Completamente ciente do que tenho que fazer

...ΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩ...

Acordo com um clarão no quarto.

Abro meus olhos de repente e é meu pai abrindo as cortinas. Ele anda até ficar de frente pra cama.

- Boa tarde, Álister.

Dou uma olhada no relógio de cabeceira e vejo que já são quase três horas.

- Boa tarde pai.

Ele coloca as mãos dos bolsos e me encara por uns instantes, depois diz:

- Minha querida, será que você se incomoda de nos dar licença?

Está falando com Cindi. É, eu peguei o telefone dela depois de Ibiza, ela é maravilhosa. Me viro pra ela.

- Me espera lá fora na piscina, acho que seu biquíni ficou lá. Assim que eu acabar aqui, levo alguma coisa pra gente comer junto.

Ela abre um sorriso pra mim e sai enrolada em um lençol.

Me sento na cama e dou uma espreguiçada.

- Pode falar.

- Você foi discreto com essa moça? Estamos em uma quarta feira Álister, significa que bebeu todas em plena terça. Isso chama a atenção.

Reviro meus olhos enquanto tampo a minha boca.

- Fui sim pai, o pessoal veio pra cá ontem. Não se preocupa que eu não vou arranhar a imagem da empresa e nem vou fazer Lilibeth sair de corna nessa história. Minha credibilidade também está em jogo.

Meu pai anda até a beirada da cama e se senta.

- Me desculpa meu filho, se eu pudesse fazer diferente eu faria.

Dou um sorriso de canto pra ele.

- O senhor podia ter feito sim, pai. Há dezoito anos atrás. Poderia ter proposto cuidar dela como minha irmã, sei lá, ter pensado em algo melhor antes de firmar um acordo. Agora já é tarde, não tem mais volta.

Me levanto e procuro uma sunga no closet, quando volto pro quarto ele está de cabeça baixa.

- O senhor não veio aqui só pra falar da minha vida social e s*x*al. Pode falar o que quer, sabe que não vou dizer não, que não tenho como lutar contra esse bendito acordo.

Ele olha pra mim.

- Vim pra te explicar como você vai proceder nesse um ano. Tudo que eu te disser está firmado no acordo, então você já sabe que tem que seguir à risca.

Cruzo os braços enquanto o escuto falando.

- Você vai ensinar ela a lidar com dinheiro e a ser esperta com as pessoas aqui fora. Lili precisa ganhar confiança no mundo, ela tem vinte por cento na empresa, e mais alguns negócios paralelos que gradativamente vai assumir o controle, então tem que estar bem preparada. Não existe ninguém melhor pra fazer isso do que você. Outro ponto importante meu filho: ela não pode saber de tudo. Vem pra esse casamento sabendo que é apenas um contrato feito há anos atrás entre mim e Klaus, mas é só isso. Ele sabia que ela seria criada de maneira pura e inocente, era o seu desejo que ela fosse poupada dos demais detalhes.

Nesse momento eu só consigo pensar que vão continuar fazendo a garota de idiota, mas talvez seja bom mesmo que não saiba de tudo. É uma loucura a menos na cabeça dela.

- Ok. Mais alguma coisa?

Ele me diz que sim.

- Tem um rapaz aí fora pra você escolher a sua aliança de casamento.

Ah, que ótimo...

Sigo até a sala de estar e abro um sorriso fingido.

Clarence abre a maleta e eu escolho a primeira que vem a frente. Uma de ouro branco.

- Vou levar opções do mesmo metal para sua noiva.

Resmungo um agradecimento fingido e depois me viro para o senhor Greco.

- Algo mais?

- Tem sim, vocês se casam daqui duas semanas. No aniversário de vinte anos dela. Você escolhe o lugar da lua de mel, é só para o pessoal da imprensa não achar estranho vocês não irem pra nenhum lugar.

Abaixo minha cabeça e aperto a ponte do meu nariz. Duas semanas? Eles está de sacanagem comigo, só pode!

Ainda mais nessa data!

- Vou levá-la pra Marrakesh.

Meu pai abre a boca pra protestar, mas eu interrompo.

- Eu preciso estar lá e o senhor sabe. Não vou enfrentar horas de vôo pra ir em algum lugar com ela, depois voltar pra cá e passar mais onze horas enfiado em um avião pra chegar até lá. É só dessa vez, pra economizar tempo.

Ele concorda comigo mas me pede pra tomar cuidado. Reviro meus olhos mais uma vez, enquanto ando até a cozinha e arrumo alguma coisa pra comer.

- Se o senhor não tem mais nada pra falar comigo, por favor, eu tenho uma companhia interessantíssima me esperando na piscina.

O senhor Cesare para do meu lado, encostando na bancada, enquanto eu mexo no fogão arrumando um bacon.

- Sei que você está bravo com a situação, chateado comigo e tudo o mais, mas eu jamais te colocaria em uma coisa que não é possível de ser feita. Você pode muito Álister, e sabe disso. Um casamento de um ano não é a morte, é só um ano em que você vai ter que fazer algo fora da sua rotina. No fim, pode até ser bom.

Não seguro a risada debochada.

Me viro pra olhar bem nos olhos do senhor Greco.

- Bom pra quem? Porque pra mim não está sendo. E olha que eu nem sou o mais prejudicado nessa história, a Maria mi...

