CAPÍTULO II

Fazem sete anos que saí do Brasil e no primeiro momento em que piso no aeroporto de Vacaria todas as lembranças vem como enxurrada e começo a reviver a maior tragédia da minha vida, trabalhei muito minhas emoções para poder voltar ao Brasil também me afundei no trabalho e aprendi tudo o que podia sobre culinária na França, mas eu sabia que em algum momento teria que voltar e enfrentar meu demônios.

Por sugestão do meu terapeuta voltei para uma cidade que tivesse as mesmas características da cidade onde aconteceu a morte de meu filho já que ir para Barretos ainda não estou preparado, então decidi vir para Vacaria e abrir minha nova franquia de restaurante aqui.

Minha formação é em gastronomia e há sete anos eu tinha um restaurante muito bem frequentado e mesmo com apenas dois anos inaugurado já possuía duas estrelas Michelin, mas para conquistar essas estrelas sacrifiquei meu casamento negligenciando minha função de marido e pai.

No dia em que meu pequeno morreu eu estava extremamente atarefado por causa da Festa de Peão de Barretos, o restaurante estava lotado e minha cozinha produzindo a todo vapor, era meu final de semana de estar com Mário e pretendia ficar com ele assim que o restaurante fechasse, mas ele estava impaciente queria ir no Parque do Rodeio ver os animais e Sandra, a senhora que me auxiliava cuidando dele no meu horário de trabalho, o levou porque ele não parava de chorar e fazer pirraça, mas ele fugiu dela, entrou na arena e foi pisoteado por um touro.

Nunca me perdoei por ter permitido Sônia levar Mário, EU deveria ter levado, EU deveria estar com ele, era EU que deveria estar lá. Nunca culpei Sônia apesar da pobre senhora atribuir a si toda a responsabilidade do ocorrido, mas sei que essa era minha obrigação e deixei o trabalho usurpar de mim o meu motivo de viver, porque na minha cabeça oferecer conforto para minha família era o que os fariam felizes.

Primeiro foi Sandra que me deixou e foi viver feliz com Jonas “um rapaz simples, mas que lhe dava a atenção que ela precisava” essas foram as palavras que ela me disse no dia que me deixou para viver com ele e depois Mário me deixou para sempre, o meu pequeno bebê que mal curti os sete anos que ele esteve comigo.

Depois dessa imensa desgraça vendi meu restaurante, Sandra se recusou a receber um real do que ela tinha direito dos nossos bens, pois para ela esse dinheiro só trouxe tristeza e queria distância de qualquer coisa que lembrasse o que levou nosso bem mais precioso.

Então eu estava imensamente rico e só com minha dor, decidi fazer a única coisa que sei… trabalhar mais… Fui morar em Paris e em dois anos já tinha inaugurado três restaurantes um em Paris, outro em Lille e o terceiro em Lyon, todos são pequenos e aconchegantes são boutiques da alta gastronomia com chefs renomados, cada funcionário dos meus restaurantes foram escolhido por mim após uma exaustiva entrevista e um treinamento ainda mais extenuante, por isso sei que só trabalho com os melhores e agora tenho uma excelente equipe muito bem treinada e um gerente extremamente competente em cada unidade.

Porém nada disso me fez feliz e agora o que quero é curar minhas feridas, mas também preciso ocupar o meu tempo, não consigo ficar ocioso e a ideia é abrir um restaurante ou mais de um aqui no Brasil começando por Vacaria.

Mais populares

Comments

Fatima Maria

Fatima Maria

EITA QUE O CORAÇÃO ♥ ESTÁ DESTROÇADO E O TEMPO É QUE CURA

2025-01-28

0

Roquecy Santos

Roquecy Santos

Sonia é a senhora que levou o menino ao parque.
E Sandra é a mãe da criança.

2024-08-29

0

Ingrid Marliese Tiepner

Ingrid Marliese Tiepner

Quem é Sônia não é Sandra o nome da Senhora que levou o menino...????

2024-02-21

3

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!