Eu tinha que fazer alguma coisa. Não podia deixar meu plano fracassar logo agora! Já me resolvi!
— Mãe, posso falar um instante com a senhora?
— Claro, vamos lá fora.
Nós duas saímos de casa e nos sentamos na calçada no lado de fora.
— Eu não posso aceitar ele como inquilino! — Exclamei quase soltando fumaça pelos ouvidos.
— Mas você não tem que aceitar nada, e eu não tenho nenhum motivo pra não aceitar ele.
Respirei fundo.
— Tem sim, mãe! Foi ele o responsável por tudo de ruim que aconteceu comigo.
— Hã? Claro que não, meu bem. O que ele fez pra você?
— Ele me maltratava quando eu era criança só porque eu era… Daquele jeito, você sabe…
— Entendo… Mas hoje ele ainda te maltrata?
— Não, eu acho.
— Então vamos deixar isso pra lá.
— Mãe!
— Tente se convencer disso, Joanna. Ele que vai pagar as nossas dívidas… Aguente ele só por 3 meses.
— Eu aceito, mas com uma condição.
— Qual?
— Me chame de Cynthia.
— O quê? A Cynthia Boulevard?
— Sim.
— Não. Não posso. Não me meta nessa suas confusões.
— Vamos mãe! É só pelo tempo que ele morar aqui. Ou então eu vou expulsar o inquilino agora mesmo. — Falo me levantando da calçada e indo em direção a sala de casa.
— Tudo bem, então.
— Oba! — Quase pulei de alegria.
Nós voltamos pra sala e Luís estava distraido com o celular. Acho que nem percebeu quando voltamos novamente pra casa.
— Então Luis, me desculpe por mais cedo, e meu nome é Cynthia. — Pronuncio me aproximando dele.
— Mas sua mãe tinha dito que seu nome era Jo… — Ele olha pra mim e pra minha mãe confuso.
— Não, é que eu me confundi, o nome dela é Cynthia. — Dona Silvana interrompe. — Acho que tô ficando velha, haha! — Ela gargalha.
— Não tem problema, até eu me confundo às vezes. — Ele responde formando um sorriso.
— Sabia que você iria entender! — Ela continua.
— Bom, então eu já vou indo. — Ele levanta do sofá.
— Até amanhã Luís! — Minha mãe se despede, levando-o até a porta.
Ele foi embora, felizmente. Mas ainda teria que aguentar o idiota por longos 3 meses…
No outro dia…
Me preparava mentalmente para meu retorno na Golden Magazine, afinal, não sabia o que seria de mim se Luís descobrisse minha verdadeira identidade. Por isso, deveria me preparar até pra uma provável demissão. Me arrumei e seguindo as dicas que Cynthia deu, fiz uma maquiagem leve e resolvi apostar em um vestido jeans que delineava todas minhas curvas.
Aquilo foi estranho, mas ao mesmo tempo bom. Eu fiquei bastante envergonhada, mas também me sentia uma rainha. Parece que em todos os lugares que eu passava desde a rua, até minha chegada na editora, senti que todos os olhares estavam em mim e que eu estava chamando muita atenção. Aquilo era bom e ruim. Logo eu que não gosto muito de atenção…
Eu andei pelo corredor, quase correndo. Queria chegar o mais rápido possível na minha mesa, para que ninguém perguntasse nada. E sim. Esse era o meu plano. Fugir. Mas sabia que não poderia fugir pra sempre. E quando menos esperei, Jean apareceu na minha frente, me trazendo de volta pra realidade. Jean era um dos estagiários mais velhos da editora, mas às vezes parece que sua cabeça não bate muito bem.
— Quem é você? — Ele pergunta, pasmo.
— Eu sou…
Eu juro que estava a prestes a responder verdadeiramente. Mas o idiota do Luís surgiu atrás de Jean, me fazendo recuar.
— Eu sou a Cynthia. Prazer.
— Prazer, eu sou Jean. Então você deve ser a nova estagiária.
— É… Acho que sim.
— Bom dia pessoal! — Luís se intromete no nosso meio. — A Sara tá chamando uma pessoa pra sala dela. Acho que o nome é Joanna.
— Ela não chegou ainda. — Jean se antecipa.
— Ela não vem. Eu vou no lugar dela. — Digo confiante, mas minhas mãos tremiam.
— Você é alguém próxima da Joanna? — Luís indaga.
— Não, é que… Eu tenho alguns assuntos pendentes com a Sara. E por acaso eu sinto que a Joanna não vai vir.
