Liz Narrando
Eu fiquei ali parada, olhando para o nada, tentando processar o que havia acontecido. Meu corpo tremia levemente, e minha respiração estava acelerada. A figura encapuzada havia desaparecido, mas a energia que ele deixou para trás ainda pairava no ar como um sussurro de algo maior, algo que eu não conseguia compreender.
Subi as escadas devagar, cada degrau rangendo sob meus pés descalços. Meu quarto parecia diferente, como se não fosse mais o mesmo lugar seguro que eu conhecia. Me joguei na cama, mas o sono não veio. As palavras daquele estranho ecoavam em minha mente.
"A magia é uma escolha, não um destino."
O que ele queria dizer com isso? Minha mãe havia me contado sobre o Dom da Serpente, sobre como eu teria que escolher entre ele e a magia negra. Mas eu não sabia como fazer essa escolha, nem mesmo entendia completamente o que cada caminho significava.
O tempo passou sem que eu percebesse, e antes que eu notasse, a luz da manhã já se infiltrava pela minha janela. Me levantei, ainda exausta, e fui até o banheiro para lavar o rosto. A água fria ajudou a clarear meus pensamentos, mas a inquietação não desapareceu. Eu precisava de respostas.
Desci para a cozinha e encontrei minha mãe preparando o café. O cheiro de pão torrado e café recém-passado preencheu o ar, trazendo um pouco de normalidade para a minha mente turbulenta.
Miranda – Dormiu bem, filha?
Eu hesitei antes de responder. Não queria preocupá-la, mas também sabia que precisava de respostas.
Liz – Mais ou menos... Mãe, preciso te perguntar uma coisa.
Ela parou o que estava fazendo e se virou para mim, seu olhar suave, mas atento.
Liz – Ontem à noite... Alguém veio aqui. Um homem de capuz. Ele falava sobre o meu destino e a minha magia como se me conhecesse.
O rosto da minha mãe empalideceu ligeiramente, mas ela rapidamente retomou a compostura.
Miranda – Como ele era? Ele disse o nome dele?
Liz – Não. Mas parecia que sabia tudo sobre mim. Ele disse que eu sou a resposta que ainda não procurei... Que sou o reflexo do que me tornarei.
Minha mãe suspirou e sentou-se à mesa, parecendo escolher bem as palavras antes de falar.
Miranda – Liz, eu não queria que fosse tão cedo, mas acho que chegou a hora de você saber a verdade. Existe uma ordem antiga, conhecida como "Os Guardiões das Sombras". Eles vigiam aqueles que possuem dons raros, como o seu. Eles acreditam que você é a chave para algo maior, algo que pode mudar o equilíbrio da magia.
Meu coração disparou. Eu? Uma chave para algo maior?
Liz – Mas... O que isso significa? Eu nem sei como usar meu dom direito.
Minha mãe pegou minha mão e a apertou levemente.
Miranda – Você vai aprender. E, mais importante, você vai precisar decidir que caminho seguir. Mas, seja qual for sua escolha, saiba que você não está sozinha.
Antes que eu pudesse responder, ouvimos um barulho do lado de fora da casa. Algo se movia entre as árvores. Minha mãe se levantou rápida, pegando um pequeno punhal que estava guardado na gaveta.
Miranda – Fique aqui. Eu vou ver o que é.
Mas eu não conseguia ficar parada. Algo dentro de mim dizia que isso estava conectado ao estranho da noite passada. Eu precisava ver com meus próprios olhos. Me levantei e segui minha mãe até a porta.
Quando abrimos, a cena diante de nós me fez prender a respiração. No meio da clareira, um círculo negro de energia pulsava no ar, como se fosse um portal prestes a se abrir. Do outro lado, sombras se contorciam, e um par de olhos brilhantes me encarava.
Aquela presença... Eu sentia que ela estava me chamando.
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Atualizado até capítulo 52
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