Capítulo 11

E a tempestade continua...

Cida volta para casa, vai até a janela encosta a sua testa, chora um pranto desesperado pensando "Então é assim que funciona? Ele mata-me, tira-me o direito de viver ao lado da minha filha! Sempre sonhei em vê-la formar-se na escola e trabalharia o quanto fosse possivel pra que pudesse fazer faculdade como sempre sonhou, aquele dinheirinho que estava economizando era para dar a ela uma festa de formatura! Não pude estudar, desde pequena comecei a trabalhar com a minha mãe na colheita do café, por isso quis tanto um pai pra minha filha! Como fui burra em confiar nesse desgraçado! Agora vem esse tal de tutor espiritual querendo convencer-me a perdoar! Não! Não vou perdoá-lo, vingarei-me e a partir de agora decidi vingar-me de todos que me fizeram sofrer, a mim e a Alice!" - ela soluça e se lembra quando os pais do seu amado Afonso chamou-a na sede da Fazenda "-Ahhh, vocês também não perdem por esperar! Humilharam-me tanto, e Alice passou por tanta privação, correu o risco de ser transformada em prostituta por causa de vocês! Do orgulho que tem em serem ricos, como disseram, não criaram o filho que tinha posição social, com um futuro brilhante para se envolver com uma ninguém! Eu sou uma ninguém na vida! O Pedro está em primeiro lugar na minha lista, vocês serão os próximos! Afonso não tem culpa do nosso sofrimento, não era igual a seus pais, era humilde, bondoso, não se importava com essa vaidades, não deu tempo de contar a ele que estava grávida! Tenho certeza que ao saber da gravidez ficaria tão feliz, enfrentaria o mundo se fosse preciso para ficarmos juntos! Mas eles foram espertos, tirou-o da Fazenda para me expulsar! Ahh mas o dia de vocês chegará , agora depois que morri, a minha menina está em segurança terei tempo para encontrá-los! Serão os segundos da minha lista, podem esperar!" - Ela fica por um tempo assim, chorando tecendo planos para executar a sua vingança...

"Olá " Uma jovem moça vestida com uma roupa preta se aproxima assustando-a.

"Oii, quem é você? Não me diga que foi aquele tutor que enviou você?" -volta-se para a moça secando o rosto.

"Não, não vim por causa dele, na verdade estava esperando-a, vamos nos sentar ali debaixo daquela árvore para que possa explicar-lhe porque estou aqui!"

Cida acompanha a moça achando muito estranho como estava vestida, com uma roupa preta colada ao corpo, parecia ser de couro, cabelos longos amarrados em um rabo de cavalo e no alto dos cabelos várias trancinhas, na cintura parecia uma corda enrolada! chegando sob a árvore senta-se e convida Cida a sentar-se ao seu lado!

"Cida, sou Paloma, não precisa se assustar, participo de um pequeno grupo de garotas, somos cinco mulheres em torno de dezesseis a dezoito anos!"

"Mas que grupo é esse e porque está aqui? Você também está morta?"

"Espere, vou lhe explicar tudo, mas a princípio quero que saiba, sim também não faço parte do mundo dos vivos!"

"E posso saber porque veio até aqui?"

"Posso e vou! Bom começarei a contar-te o porquê perdi a minha vida! Estava com quinze anos quase completando dezesseis anos, um dia sai para ir à farmácia comprar um remédio para a minha mãe, voltando um carro parou e o motorista pediu-me uma informação, assim que me aproximei mais para responder-lhe a porta de trás abriu e quando dei por mim já estava no carro entre dois homens, lutei, gritei a pedir ajuda, mas, o carro já estava em movimento, os vidros eram mais escuros não dava para ver no seu interior! Logo aplicaram uma injeção no meu braço e apaguei! Acordei num lugar onde parecia ser um porão, sem janelas, escuro, gritei novamente tateei na escuridão encontrei uma porta bati desesperadamente pedindo ajuda, não sei por quanto tempo fiquei, estava tão desesperada! Só sabia chorar a implorar por ajuda!"

"Meu Deus! Paloma ninguém apareceu para ajudar-te?"

