Forçado

...ΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩ...

Tempo presente

De repente a consciência me atinge.

Antes de abrir os olhos, puxo o ar com força e sinto a maresia.

Espera...

Maresia?!

Em Boston?!

Abro o olho direito e não reconheço o quarto. Abro o esquerdo e encaro os janelões exibindo o céu azul. Minha boca está com gosto de guarda chuva, a cabeça pesada, e eu estou sentindo dois corpos em volta de mim.

Olho pra direita e vejo uma b*nd*, linda e redonda, cor de ébano, me dando "bom dia" junto com um par de pernas torneadas. Olho pra esquerda e vejo uma ruiva, que nunca vi na vida, com um belo par de t*tas cirurgicamente modificadas.

💭 Tá legal Álister, você já entendeu que o rolê foi insano, agora precisa descobrir onde está 💭

Levanto com cuidado pra não acordar as duas na cama. Dou um confere na negra e também não reconheço, mas o rosto é tão lindo quanto a b*nd*. Só pra não ficar na curiosidade dou uma olhada na b*nd* da outra também, e bingo! É linda igual ao rosto.

Procuro pelo menos minha cueca no chão e acho só a calça jeans.

💭 Vai ter que ser só ela mesmo💭

Preciso achar Gideon, aonde quer que eu esteja sei que aquele miserável também está.

Olho a paisagem e o lugar é maravilhoso. Um mar azul cristalino se estende a perder de vista.

Bato a mão no bolso frontal da calça e acho meu celular.

Duas e quarenta e quatro da tarde.

O problema é que o telefone sinaliza fuso horário europeu.

Ando até o telefone fixo e vejo um panfleto.

"HARD ROCK HOTEL IBIZA"

P*ta que pariu! Como que eu vim parar em Ibiza?!

Dou uma risada baixinha, ainda não querendo acordar as duas na cama.

💭 É Mike Posner, na sua música você diz que tomou um pílula em Ibiza. Pelo visto eu tomei uma pra chegar aqui!💭

D*sgr*c*ira!

Ligo na recepção do hotel e pergunto por meu irmão, a moça do outro lado da linha me diz que ele está no 503. Saio no corredor e vejo que estou no 502. Ok. Reparo que os quartos são suítes interligadas, eu nem precisava ter saído.

Passo o cartão na fechadura eletrônica, e assim que se abre eu dou de cara com Gideon deitado de boca aberta, e com a cabeça virada pra porta.

Tem dois colchões de casal no chão, o p*to está pelado e cercado por quatro mulheres. Duas loiras e duas morenas

Me aproximo e empurro de leve, com o pé direito, a cabeça dele.

Gideon balança a cabeça de um jeito rápido.

Assim que ele abre os olhos, franze a testa pra mim.

Ainda está raciocinando o que está acontecendo quando eu digo de um jeito sussurrado:

- Como nós viemos parar em Ibiza?

Meu irmão se espreguiça e depois se levanta tomando o mesmo cuidado que eu.

- Acho que a gente deu uma exagerada Álister, dessa vez nós temos que admitir. Ou talvez nós tenhamos sentido falta da terra da mamãe.

Ele está segurando a crise de riso.

Tento puxar os flashs de memória. Nós estávamos em uma social na casa de um conhecido, depois disso eu lembro de mim no quarto, com as duas que estão no meu colchão de quatro na beirada da cama.

É só, não tem mais nada.

- Que inferno, cara! Como nós passamos nove horas e vinte minutos em um avião e não lembramos de nada? Me diz que você lembra, Gideon.

Meu irmão está vestindo a cueca. Pelo menos ele achou a dele.

- A única coisa que eu lembro é de ter quatro pares de mãos me acariciando.

Estreito os olhos pra ele.

- Hum, por falar nisso... essa divisão está desigual. Na minha cama só tem duas.

Gideon me dá um sorrisinho de canto.

- Eu não tenho culpa se tenho mais potência que você.

Mostro o dedo do meio pra ele e sigo pra sala que liga as duas suítes.

Depois de dar uma olhada no lugar e achar minha cueca, o que é estranho porque a calça estava no quarto, eu vou tomar um banho.

Estou em baixo do chuveiro quando as duas da minha cama aparecem. Abro um sorriso pra elas.

- Oi, eu preciso que vocês me digam quem são. Eu não lembro.

A ruiva abre um sorriso.

- Eu sou Mandy.

A outra também abre um sorriso e me mostra um preservativo.

- Eu sou Cindi.

Elas entram no box e eu aproveito pra dizer:

- Preciso que vocês refresquem minha memória. O que nós fizemos ontem?

**********

Estou sentado no meu escritório tomando um café.

Meu pai entra de repente.

- Onde você e seu irmão se meteram nesse feriado? Sua mãe e eu quase demos queixa sobre o desaparecimento de vocês dois. Álister, está na hora de sossegar!

Encaro o senhor Cesare, ele estava vestindo um terno cinza chumbo, e sempre que estamos frente a frente é como se eu olhasse um espelho que projeta minha imagem no futuro.

- *Eu estou na flor da idade pai, sossegar agora seria o mesmo que cometer su*cidio*.

Meu pai coloca as mãos nos bolsos e respira de um jeito pesado.

- Meu filho, nós precisamos conversar.

