mal chegou e já atropelou uma criança? - Rindo Indagou.

\- Não era uma criança Daniel, era uma adolescente. E isso não teria acontecido se você não tivesse me ligado. - Reclamou irritado.

\- Bem então eu vou desligar né. Vai que você capota com o carro e coloca a culpa em mim também.

\- Para de falar besteira.

Damian desligou o celular e respirou fundo. Logo chegou na floricultura de sua tia, estacionou e desceu do carro para falar com ela. Provavelmente sua tia estava prestes a fechar a loja, já que iam dar oito horas da noite.

Quando entrou na loja ouviu o sino da porta tocar, e foi inundando pelos mais diversos perfumes doces de flores diferentes. A lojinha era fofa e acolhedora. Assim como sua tia.

\- Tia? Eu já cheguei. - Anunciou chegando perto do balcão.

\- Olá querido, seja bem vindo! - Ela levantou rapidamente de debaixo do balcão o fazendo recuar de susto.

\- Você está muito bonita tia Julie. - Ela sorriu com os olhos brilhantes.

\- Obrigada querido, foi difícil chegar aqui?

\- Bem...não, mas já cheguei arrumando problemas.

\- Que tipo de problemas? - Indagou limpando as mãos no avental sujo de terra.

\- Eu quase atropelei uma garota, ou atropelei. Não sei dizer. - Bufou.

\- Minha nossa! A garota está bem?

\- Acho que sim. Mas ela foi tão teimosa, não me deixou levá-la ao hospital. - Julie negou com a cabeça em reprovação.

\- As meninas de hoje em dia são tão descuidadas, e despreocupadas também. Pelo menos você tentou ser gentil. - Damian a deu um leve sorriso vago.

Quando chegou em casa, colocou a bicicleta na varanda. Mas quando abriu a porta da casa, gritos a esperavam. Ela não estava entendendo nada, aquela namorada de Gregory estava lá gritando com ele e ele com ela.

- Oque está acontecendo? - Perguntou entrando na sala.

- Oque eu disse sobre gatos?!

Ah não, ele descobriu. Gregory odiava animais, principalmente gatos. Katniss escondia Lasanha em seu quarto já que ninguém entrava lá além dela. Ah e, as amantes abusadas de Gregory.

- Eu...posso explicar. Ele estava com fome e...

- Eu disse que não queria gatos aqui! Essa maldita bolas de pelos estava no seu quarto! - Gritou ele com raiva. A mulher ao lado dele estava de braços cruzados olhando a cena.

- Como assim? Você nem entra no meu quarto. - Olhou para a mulher.

- Eu entrei, queria pegar umas coisas emprestadas e ele estava lá jogado na cama. - Katniss olhou para onde a mulher estava olhando. E viu seu gato debaixo da cadeira. Ela se abaixou e o chamou.

- Lasanha, venha até aqui. Pode vir. - Disse em uma voz leve .

- Você ainda deu nome a ele? Eu já disse para não me desobedecer pirralha! _ Esbravejou jogando uma lata de cerveja no chão com força. O gatinho estava mancando não conseguia apoiar uma das patas no chão.

Katniss arregalou os olhos e olhou para os dois.

- Por que ele tá mancando? Oque vocês fizeram com ele? - Perguntou sentindo o coração apertar.

- Ele tentou me morder, então eu só me defendi! - respondeu a mulher se aproximando de Gregory.

- Mentira! Ele não é agressivo desse jeito. Você não tinha o direito de machucar ele! - Gritou com raiva.

- Pare agora de gritar! Você nunca faz nada pra ajudar, só sabe me desobedecer. Sua ingrata, eu devia ter te dado para adoção!

As palavras dele não machucavam tanto, ela as ouviu tantas vezes que já estava imune a dor que elas causavam. Mas estava irritada por terem machucado seu melhor amigo.

- Eu sempre tô ajudando! Como pode dizer isso? Eu nem fico em casa droga! Você trás essas mulheres toda semana e eu fico quieta enquanto elas revistam meu quarto! Se não fosse por mim essa casa seria um chiqueiro!

Foi surpreendida por um tapa forte no rosto. Fora tão forte que a vez cair no chão com o rosto ardendo.

O gato logo saiu mancando de debaixo da cadeira para ficar perto de Katniss, tentar protege-la.

- Você tem que aprender a me respeitar, está vendo oque tive que fazer? - Disse ele  colocando as mãos na cintura - Tire esse bixo daqui, e vá para o porão. Passará a noite lá pensando no que fez.

Ela levantou o olhar sentido o gosto de sangue passar por sua garganta. Provavelmente cortou o lábio, mas oque mais doía era seu coração. Principalmente quando viu que no pescoço da mulher estava o colar que sua mãe a dera. Ela levantou rapidamente e encarou a mulher.

- Devolva meu colar. - Pediu quase como um sussurro. Gregory olhou para o colar do pescoço da mulher.