Ele me interrompe de um jeito brusco.

- Não fala assim dela! Você e seu irmão arrumaram esse apelido pra menina não sei porquê.

Faço uma careta e refaço meu termo de tratamento.

- A Lilibeth também não deve estar feliz. Nós mal nos conhecemos, não importa o quão bem treinada ela tenha sido naquele lugar, isso não anula o fato dela estar se casando com um completo desconhecido. Essa garota não deve saber nem qual a cor favorita dela, a vida toda é sempre decidida por outro alguém. O senhor vai me desculpar, mas a vida que o pai dela escolheu pra ela, com a sua conivência, não me parece um ato de amor.

Pego a bandeja que eu montei com comida.

- Tchau pai, até depois. De preferência, só no dia do meu casamento.

***********

Já é noite quando quando Gideon chega na minha casa. Cindi foi embora há pouco e eu estou melancólico e pensativo bebendo uma dose de conhaque.

- Como você está?

Levanto os olhos pra ele.

- Como se eu estivesse sendo arrastado pro inferno.

Ele ri alto da minha escolha de palavras.

- Estive com mamãe hoje. Ela está louca com os preparativos, me fez montar um buquê umas cinco vezes, até que ficasse bom aos olhos dela. Sua noiva tem preferência por lírios brancos e rosas amarelas.

Gideon está escondendo o divertimento às minhas custas.

- Você está amando isso, não é?

- Não, eu só estou aliviado por não ser o primogênito e estar livre disso. Vim aqui pra te dar meu apoio, quero que saiba que desenhei a ornamentação desse casamento com a maior má vontade da vida. Nossa mãe me deu uns cinco petelecos na orelha.

Gideon gosta de flores, nossa mãe é uma cerimonialista disputada a tapa pelos importantes e ele cuida da parte de decoração. O trabalho dele já saiu não sei quantas vezes em sites e revistas especializadas. Eu não, eu gosto de tecnologia da comunicação, cuido da empresa que meu pai tem nesse ramo desde que eu tinha vinte e quatro.

- Vamos sair amanhã de novo?

Meu irmão está de pé servindo uma bebida em um copo com gelo.

- Não posso, amanhã eu embarco pra Tijuana. Volto em no máximo três dias, aí nós fazemos alguma coisa. Vamos engatar uma semana louca pra sua despedida de solteiro.

**********

Uma semana depois.

Quando chego no escritório às oito e meia, Jocelyn, a minha secretária, se apressa pra falar comigo.

- Me desculpe senhor Greco, mas ela entrou abruptamente.

Franzo a testa e quando abro a porta, dou de cara com Marcelly sentada no meu sofá e mostrando as pernas de um jeito sugestivo. Ela é filha de uma conhecida da minha família e há um tempo atrás nós tínhamos uma ligação puramente corporal. É cinco anos mais nova que eu, mas é uma mulher e tanto.

- Posso saber qual o motivo da visita?

Ela abre um sorriso enquanto se levanta com a elegância calculada de um felino e vem andando na minha direção.

- Saudade de você Áli, está tão sumido.

Marcelly desliza as mãos pelo meu peito por cima do terno e me dá um selinho.

- Aqui não Marcy, eu te ligo depois. Pode ser?

Ela faz um beicinho pra mim.

- Fiquei sabendo que você vai se casar. É verdade?

Fecho os olhos e confirmo com a cabeça enquanto digo que infelizmente sim.

- É por isso que não me quer?

Pior que é, e não é.

Tenho que manter as aparências aqui também, mas também não estou com bom humor pra essas coisas. Minha semana frenética de despedida foi um fracasso. Não tive ânimo pra nada, essa história está me consumindo.

💭 Ainda tem Marrakesh 💭

Faço um carinho no rosto dela. Marcy é uma garota bonita, não se parece em nada com a mãe, puxou aos traços europeus do pai. Loirissima, de olhos azuis expressivos.

- Não é que eu não te queira, só estou muito ocupado hoje. Prometo que te ligo quando eu sair daqui. Te busco onde estiver.

Ela concorda comigo e me dá mais um selinho antes de sair.

***********

Sinto as cobertas sendo puxadas de uma vez.

- Bora, bora! Eu vou te levar!

Olho pra Gideon super animado. O infeliz está adorando me ver preso nisso.

- Procurei no seu closet e não vi nada em uma capa especial, não mandou fazer um terno novo?

Me sento na cama esfregando meus olhos.

Por que diabos marcaram essa merda pra de manhã?

- Eu não, vou casar com qualquer um que estiver aí. Já estão no lucro, só por eu aparecer.

Mentira, eu iria de qualquer jeito, as consequências se esse acordo fosse quebrado seriam terríveis. Não gosto nem de pensar nisso.

Me levanto da cama e ando até o banheiro.

- E aí, como estão as coisas com a lembrancinha que você teve que trazer de Tijuana?

Gideon se contorce revirando os olhos.

- Deixei com nossa mãe. Hoje ela que lute, não estou afim de lidar com trabalho.

- Nosso pai está enlouquecendo Gideon, essa é a única explicação plausível para as coisas que ele tem feito e nos obrigado a fazer.

Meu irmão concorda comigo enquanto eu ligo o chuveiro e me preparo mentalmente pro teatro de hoje.

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Luana Mddm

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