Capítulo 4. O retorno.

A parceria de Nilvan e Cristina foi a melhor possível, conseguiram em tempo recorde entregar os pedidos dos móveis e com quase nenhum defeito. Todos saíram satisfeitos, aqueles que precisavam de dinheiro se empenharam em produzir mais e sem erros e como a maioria ali precisava de um modo de ganhar dinheiro trabalhavam com garra e ânimo, todos queriam que desse certo, que pudessem continuar a ter um ganha pão. Nilvan foi o que mais se empenhou, viu ali a oportunidade de crescer, de poder deixar o trabalho árduo de servente de pedreiro, de progredir. Foi atrás da empresa que produzia os moldes dos móveis e as fibras sintéticas atrás de um contrato de produção. Conversou direto com os donos que o acharam esforçado e insistente. Deram a ele um pedido grande para ser entregue em três meses, se desse conta assinariam um contrato de um ano com ele.

Precisariam de um galpão bem maior e de mais pessoas, mais ele não desisti fácil e novamente pede ajuda a Cristina que tornou-se uma parcera nos negócios.

Cristina e Pietra continuam trocando cartas, agora mais espaçadas, mais continuam. Cristina está muito feliz com seu trabalho e com novos amigos.

Um ano já se passou na correria, o pai de Cristina conseguiu comprar um lote e vão começar a construir sua casa. Eles precisam de alguns documentos que ficaram com a avó de Cristina, como sua mãe está grávida de novo e seu pai não pode sair do serviço eles pedem a Cristina que viaje para buscar o que precisa. Seu tio irá com ela pois já não vê seus parentes há quase dez anos. Valdir, seu primo também vai. Cristina fica muito feliz em poder rever sua amiga e seus avós. Serão poucos dias, apenas um fim de semana mais ela está empolgada e avisa seu amigo Nilvan.

Cristina: - Nilvan, eu sei que estamos apertados com a produção dos móveis, mais meu pai precisa que eu vá. É só um final de semana.

Nilvan: -Sem problema Cristina, quando voltar você verifica os móveis produzidos. Você vai ver sua amiga?

Cristina:- Sim, estou ansiosa, estou morrendo de saudades dela e de todos de lá, nem acredito que já fazem quase dois anos que não os vejo.

Nilvan: - Cristina, fale de mim pra sua amiga Pietra?! Diga a ela que fiquei encantado com a foto dela. Que gostaria de conhecê-la.

Cristina: - Nilvan, eu sinto te dizer que meu irmão está apaixonado por ela também, e assim como falei pra ele, Pietra tem uma paixão por um garoto há muito tempo e por isso nunca deu chance de ninguém se aproximar dela, escreve uma carta que eu entrego a ela. Posso falar, mais uma carta chamará mais a atenção dela.

Nilvan resolve escrever, procura uma maneira de se apresentar a ela, como fazer ela entender o que sente apenas em olhar pra sua foto.

Escreveu várias versões, caprichou na letra o mais que pode, amassou vários papéis, não queria parecer abusado nem louco ou muito menos um sem noção que se apaixonou por uma foto. Depois de muitos rascunhos ele se sentiu satisfeito:

'' Olá Pietra! Amiga de Cristina, sou Nilvan agora amigo dela também. Cristina fala tanto de você, da amizade que tem uma pela outra que me senti seu amigo também. Eu senti uma curiosidade enorme em te conhecer. Eu sou um nordestino que luta pra sobreviver, assim como todos aqui. Cris me mostrou uma foto sua que me encantou, espero um dia poder conhecer você pessoalmente.

Um abraço Nilvan''

Nilvan entrega a carta a Cristina que a coloca entre suas coisas, promete falar bem dele a amiga. Cristina também não se interessou por mais ninguém, as vezes se sente muito só, chega até a sentir falta de quando namorava o seu primo Lúcio.

A volta a terra natal parece não demorar tanto quanto a ida, o coração de Cristina bate mais rápido quando avista as primeiras casas de seu bairro. Muito pouca coisa mudou, mais a felicidade do retorno é enorme, parecia que nunca havia saído, abraçou seus avós, guardou suas coisas e correu a casa de Pietra, que não a esperava, pois a carta que Cris mandou ainda não havia chegado.