- Como tem essa coisa? - Katniss abaixou o olhar.

- Não importa. É meu, eu quero de volta.

- Eu achei por aí. Depois eu te devolvo. - A loira respondeu com um sorriso sonso.

- Eu quero agora! Me dê era da minha mãe, você não tem o direito de entrar no meu quarto e pegar minhas coisas! - Gritou.

- Sua mãe não amou e não ama você sua pirralha. Para de fazer drama por tudo. Essa porcaria não vale nada e agora não é mais sua pronto!

Katniss cerrou os punhos. Ela podia abrir mão de suas roupas e de seus sapatos, mas não daquele colar. Era tudo oque tinha de sua mãe.

Katniss correu até a mulher e puxou o colar do pescoço dela rapidamente.

- Ei! Gregory olha oque ela fez! Mande me devolver agora! - Pediu fingindo chorar. Gregory se aproximou pisando forte e pegou o gato com brutalidade.

- Oque vai fazer? - Perguntou assustada - Me de ele agora!

- Já chega, nem você nem ele vão ficar mais aqui - Ele também pegou o braço de Katniss e a jogou para fora de casa junto com o gato. Ele subiu de novo na varanda.

- Você não vai mais pisar nessa casa entendeu?! Ja está grande, e já que não me obedece pode se virar sozinha - Ele se preparou para fechar a porta.

- Ei! Espera, está um gelo aqui fora! Posso morrer congelada. - Gritou abraçada ao gatinho tentando esquenta-lo.

- Isso não é problema meu. - Ele entrou e bateu a porta com força.

Ótimo, ela estava desabrigada debaixo do sereno gelado. Ela não podia simplesmente voltar e implorar para que ele abrisse a porta para ela. Ele não abriria de qualquer forma.

- Oque vamos fazer? - Perguntou a Lasanha com lágrimas quentes escorrendo pelo rosto. Tudo que podia fazer era pegar a bicicleta e ir para a praça e ficar lá por um tempo. Ela não queria ir para a casa de Tiff, se fosse o pai dela armaria um escândalo enorme e provavelmente espancaria Gregory. Ela não queria isso, não queria deixar ninguém preocupado, ou que se metessem em problemas por causa dela. Ela não queria isso.

Então foi para a praça e se sentou em um dos bancos de madeira agarrando os joelhos tentando se esquentar e esquentar seu gatinho. Mas estava cada vez mais frio, e ela só estava usando calça jeans, uma camiseta e uma blusa de frio meio velha, fora o tênis velhinho que usa também.

" Sua mãe não amou e não ama você sua pirralha! "

Não era verdade...não podia ser verdade. Ela se lembrava da música que sua mãe cantava para ela dormir, se lembrava dos abraços quentes e dos beijos.

Ela a amava sim, tinha certeza que sim.

Mas, então por que a abandonara com aquele homem desprezível? Por que fizera isso?

Estava tremendo e batendo os dentes. Os olhos fechando a visão ficando turva, o sono estava vindo.

Katniss pensou que estava começando a delirar por causa do frio, o homem que a atropelara mais cedo, estava se aproximando lentamente. Ela só pode ver a mão dele sobre seu rosto, e depois apagou completamente.

Depois que Damian terminou de arrumar a floricultura com sua tia para fechar. Ele foi se despedir dela.

\- Amanhã estou de volta para te ajudar com as tulipas ok? - Ela sorriu assentindo, e depois o entregou o casaco.

\- Amanhã faço um chá de ervas maravilhoso para você, e então você me conta tudo que está acontecendo lá em Los Angeles.

\- Está bem, vou te contar tudo. - Ele beijou o topo da cabeça da mulher, e então foi na direção do seu carro.

Quando ligou o carro e começou a sai devagar com ele. Reparou que na praça tinha uma garota sentada lá.

\- Oque ela está fazendo ali com esse frio todo? - Se perguntou. Ele manobrou com o carro e se quando olhou atentamente se espantou.

\- É a garota da bicicleta.

Ele tentou ver se tinha alguém com ela, mas não. Estava sozinha ali. Ele podia deixa-la ali e seguir caminho para o hotel que alugara a cobertura. Contudo, não conseguiu. Ele parou o carro e foi andando até ela. O vento brincava com os cabelos cacheados dela, jogando-os de um lado para o outro.

\- Ei! você tá bem menina? - Ela parecia não escutar, quando ele ia tocar no rosto dela, ela desmaiou. Damian se assustou, ele não tinha escolha, tinha que levar ela com ele, ele a pegou no colo. E logo viu um gato junto a ela.

\- Aí meu Deus do céu. - Ele bufou e levou o gato junto. Colocou os dois dentro do carro e fechou as portas.

\- Ela vai ficar me devendo uma depois dessa. - Ele ligou o carro e se preparou para ir.

Continua.

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