Na confraternização da igreja, todos do bairro presentes, fui responsável pela decoração. Minha tia Mariana logo começa:
- Paula, querida, ainda sozinha!! Quantos anos tem mesmo?? 23 não é?? Na sua idade sua mãe é eu já éramos mães de umas três crianças.
- Tia, hoje às coisas são diferentes....
- Não são não, querida, todas suas primas estão casadas ou comprometidas, uma mulher não pode ficar sozinha......quem cuidará de você no futuro....
- Tia, não preciso que cuidem de mim....
Saio dali chateada. Ouço tanto isso que não estou mais com, me desculpem a palavra ''saco'' para ouvir repreensões e conselhos de como conseguir alguém , ou como preciso de um homem, ou como minhas amigas, primas e primos já estão comprometidos e já estão ''encaminhados'' como algumas dizem. Até minha amiga Ana, ficou noiva, de meu primo Silvano. Sei que ela não está apaixonada por ele, mais já teve vários namorados que não deram certo e ela quer se casar.
Me lembro do rapaz falando que precisa de dinheiro, uma idéia não me sai da cabeça. Darei mais uma aula apenas, para turma dele, será que terei coragem de falar com ele?? Depois da minha aula será o intervalo, criarei coragem e lhe farei a proposta.
Entrego um bilhete a ele pedindo para me encontrar no intervalo, que tinha uma proposta de trabalho pra ele. Estou sentada no banco do pátio, ainda meio indecisa se faço ou não a proposta, me lembro do que minha mãe me disse mais cedo:
- Filha, você já está com 23 anos, trabalha de mais, arrume um marido que não precisará trabalhar tanto e terá alguém pra cuidar de você.
- Mãe, meu pai cuida da senhora??- pergunto chateada
Minha mãe ficou triste, olhou para o chão e disse:
- Filha, eu só quero o seu bem, suas irmãs já deram um rumo na vida, a maioria das suas amigas também, você só sabe trabalhar, depois será tarde...
Então resolvi continuar com o que planejei, por minha mãe, por mim, para me esquecerem, o que será difícil num lugar como esse, só o foco da fofoca será outro, mais será por pouco tempo.
Renato chega perto, observo que ele aparenta ter mais idade do que tem, mais ainda tem cara de novo. Mais agora não dá tempo de eu procurar outro que tope e ele precisa de dinheiro.
- Oi!! Paula! Professora! Senhorita ou senhora?? Não nos disse se é casada ou não? Não vi aliança. -fala Renato.
- Oi. Não sou casada e não precisa me chamar de senhorita. Só Paula.
- Então Paula? Você disse que tem um trabalho pra mim?? De que seria?
- Bem, Renato, não é bem um trabalho, é tipo um aluguel.
- Aluguel ?? Não tenho nada pra alugar!!
- Renato, você me desculpa mais ouvi uma conversa sua e você dizia estar precisando de dinheiro.
- Sim, quero comprar uma moto. - diz ele colocando as mãos nos bolsos.
- E de quanto seria esse montante, de quanto precisa para comprar essa moto?
- Bem, preciso de quinhentos cruzados, a moto é mil, tenho a metade.- Renato fala meio encabulado.
- Então, te darei os quinhentos que faltam, em troca de te alugar.
- Me alugar?? Como assim?? Não entendi?? - Olha pra mim com espanto.
- Você quer esse dinheiro, eu tenho. Eu preciso de alguém que passe por meu namorado.
- O que ?? Mais porque não arruma um namorado, um de verdade?
- Eu não quero um de verdade, que fique pegando no meu pé. Eu quero alugar um para que seja nos meus termos.
-E você escolheu a mim?? Porque?? Seus termos?
- Eu ouvi que precisa de dinheiro, você parece mais velho do que realmente é, e se comprar a moto facilitaria meu plano.
- E se eu aceitar, o que precisarei fazer?
- Primeiro, ir até onde moro no final de semana e dar uma volta comigo pelo local, conhecer meus pais.
- Certo!! E você mora onde??
- Então aí é que entraria a moto, moro em Monte Belo, um bairro a dez quilômetros daqui.
- Sei onde fica!! É lá que mora então?? Bairro bonito.
- Já esteve lá?? Quando?? Não me lembro de ter te visto? - Perguntou curiosa.
- Há muito tempo, ainda era adolescente, fui com meu pai buscar feijão para mercearia dele.
- Até melhor você saber onde moro. Então, se você aceitar, será um aluguel provisório, até eu achar que deu.
- Só que daqui seis meses vou para o batalhão, então irei embora e não pretendo voltar- Renato explica.
- Acho que seis meses serão o suficiente. Talvez até bem menos. O que você acha?? Se concordar amanhã mesmo te darei os quinhentos cruzados para comprar a moto.
- Não vou te pedir pra pensar, aceito!! O dono da moto me deu só esses dias para arrumar o dinheiro e não quero perder a oportunidade.
- Combinado então?? Amanhã que horas e onde podemos nos encontrar??
- Você pode me encontrar às onze horas em frente a matriz. Combino com meu amigo de levar a moto.
- Combinado!! Um aluguel provisório!!
Renato volta para sala de aula, aperta minha mão antes, tem um aperto de mão firme, seguro, será convincente. Não darei mais aula pra ele, o que será bom, ninguém precisa saber que fui professora dele, nem que por poucos dias ,ninguém saberá de onde o conheço, posso inventar uma história bem romântica para todos.
Não sei se fiz o certo, mais agora está feito. Gastarei quase metade de minhas economias mais ficarei livre para seguir minha vida sozinha depois que tudo for feito. E minha família e amigos parem de querer que eu arrume um marido e me deixem em paz.
Vou pra casa de uma prima de minha mãe, onde fiquei para trabalhar aqui durante a noite. Amanhã vou ao banco, retiro o dinheiro e Combino com Renato os primeiros passos. Preciso me lembrar de pedir pra ele dizer que é mais velho, uns vinte e poucos, se ele deixar a barba sem fazer parecerá mais velho. Já parece ter mais de dezoito.Seu físico é de homem, não de um garoto. É forte, alto e muito bonito até. Como sou pequena e magra não parecerá que ele não é muito mais novo que eu.
Só que preciso de uma garantia que ele vai cumprir com o combinado então vou elaborar um contrato de aluguel provisório e pedir que ele assine. Acho que ele não vai querer passar a perna em mim não, mais não vou arriscar...
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Vanessa Costa
melhor não arriscar mesmo
2023-06-07
7
Geli Oliveira
Menina custosa
2023-02-10
1
Suel moraes
com certeza
2023-01-10
1