Liz Narrando
O ar ao redor do portal vibrava, como se estivesse vivo. Eu sentia uma energia pulsante emanando daquela escuridão, algo frio e ao mesmo tempo irresistível. Minha mãe se colocou na minha frente, segurando o punhal com firmeza.
Miranda – Liz, fique atrás de mim. Isso não é algo comum.
Mas eu não conseguia desviar o olhar daqueles olhos brilhantes do outro lado do portal. Eles pareciam me chamar, como se estivessem esperando por mim. Minha respiração ficou pesada, e um arrepio percorreu minha espinha.
Então, uma voz surgiu da escuridão.
??? – Liz... Finalmente nos encontramos.
Meu coração quase parou. A voz era profunda, com um eco distorcido, como se várias pessoas falassem ao mesmo tempo. Minha mãe apertou minha mão.
Miranda – Você não tem permissão para cruzar este mundo.
Uma risada baixa e sinistra veio do portal.
??? – Eu não preciso de permissão. Ela já começou a despertar.
De repente, o círculo negro pulsou, e uma rajada de vento saiu dele, fazendo as árvores balançarem violentamente. Minha mãe me puxou para trás, mas eu sentia meus pés grudados no chão, incapazes de se mover.
Meu peito começou a queimar, como se algo dentro de mim estivesse respondendo ao chamado do portal.
Liz – Mãe... Eu sinto... algo.
Os olhos no portal brilharam mais forte, e uma figura começou a emergir da escuridão. A silhueta era alta e envolta em um manto negro, mas o que mais me assustava era a aura ao redor dela – uma energia intensa e sufocante, como se puxasse tudo ao redor para dentro de sua escuridão.
Minha mãe se colocou na frente de novo, erguendo o punhal.
Miranda – Liz, corra! Vá para dentro!
Mas eu não conseguia me mover. Era como se algo me prendesse ali, como se minha própria alma estivesse conectada àquela presença. A figura levantou a mão, e um redemoinho de sombras começou a se formar ao seu redor.
??? – Está na hora de você lembrar quem realmente é, Liz.
Minha visão ficou turva. As palavras dele despertaram algo dentro de mim – uma lembrança distante, um eco de algo que eu não entendia.
Então, tudo ficou escuro.
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Minha mente flutuava em um vazio profundo. Eu podia ouvir ecos de vozes ao longe, sussurros indistintos que pareciam vir de todos os lados. Então, imagens começaram a piscar diante de mim – memórias que eu não reconhecia.
Eu me via em um lugar escuro, cercada por tochas acesas. Havia símbolos estranhos gravados no chão, e uma figura alta com os mesmos olhos brilhantes do portal estava diante de mim.
??? – Você tem um papel a cumprir.
De repente, senti um choque em meu corpo, como se algo dentro de mim estivesse tentando acordar. Meus olhos se abriram bruscamente, e me vi de volta na floresta, deitada no chão. Minha mãe estava ao meu lado, segurando minha mão com força.
Miranda – Liz! Você está bem?!
Minha respiração estava acelerada, e meu coração batia forte no peito. Eu me sentei lentamente, sentindo meu corpo pesado e tonto. O portal ainda estava lá, mas a figura havia desaparecido. Apenas os olhos brilhantes continuavam visíveis na escuridão.
Liz – O que aconteceu...? Eu vi... algo... memórias... mas não eram minhas.
Minha mãe me ajudou a ficar de pé e olhou para o portal com preocupação.
Miranda – Ele tentou puxá-la para dentro. Mas você resistiu. Isso significa que ainda há tempo.
Eu franzi a testa, tentando entender.
Liz – Tempo para quê?
Ela me olhou nos olhos, seu rosto sério e determinado.
Miranda – Para você fazer a escolha certa. E para descobrir a verdade sobre quem você realmente é.
O portal começou a encolher, sua energia diminuindo até desaparecer completamente. O silêncio tomou conta da floresta, mas dentro de mim, algo havia mudado. Eu sabia que aquela não seria a última vez que veria aqueles olhos.
E sabia que, da próxima vez, não poderia fugir.
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Atualizado até capítulo 52
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