cap 2

Como era de se esperar Vino Maldonado, colocou todos seus funcionários, (eu diria capangas mas como narradora precisa ser imparcial) no encalço da Isadora, inclusive o Zé seu sobrinho favorito e noivo de Isa.

Zé: nenhum sinal dela tio.

Vino: ela não pode ter evaporado.

Zé: ela não foi de ônibus, na cidade ninguém a viu, não sumiu nenhum cavalo, ela não desceu pelo rio, só se ela foi abduzida.

Vino: essa moleca teve ajuda de alguém, eu vou descobrir quem foi e quando eu colocar as minhas mãos nela, ela e a fugitiva vão me pagar caro.

Zé: desconfia de alguém tio?

Vino: tenho as minhas desconfianças.

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...Em Cuiabá ...

O dia amanhece, Isa faz sua higiene pessoal e desce cantarolando.

..." ...Como uma Deusa... ...

...você me mantém ...

...e as coisas que você me diz...

... me levam além..."...

Ela gesticula, dança, simula um microfone imaginário na mão, se sente a própria Rosana.

Yêda: o show está lindo mas venha aqui, vou te ensinar a acalmar a fera que existe dentro de você, vamos fazer yoga.

Isa nunca tinha ouvido falar de yoga, porém não questiona nada, pega o colchonete coloca ao lado de Yêda e começa a imita-la, com um fundo musical sereno de uma cascata artificial que tem no jardim de inverno, ambas se concentram nos movimentos de relaxamento.

Yêda: agora sim podemos começar o nosso dia, bom dia Isadora, dormiu bem?

Isa: Sim, estava cansada da viagem.

Yêda: que bom! segunda feira iremos te matricular no cursinho, na natação... você terminou o colegial certo? tem algum curso que queira fazer?

Isa: Sim, terminei a mamãe sempre priorizou o estudo, a Tete até da aula na escola da fazenda, eu queria dar aula também, mas eu ficava em casa ajudando nos afazeres domésticos.

Yêda: quer ser professora? achei que queria ser Juíza como eu.

Com um tom de surpresa Yêda pergunta a Isa, Yêda foi uma das primeiras mulheres a tomar posse como juíza e a assumir uma comarca.

Isa: eu quero ser juíza, quero desembargadora do Brasil.

Yêda: primeiro tem que passar no vestibular de advogacia, não se perca no caminho Isa, foque suas energias no estudo e no seu projeto de vida.

Elas tomam o café da manhã e passam o restante do dia conversando sobre os projetos e planos, Isa presta muita atenção em tudo que a madrinha dela fala.

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Em outro canto da cidade, Vicente não para de pensar na goiana, é a primeira mulher que o fez querer proteger, ele já teve muitas mulheres, das quais ele se apaixonava genuinamente, chegou a pedir uma em casamento, isso antes dele entrar na faculdade de engenharia, o que para ele foi um marco muito grande, afinal ele vinha de uma família da classe média, seu pai tinha um armazém com máquinas de moer café, arroz entre outros.

Marcos: pensando longe, saudades do Goiás?

Vicente: não, o Goiás que me mandou um presente, só não sei onde encontrá-la .

Marcos: tem uma pamonharia( lugar que vende pamonha) no centro.

Vicente: Boa Marcos.

Marcos: no final de semana que vem, vou para o Rio Verde, visitar a família quer ir comigo? posso te apresentar minha irmã.

Vicente: ela é gata?

Marcos: Pura e casta, ela é pra casar!

Vicente: senti uma ironia na suas palavras.

Marcos: que isso, ela trabalha com minha mãe e meu pai, nos negócios da família.

Vicente: ter você como cunhado não é muito atrativo, eu passo.

Marcos: quando você a conhecer vai mudar de ideia.

A ideia de Vicente era uma só reencontrar Isadora, enquanto Isa só pensava em vencer na vida, ser livre, viajar pelo mundo.

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Alguns dias depois, as buscas por Isa continuava e mesmo com a pressão que o marido estava fazendo, Bina não falava onde estava Isa. Madalena sua comadre e amiga, avisou que Isa havia chegado bem e em segurança, na casa de Yêda, pois ela lhe enviou um telegrama avisando.

Isa estava bem adaptada a nova rotina, yoga, caminhada matinal, natação três vezes na semana pela manhã, cursinho de teatro e artes cênicas durante a tarde duas vezes por semana, e a noite cursinho pré vestibular, ufa, ela também entrou em um curso de datilografia e digitação, ( Jovens queridos a máquina de escrever era a top do momento)

imagem de domínio público.

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Yêda: vai se atrasar para o cursinho Isadora.

Isa: já estou descendo, madrinha.

Yêda: quer que o motorista te leve?

Isa: não precisa, vou caminhando.

Yêda: não me espere para o jantar, tenho audiência hoje, sem hora para terminar.

Isa: sim madrinha, bom trabalho.

Isa seguia para o teatro municipal, passando por uma construção, do que futuramente seria um shopping Center, ela ouve os peões da obra mexendo e assobiando. Isa estava usando uma saia de pregas preta na altura do joelho e uma blusinha de alça, branca com bolinhas azuis.

Isa ignora os assobios e comentários vulgares, do tipo, "oi gostosa" , "psiu, psiu", "que delicia", "não se machucou quando caiu do céu?" Ela simplesmente se perguntava, "quando uma mulher poderia andar tranquila na rua sem ser assediada?" (acredite Isa, isso acontece até hoje, trinta e poucos anos depois, ser mulher é conviver com essa insegurança, infelizmente)

Isadora, Isadora...

Isa ouve o seu nome, mas não se da o trabalho de virar para ver quem é, como ela não conhece quase ninguém na cidade provavelmente não era com ela.

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Zé: tio achei estranho a vinda da Madalena, aqui na fazenda hoje.

Vino: ela é minha comadre, o que tem de estranho nisso?

Zé: ela e tia Bina, estavam lendo um papel, parecia uma carta.

Vino: Você acha que pode ser a Isadora?

Zé: eu acho, sim senhor.

Horas mais tarde...

Vino: onde está a carta que aquela ingrata te mandou?

Bina: eu não sei que carta você está falando.

Vino: sabe sim, a que você estava lendo com a Madalena.

Bina: não tem carta nenhuma Vino.

Ele levanta a mão pra dar um soco em Bina, mas João o filho caçula entra na frente e acaba levando o soco no lugar da mãe.

João: na minha mãe o senhor não rela um dedo.

Vino: e vai fazer o que seu moleque de uma figa?

vai apanhar no lugar dela? Bina não presta pra nada, não soube criar esses filhos.

Bina estava cansada de tanta humilhação, ela sentia que precisava tomar uma atitude, mas naquele momento sua única atitude, era proteger o seu menino, ela abraçou o filho e foi lavar o rosto dele que estava saindo sangue.

Vino pegou a viola a cachaça e foi para fogueira onde estava, Joaquim seu filho mais velho e os peões da fazenda. Joaquim adora tocar violão, por isso estava sempre cantando com os peões da fazenda.

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Comments

Rose Gandarillas

Rose Gandarillas

A música é realmente bonita, mas ela se sentir a Rosana!? A mulher se estragou com o tal culto a beleza...hoje ela é uma caricatura. E olha que ela era linda!

2023-07-17

0

Jana Rios

Jana Rios

eita, que pai mais escroto 🙄

2023-06-28

0

Nany💕

Nany💕

Nossa que legal, moro em Goiás e perto de Rio Verde.
moro em Jataí

2022-12-08

0

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