Eu arrumei as minhas malas com pressa, sem saber o que levar. Eu não tinha muitas roupas, nem muitos objetos pessoais. Eu só tinha o essencial, o que cabia em uma mochila e uma mala pequena. Eu não sabia como era o clima na Turquia, nem o que eu iria fazer lá. Eu não sabia se eu ficaria muito tempo, ou se eu voltaria logo. Eu não sabia se eu seria bem recebida, ou se eu seria rejeitada. Eu não sabia nada sobre a Turquia, nem sobre o meu avô.
Eu me despedi dos meus irmãos com um abraço e um beijo. Eles estavam confusos e curiosos, mas também felizes por mim. Eles me disseram que tinham orgulho de mim, que torciam por mim, que me esperavam de volta. Eles me disseram que me amavam, e eu disse o mesmo.
Eu me despedi da minha mãe com um abraço e um beijo. Ela estava nervosa e ansiosa, mas também orgulhosa de mim. Ela me disse que tinha confiança em mim, que rezava por mim, que me apoiava. Ela me disse que me amava, e eu disse o mesmo.
Ela me levou até o ponto de ônibus e me ajudou a carregar as minhas malas. Ela me deu um bilhete com o endereço e o telefone do meu avô na Turquia. Ela me deu um colar com um pingente de lua crescente, que era do meu pai. Ela me deu um abraço apertado e disse:
Ayla… cuidado com você.
Pode deixar, mãe.
Ayla… não se esqueça de mim.
Nunca, mãe.
Ayla… seja feliz.
Vou tentar, mãe.
O ônibus chegou e eu entrei. Eu coloquei as minhas malas no bagageiro e procurei um lugar para sentar. Eu olhei pela janela e vi a minha mãe acenando para mim. Eu acenei de volta e sorri. Ela sorriu também e soprou um beijo para mim. Eu peguei o beijo no ar e guardei no coração.
O ônibus partiu e eu fiquei olhando para ela até ela sumir da minha vista. Eu senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto e limpei com a mão. Eu respirei fundo e tentei me acalmar.
Eu estava indo para a Turquia.
Eu estava indo conhecer o meu avô.
Eu estava indo mudar a minha vida.
Eu não sabia se era para melhor ou para pior.
Eu só sabia que era para sempre.
O ônibus levou cerca de duas horas até chegar ao aeroporto. Eu desci e peguei as minhas malas. Eu entrei no saguão e procurei pelo balcão da companhia aérea que o meu avô tinha mencionado na mensagem. Eu achei e fui até lá. Eu mostrei o meu passaporte e o meu bilhete eletrônico para a atendente. Ela conferiu os dados e disse:
Boa tarde, senhorita Monkut. Você vai para Istambul?
Sim, vou.
Você tem alguma bagagem para despachar?
Sim, tenho essa mala aqui.
Ok, coloque na balança, por favor.
Eu coloquei a mala na balança e ela pesou.
Está dentro do limite permitido. Você pode levar essa mochila como bagagem de mão.
Está bem.
Ela colocou uma etiqueta na mala e a colocou na esteira. Ela imprimiu um cartão de embarque e me entregou.
Aqui está o seu cartão de embarque. O seu voo é o TK 195, com saída às 16:00 horas do portão 12. Você deve estar lá com pelo menos 30 minutos de antecedência.
Está bem. Obrigada.
De nada. Tenha uma boa viagem.
Eu peguei o meu cartão de embarque e a minha mochila e fui em direção ao portão 12. Eu passei pelo controle de segurança e pela imigração, sem problemas. Eu cheguei ao portão 12 e vi que ainda faltava uma hora para o embarque. Eu procurei um lugar para sentar e me acomodei em uma poltrona. Eu coloquei a minha mochila no colo e olhei em volta.
Eu vi pessoas de todas as cores, formas e tamanhos. Eu vi pessoas falando idiomas diferentes, vestindo roupas diferentes, carregando malas diferentes. Eu vi pessoas rindo, chorando, conversando, dormindo. Eu vi pessoas indo e vindo, sem parar.
Eu me senti pequena e perdida.
Eu me senti sozinha e assustada.
Eu me senti estranha e diferente.
Eu peguei o meu celular e liguei para a minha mãe. Ela atendeu na primeira chamada.
Ayla? É você?
Sim, mãe. Sou eu.
Onde você está?
No aeroporto.
Já embarcou?
Ainda não. Falta uma hora.
E como você está?
Estou bem.
Está bem mesmo?
Estou… nervosa.
É normal, filha. É normal.
Mãe… eu estou com medo.
Medo de quê?
De tudo. De viajar de avião, de ir para um país desconhecido, de conhecer o meu avô, de mudar a minha vida.
Ayla… não tenha medo. Você é forte, você é corajosa, você é capaz. Você vai conseguir.
Será?
Claro que sim. Eu acredito em você.
Obrigada, mãe.
Ayla… eu estou com saudade.
Eu também, mãe.
Ayla… eu te amo.
Eu também te amo, mãe.
Nós ficamos em silêncio por alguns segundos, ouvindo a respiração uma da outra. Depois, ela disse:
Ayla… cuidado com você.
Eu sorri e disse:
Pode deixar, mãe.
Ela sorriu também e disse:
Ayla… não se esqueça de mim.
Eu disse:
Nunca, mãe.
Ela disse:
Ayla… seja feliz.
Eu disse:
Vou tentar, mãe.
Ela disse:
Tchau, Ayla.
Eu disse:
Tchau, mãe.
E desliguei o celular.
Eu guardei o celular na mochila e olhei para o relógio. Faltavam 30 minutos para o embarque. Eu respirei fundo e tentei me acalmar.
Eu estava indo para a Turquia.
Eu estava indo conhecer o meu avô.
Eu estava indo mudar a minha vida.
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Atualizado até capítulo 22
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