Capítulo 5. O Contrato.

Deitado em minha cama, uma beliche, em cima pois embaixo dorme meu irmão Fred, pego o contrato para ler.:

Contrato de aluguel de serviços temporários

contratante: Paula Aparecida Souza

contratado: Renato Marcelo dos Santos.

O contratado deverá prestar serviços temporários a contratante por no máximo seis meses a partir dessa data pelo valor de quinhentos cruzados.

Os serviços contarão com horas do tempo do contratado sempre que a contratante solicitar sem exceder duas horas diárias e não deverá prejudicar o contratado em seu estudo ou outros afazeres relacionados ao trabalho do mesmo.

A contratante e o contratado não terão nenhum vínculo após término do mesmo.

É de suma importância o sigilo por parte do contratado sobre os serviços prestados a contratante. Caso o contratado quebre o citado deverá devolver o dinheiro recebido.

20 de junho de 1993

ass.: contratado:

ass.: contratante:

Que coisa mais formal, mais está certo. É um trabalho, fui contratado e farei o que for necessário. Pensando bem será um ''trabalho'' fácil, duas horas por dia não é nada, ela é agradável de se conversar, bonita e acho que será divertido conhecer a família e os amigos dela. Se é isso que ela quer cumprirei o contrato numa boa.

Procurei um lugar seguro para guardar o contrato e sábado farei jus aos quinhentos cruzados que recebi.

Vou dar um trato em minha moto, vou deixar ela perfeita, trocar algumas peças e deixar ela do meu jeito.

- Renato, preciso que fique na mercearia sábado, terei um encontro na vila vicentina e seus irmãos não podem. - Meu pai me chama na garagem.

- Pai, só posso na parte da manhã. A tarde tenho um serviço pra fazer. - Respondo.

- Está bem, trabalhe até o meio dia feche a mercearia e depois pode fazer o que quiser.

- Certo pai, só até meio-dia. -Respondo e continuo a trabalhar na moto. Limpo, lustro, troco óleo, a moto está com pneus novos então não preciso me preocupar com eles, está com o tanque cheio. Saindo da mercearia vou direto pra casa de Paula- penso comigo- no sábado não tem muito movimento, sairei até antes.

Pra meu azar parece que toda cidade resolveu fazer compras no sábado. Trabalhei o dia todo sem parar, quando são onze e meia entram umas seis pessoas e parecem que vão comprar muita coisa. Não posso pedir pra saírem, meu pai me mataria, meus irmãos não chegaram, ainda não almocei, tento ajudar o máximo que posso para adiantarem as compras, mais já era meio dia e ainda não davam sinal de que iriam embora.

Comecei a ficar nervoso. Não quero logo no primeiro dia já deixar Paula esperando. Não sei o que fazer. Eles fazem as compras e era uma da tarde quando saem. Fecho rapidamente a mercearia e pego a moto e adivinhem, o pneu estava murcho. Mais como, são novos?? Estou mesmo com azar, até eu arrumar vai mais uma hora no mínimo.

Não sei de ninguém que poderia me emprestar uma e quem é que empresta uma moto??

Me apresso a arrumar o pneu, mais além de levar mais de uma hora estou todo sujo. Troco rápido somente a camiseta e vou a toda velocidade para casa da professorinha.

Chego com mais de duas horas de atraso. Nervoso, bato na porta, uma senhora simpática sai e me pergunta:

- Boa tarde!! O que o senhor quer??

- Boa tarde, eu estou procurando a Paula, fiquei de vir mais cedo, mais o pneu da minha moto furou e até eu consertar me atrasei.

- Você é o Renato!! Paula disse que vinha, eu achei que era brincadeira dela. É verdade então....

- Sim, só me atrasei, estou aqui!! E Paula onde está??

- Ela cansou de esperar e saiu irritada, disse que ia dar uma volta para espairecer. Entre Renato, venha vou fazer um café pra nós, daqui a pouco ela volta.

- Um café!! Que delícia, não tive tempo nem de almoçar hoje!! - Reclamo pois meu estômago está até doendo.

- Nossa meu rapaz, não almoçou??? Vou preparar um prato pra você. Sobrou bastante almoço e se você quiser eu esquento pra você.

- Quero sim senhora. Estou morrendo de fome.

Estava comendo, e que delícia de comida, estava mesmo com muita fome, conversando com a mãe de Paula que é muito gentil e já tinha me perguntado de tudo quando Paula chega, os olhos estavam vermelhos, ela havia chorado. Quando ela entra sua mãe vai toda contente até ela:

- Olha filha, quem está aqui!!?? Ele veio, você disse e eu não acreditei, ele veio, demorou porque o pneu furou....

Renato! - Ela diz surpresa.- Você veio....

- Oi linda! - me levanto e dou um beijo em sua testa- como expliquei pra sua mãe o pneu da moto furou. - Ela me olha com curiosidade - me desculpa te fazer esperar linda.....

A mãe dela dá um sorriso de orelha a orelha:

- Como ele é gentil, não vai brigar com ele não hem Paula, ele não tem culpa do atraso. - repreende Paula que sorri de volta a sua mãe.

- Está bem mãe. Não vou brigar....

- Tenha paciência com ela Renato, Paula é difícil mais é uma ótima pessoa.... fala a mãe dela segurando minha mão.

- Eu sei. Eu sei que ela é ótima......- Dou um sorriso maroto pra Paula que disfarça

- Vamos dar uma volta Renato, vou te mostrar o local. - Paula pega em meu braço e me puxa para fora.

- Obrigado pelo almoço delicioso!! - digo a mãe dela enquanto saímos.

- Foi Paula que fez!!- Diz sua mãe, me dando tchau.

Quando estamos afastados da casa e não dá pra sua mãe ouvir Paula fala:

- Pensei que não viria, que tinha desistido. O que tanto falou com minha mãe?

- Sua mãe é muito simpática, perguntou se era verdade que estamos namorando, se não era invenção sua, se eu trabalho, o que faço....

- E o que disse a ela ??

- Que é verdade que namoramos que trabalho com meu pai em uma mercearia, que estudo e faço alguns bicos...

- Nós não tínhamos combinado o que dizer sobre isso, então preciso saber.

- Eu li o contrato e fiquei preocupado em não conseguir chegar na hora que pediu. Mais saiba que não quebro minhas promessas.- falo dando um sorriso.

- Você veio e isso é o que importa. Minha mãe ficou feliz e depois vamos dar uma volta pela praça do bairro para que nós vejam e comecem os comentários.....

- Que tal irmos de moto?? O barulho da moto fará com que olhem mais rápido..

- Está bem. Vamos !!?

Paula sobe na moto e segura firme em minha cintura, acelero fazendo barulho e vamos até a pracinha. Ela tinha razão muitos rostos nos olhando de canto.

Quando desço da moto pego em sua mão e vamos nos sentar em um banco, sento bem junto a ela.

Farei o meu melhor para compensar os quinhentos cruzados e não quebrar o contrato.....

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