Iiiiii... lá vem.

- Sobre o quê senhor Greco?

Ele fica em silêncio por uns instantes, me encara pensativo. Depois anda até o balcão de bebidas, e enquanto serve uma dose de rum pra si, volta a me encarar.

- Sobre um acordo firmado há dezoito anos atrás, e que chegou a hora de cumprir.

Me levanto devagar da minha careta.

- Acordo firmado por quem pai? O que eu tenho a ver com isso?

Mais um instante de silêncio e eu juro que já estou quase morrendo aqui.

- Você vai se casar meu filho, e com Lilibeth.

Quem fica em silêncio agora sou eu, fico assim por um tempo, até que não resisto.

Solto uma gargalhada alta jogando a cabeça pra trás, dou risada até perder o fôlego e sentir dar água nos olhos.

- Ai senhor Cesare, eu prometo que da próxima vez Gideon e eu vamos avisar onde estamos, que é pra evitar o senhor em uma tentativa frustrada de me fazer medo. Medo não, terror!

Mas meu pai continua sério me olhando.

Ele não está brincando.

- Pai, eu tenho vinte e sete anos. Nós estamos no século 21, de onde o senhor tirou que eu vou me casar?! Não, e o pior: me casar obrigado?!

Ele anda até parar de frente pra mim.

- Você e ela vão ter obrigação legal com esse casamento só por um ano, Álister, depois disso vocês vivem do jeito que quiserem. A única coisa que vou pedir é que mantenham as aparências nesse tempo, pelo nome da empresa. Sei que eu posso ter sido leviano firmando esse acordo sem saber se seria da sua vontade, mas eu fiz isso por meu irmão de alma que estava desesperado pelo futuro da filha que só tinha dois anos.

Amo meu pai e o respeito acima de tudo que é terreno, mas essa vontade dele não vou fazer. Ele nunca foi um pai autoritário e carrasco, não estou entendendo o porquê de estar insistindo nisso.

- Eu. Não. Vou. Me. Casar. Com. Essa. Garota.

Meu pai fecha os olhos e abaixa a cabeça por um momento. Fala comigo de olhos fechados ainda.

- Ah, você vai sim meu filho. O acordo firmado não foi uma mera troca de palavras e assinatura de papéis.

Desabo na cadeira ao ouvir isso.

Inferno!

Passo as mãos pelo meu rosto e depois pelos meus cabelos sentindo a raiva tomando conta de mim.

Não vou poder fugir. Vou ter que entrar nessa merda!

- Pai, eu quero ficar sozinho.

Ele não me diz mais nada, se retira da minha sala e eu fico pensando nisso tudo. Lilibeth é uma garota que só via em ocasiões determinadas, e mesmo assim quando Gideon e eu eramos obrigados a ir com nossos pais. Assim que crescemos, passamos a frequentar só os lugares que queríamos. A última vez em que a vi eu estava com vinte e dois e ela dezesseis, foi em uma festa de aniversário, e ela usava uma merda disforme, era um vestido estilo Maria mijona, cheio de babados.

Nós até brincávamos quando crianças, mas o tempo foi passando e eu fui criando gosto pela vida e ela foi ficando cada vez mais retraída.

Eu me lembro bem da última vez em que nos vimos, porque ela viu uma cena um tanto quanto constrangedora. Eu estava no jardim com uma empregada da minha idade, e ela estava ajoelhada fazendo... bom, vocês já devem imaginar.

Lilibeth quase teve uma síncope. Abaixou o rosto e correu, eu fui como louco atrás, crente que ela devia estar fazendo minha caveira para os meus pais e todo mundo, mas ela não disse nada. Na verdade, não a vi mais. Naquela ocasião minha mãe me disse que ela tinha ido dormir mais cedo porque não não se sentia bem.

Essa foi a última vez que eu vi aquela garota, e agora meu pai vem e simplesmente me diz que nós dois vamos nos casar.

💭 Pelo menos vai ser por um ano só 💭

Meu bom humor foi totalmente pro espaço, não consigo me conformar com essa situação.

P*rra minha vida é agitada demais, não só no sentido das baladas. Tenho uma infinidade de trabalho e negócios, minha cara é conhecida por aí e eu vou ter que viver de um jeito que não quero e não gosto por um ano inteiro.

Pego o telefone e ligo pra Gideon.

📲🔊 - Quê que foi Álister, quer que eu te ajude a lembrar de mais alguma coisa do feriado?

📲🔊 - *Não irmão, quero que você me ajude a esquecer. Preciso de um outro apagão, f*da-se que é terça feira, vou ficar um ano fora de combate. Nosso pai acabou de me dizer que vou me casar e com a Lilibeth*.

Gideon fica mudo do outro lado da linha em um primeiro momento, depois consegue destravar e dizer:

📲🔊 - Não acredito que você vai casar com a Maria mijona! Nossa Álister, que merda!

Pois é... que merda!

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Comments

Fatima Gonçalves

Fatima Gonçalves

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2024-10-01

0

Raynna melice Santos

Raynna melice Santos

Eles vão pagar com a língua, quando verem ela

2024-09-15

1

Renascida das cinzas

Renascida das cinzas

afff... nojento!!! 😅

2024-08-15

0

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Atualizado até capítulo 57

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