Pietra leva um susto e corre a abraçar sua amiga. As duas vão até a pedra onde conversavam e passam horas ali contando as novidades.

O tempo voa, no dia seguinte Cristina teria que retornar a São Paulo, as duas falaram de tudo, pra Pietra não houve nenhuma mudança radical em sua vida, continua a trabalhar na escola, continua com o mesmo sentimento por Sérgio, a única novidade é a construção da casa nova. Já Cristina tem mil coisas pra contar, no amor está com coração vazio, nunca mais sentiu o que sentiu por Junior, mais também não sofre por ele, Cris não tem ilusão de encontrar um amor, de se apaixonar novamente.

A noite as amigas vão a igreja e o primo de Cris, seu ex namorado Lúcio está lá e pede pra falar com ela, Pietra sabe que a amiga tem o desejo de se casar e formar sua família desde menina e que acha que já está passando da idade, outras garotas de nosso bairro com dezesseis anos já estão com casamento marcado, Pietra vai pra casa deixando a amiga decidir seu destino.

A amiga vai embora depois do almoço, Pietra vai até ela logo de manhã.

Pietra: - Amiga, como foi ontem? O que Lúcio queria com você?

Cristina: - Ele quer voltar, me disse que vai pra São Paulo também se eu o aceitar de volta.

Pietra: - E o que você decidiu? Você não era apaixonada por ele, se ele for atrás de você é pra casarem não é??

Cristina: - Sim, ele me disse que pretende ir e no máximo em seis meses nos casamos. Você me conhece amiga, estou cansada de cuidar de meus irmãos, quero ter minha casa, minha família e os meus pais já queriam que eu estivesse casada com ele.

Pietra: O que posso dizer, eu espero que seja feliz, e ele te ama??

Cristina: - Ele diz que sim. Que vai embora por mim.

Pietra: - Você sabe que a família dele estão passando pelas mesmas dificuldades que vocês passaram, como ele é o filho homem mais velho vai embora pra mudar de vida.

Cristina: - Eu sei amiga, mas também sei que em São Paulo não falta oportunidade pra quem quer trabalhar, o que aqui não tem. E o pai dele é muito severo, muito rígido mesmo, não quer ir embora. Então ele vai. Está cansado da vida dura daqui.

Pietra: - Amiga, será que vamos ficar sem nos ver por tanto tempo de novo?? Você ficou por tão pouco tempo, já vai embora.

Cristina: - Eu sei, mas só vim porque foi preciso, é longe e fica caro a passagem. Só pra chegar em São Paulo precisamos pegar dois ônibus, e eu não sei vir sozinha.

Já estava me esquecendo, Pietra, eu tenho um amigo que viu sua foto e se encantou. Ele te escreveu uma carta, aqui está. Ele é muito esforçado e como nós foi pra São Paulo atrás de um futuro melhor.

Pietra: - O que?? Minha foto? Aquela de quase três anos atrás?? Era uma menina ainda, sei que não mudei muito mais mudei.

Cristina: - Eu sei, disse isso a ele, mais ele insistiu e te escreveu. Se quiser responder pra ele antes de eu ir eu levo.

Pietra leu a carta, a letra firme, se sentiu lisonjeada, mais não acreditou que poderia ser verdade. A foto que ele viu era antiga, onde uma magricela sem jeito estava do lado da amiga, não tinha como ele se interessar. Pietra não quis responder de imediato e disse a amiga que escreveria a ela e junto mandaria a resposta a ele.

Chegou a hora da despedida, Pietra sentiu o coração apertado, sentindo que a amiga estava indo embora desta vez sem o desejo de voltar, sem as lágrimas e a tristeza da primeira vez que foi. Mais amigos de verdade desejam o bem, o melhor pra aqueles que amam, que sejam felizes da melhor maneira possível.

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Comments

odia Costa

odia Costa

De novo vão fica separdas

2024-04-10

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