Capítulo 20

Que saudades....

Afonso volta para casa mais cedo.

"Filho, que saudades! Como está?"

Eles se abraçam

"Ah Pai, estou bem, só que com muitas saudades, primeira vez que viajei sem vocês! Mas foi uma boa experiência! Aprendi muito, mas e como o senhor está?"

"Estou bem, trabalhando como sempre, nada de novo!"

Sentam-se na poltrona da sala.

"Depois que viajei fiquei pensando fui muito egoísta, só queria ficar longe, não pensei no seu sofrimento, mas não estava dando conta! Os últimos meses foram muito difíceis pra mamãe, só queria esquecer, me perdoa por ter ido?"

"Não se preocupe com isso, entendo perfeitamente o que sentiu, você é filho e ver a mãe sofrendo foi muito difícil, para mim não foi fácil, imagine para você!"

"É, pai essa doença é cruel!"

"Muito!"

Ficaram em silêncio, cada um visitando as suas lembranças, Afonso decide mudar a conversa.

"Filho, e agora que voltou, quais são os seus planos?"

"Pretendo retornar para a faculdade, e se ainda estiver de pé, gostaria de trabalhar com o senhor na empresa!"

"Claro, lógico que sim, estou te esperando!"

"Bom, assim já vou tendo experiência com a área jurídica!"

"Continuará então com a faculdade de direito?"

"Sim, é o que quero mesmo, foi muito bom ter esse tempo, pude reavaliar muitas coisas, o contato com outras culturas!"

"E de qual país gostou mais?"

"Pai, falar a verdade passei a valorizar mais o nosso país! O Brasil é acolhedor, percebi que não existe melhor lugar para se viver, lógico precisamos melhorar muito, sermos mais educados, olhar o melhor para o todo, termos uma consciência política que infelizmente ainda não temos, mas aqui sempre encontraremos um cuidado, abraço."

"Filho, já viagei muito e também gosto muito do nosso país, mas tem momentos em que fico extremamente desanimado, o próprio país com suas leis muitas vezes emperra o crescimento, poderíamos ter produtos no mercado mais baratos mas são tantos impostos que crucificam as empresas e os consumidores, e com isso gera salários com poder de compras muito baixo!"

"Isso deixa muitos brasileiros à margem da sociedade!"

"E isso é muito injusto! Um país precisa dar condições para uma vida digna! Infelizmente não é o que acontece!"

"Acho que com o passar dos anos vamos aprendendo mais sobre nossos direitos e também deveres, isso é uma construção que levará tempo!"

"Você disse certo, é realmente uma construção!"

"Agora pai, hoje ao chegar em casa fiquei admirado, tudo tão limpinho, organizado, parecia que minha mãe havia estado por aqui!"

Afonso sorri.

"Você gostou?"

"Melhor, lembrei-me da minha infância, quase sempre ao chegar da escola tinha um cheirinho bom de bolo assando, a Maria me esperava pra fazer a calda e depois eu ficava raspando o fundo da panela!"

"Mesmo?"

"Então quando abri a porta senti um cheirinho tão bom de bolo, fui para a cozinha e ver quem estava aqui, encontrei uma moça, Alice."

"Ah, deve ser a moça que contratei para limpar a casa, mas eram duas!"

"Sim, a tia também estava aqui, mas no segundo andar."

"E ela estava fazendo bolo?"

"Estava, disse-me que era de cortesia!"

"Cortesia?"

"É, você acredita? Além de fazerem um bom trabalho limpando tudo!"

"Foi indicação da Marlene, agora nem te conto, minha mãe esteve aqui hoje, imagina só no que deu! Aí tive que contornar a situação! Uma hora dessas ela vai levar é um processo, como pode ser assim?"

"É, acho que pra vovó a escravidão não acabou! continua do mesmo jeito?"

"Olha filho parece estar cada dia pior, fico preocupado, o papai depois do AVC já está dependente, coitada das técnicas de enfermagem que cuidam dele, a cooperativa sempre me liga pedindo pra conversar com ela, trata muito mal os profissionais, e com o passar dos anos ela também precisará de cuidados, esse é o momento que mais temo!"

"Ela foi grossa com elas aqui?"

"Grossa? É pouco, foi preconceituosa, como sempre se acha lá no pedestal por ter dinheiro e pensa que o sobrenome é quase de

Uma rainha!"

"É como reagiram?"

"A mais velha ligou para a Marlene e como estava do lado, na hora liguei para minha mãe pedindo para que deixasse elas em paz!"

"Nossa, a vovó precisa ter um pouco mais de senso!"

"Nunca teve Filho, pra ela as pessoas valem pela conta bancária, o resto dos mortais existem para servi-la!"

"Muito triste né pai, será que vendo minha mãe doente, sofrendo tanto não deixou-a mais sensível! O meu avô dependente! Somos todos iguais!"

"Queria muito que ela tivesse essa consciência!"

"Mas voltando a elas, estive pensando, porque não contrata para que venham algumas vezes por semana, vamos precisar, a Maria voltou para o interior, senão poderia ser ela mesmo."

"Gostou tanto assim do trabalho delas! Não sei se aceitariam, me parece que a mais velha é que faz faxina, a sua sobrinha só está dando uma força, porque ela está com o braço machucado."

"Mas não custa tentar, são pessoas confiáveis!"

"Vou pedir a Marlene para conversar com elas e fazer uma proposta, se aceitarem serão contratadas."

"Talvez aceitem, agora vamos pedir nosso jantar?"

"Você pede? Vou tomar um banho."

"Peço, posso escolher?"

"Pode sim."

No quarto, foi até o closet pegou uma caixinha em uma gaveta e dela tirou uma foto, ficou olhando e disse baixinho " Ahh Cida, porque você fez isso? Poderíamos ter sido felizes juntos! Como pude me enganar tanto com você? Vi uma simplicidade, amei uma mulher que não existia! Você foi embora em busca de aventuras! Onde será que está? Casou -se, teve filhos? Por mais que eu tente não consigo esquecê-la, queria tanto saber de você! Me casei, mas desde o início foi uma relação de amizade, ajudei a minha prima que estava em uma situação difícil, e também porque estava com muita raiva de você, sabia que não conseguiria esquecer, e que também não me envolveria com outra mulher. Não sei o deu em você para agir daquele jeito, fico analisando e penso que esse comportamento não encaixa em você, mas talvez não tenha enxergado a sua essência por estar apaixonado! É Cida, só sei dizer que sinto muitas saudades de você! Fico imaginando como teria sido nossa vida juntos, nossos filhos, iria amar ter muitos filhos com você!"

Tiago bate na porta do quarto .

"Pai, demora muito não, nosso jantar já está chegando."

Afonso guarda rápido a foto na caixinha e responde.

"Daqui a pouco já vou."

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Comments

Maria Izabel

Maria Izabel

como pode ter tantas pessoas que interferem nas vidas dos outros as tornando infelizes

2024-03-13

2

Lena Macêdo E Silva

Lena Macêdo E Silva

temos que ir atrás de sanar as dúvidas que assolam nossa mente e envenena o coração, seguindo a primícias de que nem tudo é o que parece assim como nem tudo que parece, é...

2023-01-06

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