De novo mais uma vez

Rafael

Eu estava ali de pé diante uma caixa de madeira e a minha mãe ali dentro. Estava serena e calma,mas quando eu olhava não conseguia reconhecer a pessoa inerte e sem vida que estava ali dentro ,passei por todo aquele processo como se eu fosse apenas um espectador aquilo tudo.

Tinha muita gente no velório dela, ela era alguém amada e muito querida na comunidade, sempre foi muito generosa e a carinhosa com todos. Isa ficou do meu lado o tempo todo me apoiando. Renan também esteve lá comigo, foi uma surpresa pra mim ter o carinho tão sincero dele, uma surpresa boa.

No momento do sepultamento era apenas eu e os poucos amigos que sobraram. Foi Ali diante da túmulo dela que jurei daria minha vida pelo André para que ele ficasse bem, saudável e que fosse feliz esse é meu objetivo de vida agora cuidar dele.

Isa e Renan me levaram pra casa, era um milagre que ela dois não estivessem brigando. Olhei pro Renan e como se ele me conhecesse disse logo.

- Ele não vem Rafa, não falei com ele desde ontem, e você me fez prometer que não contaria nada.

- Eu sei, sei que é idiotice minha, mas não posso deixar de desejar que ele esteja aqui. Mesmo estando tão magoado, ainda sinto falta dele.

- Você sabe que se você quiser ele vem não sabe?

- Não posso Renan, ainda me resta um pouco de orgulho, não posso aceitar o que ele me fez, Bem é tudo aquilo que eu não quero pra mim nem para o André.

- E eu, posso ficar ?

- Claro que sim Reny, você foi a única coisa boa que sobrou dessa história toda.

Os dois ficaram comigo o restante do dia, me dando forças e me enchendo de carinho. Mas a noite eu fiquei sozinho, André ainda iria ficar no hospital por um tempo, e eu tinha que resolver as coisas com o Lipe. Como um mal presságio ele bateu na minha porta.

-  Bom noite delicia, como tú tá?

- Como alguém que acabou de entrar a mãe Lipe. Agora vai diz logo o que você quer, como vai ser pra eu te pagar o dinheiro que você me emprestou?

- Desculpa aí Rafinha, não sei o que dizer nessas hora, sinto muito ao pela dona Gentila, ela era mó legal.

- Era sim, mas você não veio aqui pra isso, vai logo me diz, o que vai me custar?

-  Relaxa menor, não vou te bota em furada, tu sabe que eu gosto de ti, tô com uma fiel agora , mas tenhi carinho por ti.

Bagulho é o seguinte, não quero se bandido pra sempre, não tô afim de morre cedo, quero vive tranquilo com a minha morena e uma meia dúzia de guri. Então resolvi investir uma grana aí .

- Investir?

- É, comprei a boate Mystic, aquela toda cheia das nove hora, que você gostava de ir às vezes.

- Como assim você comprou aquele lugar Lipe? A bebida lá custa um rim imagina a boate toda!

- Aí mané, eu tenho dinheiro pora! Seguinte é esse, eu tenho zero paciência pra queles playboy lá do asfalto, e os meus homens também não, além de ser tudo analfabeto e sonso, o único que eu conheço e confio pra cuida daquela bagaça é tu!

- Eu?

- Não Zé a minha vó, claro que é tu, olha pensa comigo, tú é estudado, se veste aí cheio das coisas, e tem esse jeitinho aí, passa fácil como alguém do asfalto. E também tú é o único que eu confio.

- Lipe isso é loucura!

- Olha, te pago um bom salário, o que eu te emprestei pro velório da tua veia, tu me paga aos poucos, vou te pagar o suficiente pra tu criar o muleque sussegado, cê sabe que não vai ganhar isso trabalhando em outro lugar.

Ele tava certo, as pessoas são preconceituosas, e não ter terminado a faculdade também não me ajuda. O máximo que eu vou conseguir é me matar de vender , aguentar desaforo de cliente chata pra no final ganhar uma micharia de comissão, enquanto os donos da loja só enriquecem.  Agora não tô mais sozinho, tenho meu irmão preciso pensar nele.

- Eu aceito Lipe, mas com uma condição

- Ah já vai começar a frescura, vai fala logo.

- A boate vai ser limpa, nada de vender drogas ou fazer coisa errada lá, as pessoas vão só pra beber e curti, não posso e não quero  me envolver em nada errado, tenho uma criança pra cuidar. Lá na boate é eu que mando, combinado?

- To ligado, posso fazer negócio em outro canto, e já tenho muitos pontos de venda de drogas.  Quero fazer dinheiro limpo também pra ficar tranquilo com a minha morena, tem a minha palavra.

- Ótimo,quando começamos?

- Leva uns 15 dias pra papelada fica pronta, mas podemos ir lá no sábado pra olhar tudo e ver como funciona, conhecer os outros funcionários e essas pora tudo.

- Obrigada Lipe.

-   Nada Rafinha, se não fosse a minha morena, te dava um trato que tua esquecer aquele playboy safado era cedo!

- Como você sabe?

- O que que eu não sei nesse morro viado?

Eu apenas ri, esse negócio que não existe bandido bom é mentira, e mais complicado que isso, Lipe cuida bem do morro e das pessoas, sei que o dinheiro que ele tem não foi ganho de forma honesta, mas a vida é assim, nem tudo é perfeito.

Os dias se passaram e a dor ainda estava lá, a saudade era insuportável, minha mãe estava por toda a parte. Me distrai um pouco arrumando o quartinho do André, eu visitava ele todos os dias. No sábado de manhã a enfermeira me deixou segurar ele no colo e dar mama, senti um amor tão puro naquele momento, ver que ele depende me mim me dá muito mais forças pra lutar.

Voltei pra casa e me preparei pra ir pra boate com o Lipe, tava ansioso pra conhecer tudo lá, já fui algumas vezes lá, mas como é muito caro,não era o lugar que eu mais frequentava.

Lipe chegou e eu me surpreendi, ele tava bem vestido e todo cheiroso, nem parecia o malandro sem camisa que vivia andando pelo morro.

Chegamos na boate e assim que pisamos o pé lá dentro eu sabia que a noite ia ser longa, de longe eu vi o Bernardo e a Bárbara, por mais que me doesse admitir eles ficavam bem juntos, mais que isso, os dois se mereciam.

Eu não tenho tempo pra esses dois, preciso recomeçar denovo mais uma vez!

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***