Rafael Toscano
Duas horas depois, gravei o arquivo em que estive trabalhando e puxei o de Torres.
Não para refrescar a memória. Tenho muita experiência para me incomodar com qualquer coisa!
O rosto daquela garota estava gravado em minha mente.
Ainda conseguia lembrar-me da lágrima solitária que escorria em seu rosto.
Eu queria esquecer mas não conseguia.
Ryan Torres, viúvo, uma filha, Maya, solteira, vinte e um anos, professora.
Havia um endereço e um telefone, a escola onde trabalhava. E os seus hobbies.
Levantei uma sobrancelha. Imprimi as informações, dobrou a folha e a guardou no bolso do paletó.
Decidi fazer uma ligação para saber o real estado de saúde de Ryan Torres.
Uma hora depois meu informante deu a resposta que eu precisava.
Descobri também que Ryan estava falido por dívidas de jogo.
As informações sobre sua condição médica coincidiam com o que a filha afirmara.
Imprimi a última folha com as informações e a reli.
Havia provas de que Ryan usara o dinheiro para bancar os cuidados médicos da esposa acidentada durante meses, na luta contra o coma que precedeu sua morte.
Cerca de seis meses. O sujeito quase escapara, mas um audiyor encontrara os depósitos irregulares, que eram uma tentativa de reparação.
E suas retiradas do jogo foram uma série de incidentes isolados no período de um mês.
Uma última tentativa para se redimir e pagar o que devia?
Recostei-me na cadeira, estalei os dedos e semicerrei os olhos.
A vista do porto de Dudneu era fantástica. E agora?
Madre de Dios, em que estava pensando? Torres era um ladrão. Por que me interessava em sua filha?
Estava intrigado, concluiu mais tarde. Lealdade à família: até que ponto iria a dela?
Recordei sua expressão de orgulho, comparou-a a emoção contida naquela lágrima e decidiu descobrir.
Chamei a secretária:
Rafael: Se Torres ligar, transfira.
Maya Torres
O meu encontro com Rafael Toscano foi um completo desastre. Mas eu não sou do tipo que desiste fácil.
No dia seguinte, entrei em contato com Rafael:
📱
_ Às sete e meia.
Escolheu um restaurante.
_ Te encontro lá, Maya.
Juro que estava me preparando para outra rejeição.
Fiquei muito dividida! Era Esperança X Desespero.
_ Não posso.
_ Por quê?
E agora? O que eu falaria pra ele?
_ Trabalho à noite.
_ Diga que está doente!
Para ele é fácil mentir e falar essas coisas. É o seu próprio chefe!
E eu só pensava que não podia perder esse emprego.
_ Eu saio às onze.
Retruquei com firmeza.
_ Obrigações da escola?
Suspirei fundo e respondi.
_ Sou garçonete.
Houve um momento de silêncio.
_ Onde?
_ Longe da região nobre onde você mora.
_ Onde?
Repetiu a pergunta. Por fim, lhe passei o endereço.
_ Estarei lá.
📱
Em seguida, Rafael desligou. Passei o resto do dia ansiosa para o meu encontro com Rafael.
\*\*\*
Rafael Toscano
Cheguei meia hora antes do combinado, entrei no bar e me sentei.
Decidi pedir um café expresso e observei o modo como Maya lidava com a clientela.
Com toda certeza o que eu mais queria era deixá-la nervosa.
Pelo visto consegui! Vi algo que acabou comigo!
Um cliente assanhado que pelo visto bebeu além da conta passou a mão no traseiro de Maya.
Não ouvi o que ela falou, mas não era preciso.
Suas pupilas faiscavam, e seu rosto estava vermelho.
De repente me peguei pensando se Maya ficava ressentida de ter de trabalhar em um segundo emprego, por seu pai tê-la deixado nessa situação?
Talvez não.Maya mostrava coragem e orgulho, qualidades que eu pessoalmente admiro.
Não era por isso que estava ali?
Maya Torres
Às onze horas, levei uma pilha de pratos para a cozinha e murmurei uma desculpa rápida sobre não poder ficar mais tempo.
Desamarrei e pendurei o avental, retoquei rapidamente a maquiagem e passei a mão pelos cabelos antes de entrar no restaurante de novo.
Rafael Toscano não era homem de se fazer esperar.
Ele estava ao pé da porta. Passei por eee parei na calçada.
Rafael apontou para o outro lado da rua. Levei algum tempo até que houvesse uma brecha no fluxo de carros para que pudéssemos atravessar.
Assim que atravessamos pude contemplar a beleza daquele automóvel.
O carro era bem grande e luxuoso, conseguia sentir a textura fina do couro.
Rafael deu a partida e pôs o veículo em movimento.
Fiquei em silêncio. Rafael decidiu que íamos parar em um café.
Em outra região da cidade, claro.
A quietude me colocava com os nervos à flor da pele.
Afinal, tinha conseguido uma chance e não podia perdê-la.
E não demorou muito para que saíssemos daquela parte insalubre de Sydney, onde a vida noturna não terminava antes do amanhecer.
Entramos na nobre Double Bay, onde as pessoas bonitas tomavam café expresso e discutiam eventos sociais passados, atuais e futuros.
Ou criticavam conhecidos e supostos amigos.
Lógico que havia uma vaga no exato local onde Rafael queria.
Senti a tensão aumentar enquanto Rafael estacionava com habilidade.
Será que iria demorar? Tinha de preparar alguns tópicos para a aula do dia seguinte.
Hoje sai direto da escola para o hospital e depois passei em casa para comer, me trocar e ir para o trabalho na lanchonete.
E, como se não bastasse, seus pés a estavam matando.
Os saltos altos eram parte do uniforme, assim como a saia curta e o top reduzido.
Odiava o traje quase tanto quanto o emprego, estava na calçada aguentando a dor e me forcei a andar com cuidado quando Rafael apontou um dos bares.
Escolheu uma mesa na calçada e logo um garçom veio tirar o pedido.
Pedi um descafeínado, ou não dormiria mais tarde.
Rafael pediu sanduíches.
Rafael: Coma.
Rafael ordenou minutos depois, quando a comida chegou.
Comemos em silêncio. Assim que terminamos, Rafael foi direto ao ponto:
Rafael: Sugiro que comece a falar.
Terminei meu descafeínado e respirei fundo.
Maya: Trabalho em dois empregos, um deles sete noites por semana. Não paro nem nos fins de semana. Subtraia o aluguel e a comida, e demoraria a vida inteira para eu pagar o que meu pai lhe deve.
Como eu poderia ser capaz de sugerir? Droga, não tinha escolha!
Maya: Só posso oferecer a mim mesma...
E essa era a pior coisa que eu teria de fazer, apressei-me em continuar:
Maya: Como amante. Se*ualmente, socialmente por um ano.
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Atualizado até capítulo 29
Comments
Luciana Rodelo
estou amando
2022-12-10
2
Márcia Figueiredo
Acredito que a abordagem deveria ser outra... Mas vamos numa reviravolta.Tô gostando...
2022-08-22
5
Fabricia Andrade
autora por favor não faz ela se vender não né ela vai perder o valor dela desse jeito aff assim não dar
2022-08-21
1