Capítulo 4. Fui alugado!

Quando a professorinha me diz que tem um trabalho pra mim, jamais passaria pela minha cabeça que ela quer me alugar. Sim, alugar, como um apartamento, uma casa, sei lá..... alugar como namorado!! Essa é nova!! Se bem que ela é até bonitinha, não será muito esforço fingir que a namoro, e se ela quiser algo mais, por quinhentos cruzados faço qualquer coisa. Terei minha moto, meu passaporte pra liberdade, conhecer o mundo...

O lugar que ela mora não é tão longe, de moto em dez minutos estarei lá. Serão os quinhentos cruzados mais fáceis que ganharei.

Vou atrás de Lúcio para garantir que ele não passe a moto para ninguém. Peço pra ele levar a moto com os documentos pra mim. Espero que a professorinha cumpra o que falou e leve o dinheiro.

Ela não estava brincando, ou estava?? Agora me deu uma dúvida. Espero que seja sério.

- Olá Renato e aí, conseguiu a grana?? - fala Lúcio me cumprimentando.

- Oi Lúcio!! Tenho a metade aqui e uma amiga vai me trazer a outra parte!! - Digo admirando a moto.

- Uma amiga hem!! O que fez pra ela emprestar a grana?? Seu espertinho!!

- Ainda não fiz nada. Mais ela me chamou para fazer um trabalho pra ela e pagará adiantado.

- Um trabalho!! Que trabalho paga bem assim hem?? Me arruma um.rrsrsrsrs e ainda paga adiantado rsrsrs!?

Lembrei da proposta de Paula, não posso dizer nada a ninguém. De uma certa maneira Estou me vendendo, mais não tem outro jeito de conseguir minha moto.

- Oi!! - Ouço uma voz delicada e doce atrás de mim- Preciso falar com você um minuto Renato!?!

- O que foi?? Não desistiu não né?!? Olha ele trouxe a moto!!?- falo apontando a moto, meu sonho de consumo.

- Não, não desisti!! É que eu fiz tipo um contrato de aluguel. E gostaria que lesse e assinasse.

- Não confia em mim não !? - perguntei indignado -Tudo bem, assino sim. Preciso ler?? Não vou ler não, uma professorinha não vai querer me prejudicar não é mesmo ?!? - falo sorrindo maroto pra ela.

- Não. Não te prejudicaria, pelo contrário, é pela segurança dos dois que fiz o contrato.

Assinei, ela me deu uma cópia, depois eu leio.

Me passou o dinheiro e eu o passei a Lúcio.

Montei na moto e só esse gesto já me fez sentir livre. O som do motor é música para meus ouvidos. Lúcio foi embora contente com sua grana, eu contente com a moto, agora só falta eu deixar a professorinha contente.

- Estamos combinado então de você ir sábado pra minha casa?? - Ela fala me olhando enquanto eu funciono a moto.

- Sábado?! Depois de amanhã né?! Vou sim.

Ela vai saindo quando lembrei de perguntar.

- E agora pra onde vai?? - Pergunto chegando perto com a moto.

- Vou pegar o ônibus pra casa!!- Responde.

- Mais não tem ônibus até lá!! Tem?!?

- Não!! Mais é perto pra ir andando, é o caminho que faço diariamente até a escolinha.

- Monta aqui que te levo!! - falo batendo a mão na garupa da moto.

- Acho melhor não!! - Paula responde sem jeito.

- Tem medo professorinha?!?! - Brinco.

Ela me olha com olhar de quem não tem medo de nada, sobe na moto, segura em minha cintura e eu saio em disparada pelas ruas.

Dou uns gritos de alegria, sentindo o vento nos cabelos, a liberdade. Paula se agarra em mim, parece gostar também de sentir o vento, seus cabelos esvoaçantes, ora vinham em meu rosto, um perfume maravilhoso, uma maciez.... Seus braços em minha cintura me despertou algo diferente.

Paro a moto no alto de um morro onde a vista é deslumbrante e fica melhor ainda com o rosto da professorinha admirando a paisagem.

- Eu amo esse lugar, essa vista e a paz que transmite!! - Ela diz com um sorriso lindo. Fico admirando seu rosto e vejo uma pintinha preta acima de um dos olhos e uma perto de seus lábios. Que só agora notei que são carnudos e bem vermelhos.

Ela nota que a estou olhando e fica tímida, fecha o sorriso e diz:

- Precisamos combinar como será nosso encontro. O que vamos dizer quando nos fazerem perguntas.

- Perguntas?? Que perguntas?? - Saio de meus pensamentos sobre ela.

- Como nos conhecemos? Onde? Porque começamos a namorar..... entre outras perguntas.

- Por falar em perguntas Posso te fazer uma ?? ...... Porque está fazendo isso???

- Você vai entender quando conhecer minha família e meus amigos. Quero que me deixem em paz. - A professorinha diz olhando ao longe.

- Está bem, como nos conhecemos?? Não vai dizer que eu era seu aluno? - Indago

- Nem pense nisso. Jamais poderão saber disso. Diga que nós nos conhecemos.... bem, deixa eu pensar ...... na rua, que quase me atropelou, eu sou distraída e acreditarão.

- Está bem, ai te ajudei e começamos a conversar, gostei de você e te pedi em namoro....

- Isso. Outra coisa, precisa dizer que é mais velho. Deixa a barba sem fazer que não notaram que tem só dezoito anos.

- Só dezoito !! E você quantos anos tem??- Ela me olha desconfiada- Para saber que idade falarei que tenho.

- Tenho 23. Farei 24 em agosto - me responde sem ânimo.

- Tá então direi que tenho 24. Fiz em março. Quem você quer que eu conheça?

- Todos do bairro. Haverá uma quermesse mês que vem e será o dia perfeito pra te verem.

- E como você acha que terminará isso?

- Bem, você termina comigo, vai embora, digo que você era o amor de minha vida e que não quero mais ninguém. Daí poderei seguir minha vida sozinha sem cobranças.

- Você nunca teve namorado? Nunca se apaixonou?

- Não e sim. Nunca tive namorado. Me apaixonei quando tinha uns treze anos mais não durou, acabou assim que vi ele beijando minha irmã. Depois nunca mais me apaixonei.

- Tá. Mais pra mim entender, você não quer um namorado?! Só que pensem que tem um. Por acaso não gosta de homem??

- Não acredito!! É justamente por isso. Por pensamentos como esse seu que estou te alugando. Eu só não quero ninguém, quero levar minha vida sozinha. Não preciso de ninguém. - Paula diz ríspida se levantando e indo embora a pé.

- Me desculpe, não precisa ficar assim. Vamos, vou te levar para casa. Farei como você quiser.

Montamos na moto e continuamos o caminho até sua casa, ela foi em silêncio até nós aproximarmos, ela me pediu pra parar não muito perto, me mostrou sua casa. Uma casa bonita, não muito grande mais bem feita com um belo jardim com rosas de todas as cores e tipos. Bem cuidadas. Seu semblante continuou sério, desceu da moto e pediu:

- Leia o contrato por favor e te espero sábado depois do meio dia.

- Até sábado então, professorinha!! - Brinco tentando descontrair.

Volto para casa, meu pai me pergunta onde consegui o dinheiro para comprar a moto eu disse que consegui fazendo meus bicos. Ele não gostou muito da idéia, mais não pode fazer nada.

Vou para o quarto e pego o contrato para ler.....

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