"Não, quando vieram, eram duas pessoas, um homem e uma mulher! Estavam-me mantendo no escuro, mas ao entrarem acendeu a luz! O homem era o mesmo que levou-me para aquele lugar! Esse homem pegou colocando de pé e segurando -me enquanto ela me examinava! Ela disse é realmente muito bonita como me mostrou nas redes sociais, mas está um pouco gordinha e para os padrões exigidos para onde vai precisa estar um pouquinho mais magra, até o dia de transportar a carga deixe-a pão e água! Tem querida que fazer essa dieta, e é urgente! Fazer o quê né para ter um corpinho lindo tem que sofrer no estômago! Lembro-me dela falando isso comigo como se fosse hoje! E assim fizeram passei a receber três vezes ao dia um pão e um copo d'água! Fiquei muito fraca, mas num dia chegou uma refeição completa comi desesperadamente, após a refeição deram-me uma roupa toalhas, um sabonete e um homem armado até aos dentes me levou a um banheiro onde tomei um banho, fiz minhas necessidades fisiológicas pois até então só usava um vaso sanitário que ficava nesse cômodo, troquei a minha roupa que estava muito suja, e assim que sai desse banheiro o mesmo homem que havia me sequestrado estava lá, aproximou se de mim e novamente aplicou-me a injeção, apaguei não sei nem por quanto tempo! Quando acordei estava em um jatinho, e tinha mais duas meninas também apagadas no chão, éramos uma carga para eles, consegui- ouvi -los. Elas não ficarão juntas, serão entregues em lugares diferentes, pois não podem se comunicar! A ideia é que fiquem onde existem garotas de outras nacionalidades e que não falem a mesma língua!

"Pedro, dessa vez vamos morrer na bolada!Cara vamos entrar numa bolada!"

"É Valter, estou até pensando em passar uns dias aqui no estrangeiro! Tirar uma semana!"

"Bem que eu queria, mas sabe que eles não aceitam que a gente fique no país onde entregamos a carga! É melhor vir como turista mesmo!"

"É você tem razão, não dá para deixar eles nervosos!"

Assim foi, entregaram- me num lugar que eu não sabia onde é nem porquê estava lá, levaram-me para um quartinho onde tinha algumas mulheres de nacionalidade diferente, logo após fui para outro banho, uma mulher maquiou-me, fez um penteado, mas deixou-me nua! Fui a outro lugar onde fizeram fotos, mandavam-me ficar em certas posições e se nao aceitava ameacavam-me com um chicotinho! Após voltaram-me para o quarto, vi terem já outras meninas, fiquei um tempo, sem roupas até que me buscaram e, nessa altura conheci o verdadeiro inferno! colocaram-me num quarto, e fui abusada várias vezes por homens diferentes foi aí que a minha ficha caiu, estava ali para ser uma escrava sexual numa casa de entretenimento! revoltei-me, apanhei muito, fiquei sem alimentar, o meu corpo não resistiu, adoeci eles não queriam uma mulher doente, jogaram-me novamente num quartinho sem alimentos, definhei até não resistir e perdi a minha vida aos dezesseis anos! Mas guardei na minha mente o nome dos dois homens que me levaram para esse inferno! Pedro e Valter! É após morrer fiquei um tempo presa nesse quartinho, mas ao entender que a morte não havia me vencido decidi-me vingar de todos, encontrei essas moças na mesma situação que eu estava, conversamos e por mais incrível que parece mesmo não sendo brasileiras passamos a nos comunicar! E organizamos-nos para ir em busca de todos que participam de tráfico de mulheres, somos as Amazonas! Acompanhei tudo o que ele fez-lhe, lhe envenenando, vendendo a sua filha! Portanto, quero convidá-la a ser uma Amazona, já começamos a nossa vingança! Vem comigo, terá o seu momento de fazê-lo sofrer!

Cida não pensa duas vezes, abismada com a história da moça aliado ao ódio, revolta Levanta -se- "Tenha certeza que farei parte desse grupo, e no momento em que ele estiver em minhas mãos conhecerá o que é sofrimento! Me unirei a vocês...

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Ahh se nos lembrássemos dos conselhos de Jesus, ao ser preso e um que o acompanha (corta) a orelha de um soldado!

Jesus diz "Embanha a tua espada, todo aquele que com espada fere por ela será ferido"

Estamos sob a lei de causa e efeito, Pedro Valter e todos que decidiram lançar mão da espada da dor, estavam se colocando sob o fio da espada da dor! A vingança, o odio gera um círculo vicioso onde a vítima passa a ser algós, alimentando assim esse ciclo que será rompido somente quando a consciência de um e outro passem pelo caminho do perdão mas até chegarem muita dor seram vividas! Temos a escolha, e através dela e que seguiremos nossos caminhos!

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