— Tudo bem então, você sabe onde é o escritório dela? — Luis diz com um sorrisinho no canto da boca. E por acaso não sei porquê, mas odeio aquele sorrisinho idiota dele.
— Vou encontrar. — Digo me afastando dos dois.
— Eu te acompanho. — Luís se oferece.
— Não precisa.
— Eu vou mesmo assim.— Ele insiste.
Eu reviro os olhos.
Assim que nós dois saímos do campo de visão de todos e estávamos no corredor próximo da entrada da sala de Sara, Luís me puxa pelo braço e me empurra contra a parede.
— Por que você tem tanta raiva de mim? O que eu te fiz? É só porque eu vou ficar na sua casa? É só por alguns meses! Não é a vida toda! — Ele estava visívelmente irritado e chegou tão perto de mim que consegui sentir sua respiração.
— Ainda bem que não é a vida toda, senão eu me mataria.
— Eu não te entendo, sinceramente.
— Então você não é tão compreensivo assim como minha mãe pensava.
— Na verdade, eu sou compreensivo até demais… Sabe… Teve um dia aqui, que eu vi a Joanna e surpresa! Você é igualzinha a ela. Então eu queria entender, qual a sua relação com a Joanna?
Como assim? Ele me encontrou? Não é possível aqui existir realmente duas Joannas então, quando ele me encontrou? Será que ele é aquele homem misterioso que me pediu água aquela vez? Mas porquê? Como podia ser ele?
— Quando foi isso? — Pergunto curiosa.
— Primeiro você precisa me responder qual a sua relação com ela.
Que irritante.
— Eu sou uma amiga distante dela. Satisfeito agora?
Ele aperta os meus braços na parede.
— Não, agora eu quero saber onde ela está.
— Não, eu não sei e mesmo que soubesse não te responderia. — Encaro os olhos castanhos claros dele na minha frente e ele chega mais próximo quase me fazendo cair do tanto que deslizava pela parede tentando ter uma escapatória.
Na mesma hora ouço passos atrás da parede e percebo que alguém tinha nos visto com certeza.
— Sai de cima de mim! Acho que alguém nos viu. — Digo afastando os braços dele de mim.
— Sim, e acho que foi a Lina.
— Aí, não acredito! — Coloco a mão na cabeça.
— O quê foi?
— É que a Lina é a maior linguaruda daqui! Se ela souber vai contar pra Deus e o mundo e ainda vai aumentar a história … Você sabe, né?
Ele tenta esconder um sorriso com as mãos. E de novo aquele sorriso. Aparecia covinhas sempre que ele sorria. Parecia meigo, mas eu sabia que também podia ser cruel. E acho que era aquilo que eu odiava. Era aquilo que me matava por dentro. Por quê ele não parece mais o mesmo de antes. E isso tá me matando.
— Pensei que você fosse novata aqui, mas já sabe muito da empresa…
— Você que pensa, quando eu cheguei aqui já tinham me alertado sobre ela.
— Vou fingir que acredito. — Ele retira completamente os braços fortes que me prenderam e sai em direção ao escritório dele. Enquanto eu sigo para o escritório de Sara. Bato na porta e ela me manda entrar. Sento na poltrona perto da mesa dela.
— Quem é você? Cadê a Joanna? — Sara se pronuncia ríspida como sempre.
— Eu sou a…
— Ahh, você é a dona do caderno? — Ela me interrompe.
— Sim… Eu sou a Cynthia. — Minto.
— Pois o emprego de desing é quase seu.
O quê? Emprego em design? Era tudo o que eu queria. E ainda quero. Mas será outra pessoa, não eu. Se controle Joanna.
— Quase?
— Sim, você vai precisar fazer alguns testes antes de ser contratada. Só assim para ter certeza. Você me entende, não é?
— Sim.
— Então podemos começar?
— Já?
— Já, aqui tempo é ouro. Você vai ser encaminhada pro setor de edição e o Luís será seu novo chefe, então pode falar com ele que ele vai dizer o que você precisa fazer, ok?
Eu não posso acreditar! De novo ele? Isso é coincidência ou azar?
— Ok.
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Atualizado até capítulo 44
Comments
Angela Mikaelson
a mulher fez hidratação no cabelo e tão agindo como cirurgia plástica
2024-04-17
1
Anilda Alves da Cruz
não dá para perceber que ela é à Joana está Sara não é tão esperta ?
2024-04-14
0
Anilda Alves da Cruz
está virando uma bola de neve está mentira
2024-04-14
0