Capítulo 5. O casamento.

Cristina volta pra São Paulo levando Lúcio a tira colo, agora ela nunca mais conseguirá se livrar dele, pensa Pietra, ''eu não vou me sujeitar a isso, só vou me casar por amor''. Pietra se esquece por um bom tempo da carta de Nilvan, um dia quando vai escrever a amiga se lembra e escreve a ele algumas linhas.

'' Oi Nilvan.

Fiquei muito feliz em saber que minha amiga tem um amigo como você. Cristina só citou elogios a seu respeito. Se é amigo dela o considero meu amigo também.

Quanto ao fato de nos conhecermos você deve saber a dificuldade que é por morarmos tão distante um do outro. Passei quase dois anos sem ver minha melhor amiga.

Caso queira uma amizade por cartas, ficarei muito feliz em ser sua amiga.

Um abraço Pietra.''

Pietra sabia em seu íntimo que não havia como dar certo, não pretendia ir embora, amava sua terra, seu sossego, não conhecia Nilvan, não queria se iludir, nem iludir a ele.

Nilvan recebe a carta, mais não perde a esperança, escreve outra e manda a ela junto uma foto dele, talvez a foto despertasse nela o que despertou em seu coração. Cristina explica a ele o que Pietra disse e tenta fazer com que ele entenda o lado da amiga, mais ele é insistente e diz que ainda é cedo pra desistir.

Quando Pietra recebe a carta com a foto, não entende como pode se interessar por alguém assim, na foto um rapaz moreno sentado ao longe, ela mal consegue ver seu rosto, ele insiste em tentar conhecê-la, mais Pietra não quer, não quer que ele gaste o que não tem pra vir de longe, sem lugar pra ficar, somente pra conhecê-la. E se eles não tiverem nada em comum?

Pietra escreve a amiga e pede a ela o grande favor de tirar essa ideia da cabeça de Nilvan, explica o porquê e diz ainda ser apaixonada por Sérgio.

Cristina apoia a amiga e faz o que ela pediu.

Não sei se pelas dificuldades que a vida apresenta o tempo parece correr rápido demais.

Em menos de seis meses Cristina escreve a amiga dizendo que se casará com Lúcio, que aproveitarão a ocasião, que seu pai cedeu uma parte de seu lote para construírem dois cômodos, que depois aos poucos o pagarão pelo local.

Quando a carta chega a Pietra a amiga já estava casada. Agora ficará mais difícil ainda o encontro entre elas. Como ela queria estar ao lado da amiga num momento tão decisivo, como gostaria de ter ajudado na escolha do vestido, dos enfeites da igreja, até fazer um bolo bem grande pra todos, Pietra estava ficando boa em fazer bolos para as primas que se casavam e pra amiga não pode, não pode nem mesmo a ver de branco, com seu rosto rosado e seu sorriso meigo entrando na igreja, mesmo que não seja por amor, casamento deve ser um momento inesquecível e ela queria muito estar presente.

Nilvan tenta focar no trabalho, agora já é encarregado de dois galpões de produção dos móveis, Cristina ficava em um e ele outro, foi convidado pra ser padrinho de casamento da amiga e a ajudou até na construção de sua pequena casa.

Nilvan tinha esperança que Pietra pudesse aparecer no casamento mais sabia da dificuldade de chegar correspondência onde ela morava, havia poucas pessoas na cerimônia, os parentes dos dois eram os mesmos e os que moravam no interior de Minas não puderam vir, assim como Pietra não receberam o convite a tempo.

De seu modo simples Cristina estava feliz, tinha seu trabalho, Lúcio também, ajudava sua mãe cuidar dos irmãos menores mais sem a obrigação de sempre pois tinha agora sua pequena casa pra cuidar, os afazeres do dia a dia faziam o tempo voar.

Pietra por sua vez continua sua vida, dá aulas de manhã, vai a pé todos os dias, uma caminhada de quase duas horas pra ir e duas pra voltar, a noite vai pra cidade estudar, está fazendo magistério.

O local onde mora deu um pulo de crescimento, graças a seu pai que fez uns testes na montanha onde vivem a pedido da prefeitura para instalação de um observatório e os testes foram aprovados, sendo o local escolhido em todo o país como o mais indicado pela localização, clima e visibilidade. Imediatamente uma estrada foi construída passando pelo bairro até o pico da montanha, trouxe pessoas, máquinas, e até um telefone que foi instalado na casa do pai de Pietra, tinha ligação apenas com duas cidades, mais era um telefone, instrumento jamais visto pela maioria dos moradores locais. Com a estrada vieram os carros melhores pois antes devido não terem uma estrada adequada somente rurais e jipes conseguiam chegar ao bairro, trouxe também a energia elétrica e o conforto que ela proporciona. O pai de Pietra aprendeu a dirigir e comprou um carro bom e uma televisão preto e branco, alegria dos vizinhos e crianças. Ficou também empregado da empresa que construirá o observatório. Assim chega o progresso no distante local onde vive Pietra, chega veloz, mudando tudo e todos. Pietra tinha sete irmãos, os dois mais velhos, homens já haviam ido embora, um se engajou no exército, tornando-se sargento e indo embora para o Rio de janeiro, o outro foi pra São José trabalhar com uns parentes. Três irmãs, uma mais velha e duas mais novas também foram pra cidade grande, a mais nova com problemas no desenvolvimento dava trabalho a mãe e com medo de ter que cuidar da irmã a penúltima foi pra cidade com menos de quinze anos sem nem mesmo comunicar a mãe antes. Ficando na casa os pais, Pietra e sua irmã mais nova.

Pietra levava sua vida rotineira e sem grandes sonhos. Gostava do que fazia, não tinha muita ambição e apesar de ter muitos pretendentes jamais se envolveu com ninguém. Sua paixão de adolescente se casou e também foi embora levando consigo a chave do coração dela.

Mesmo com a facilidade do progresso, as cartas, que agora chegavam rapidamente foram ficando distantes.

Pietra soube por parentes de Cristina, que ela teve uma gravidez de risco, sofreu muito, teve que deixar de trabalhar e ficou de repouso absoluto por toda gravidez.

As cartas cessaram, o que uma sabia da outra era apenas por terceiros.

'' Até aqui grande parte do que escrevi foi real, agora darei asas a imaginação para que Cristina e Pietra tenham o destino que mereciam, que o final seja no mínimo feliz.'' Autora.

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odia Costa

odia Costa

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2024-04-10

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