Jantar

Jasper:

Assim que o carro parou, o motorista se virou pra mim e parecia meio receioso:

— O senhor está bem em ir mesmo?

— Ah, sim, por que?

— Eu soube sobre você no primeiro encontro que vocês dois tiveram, e você parece diferente dos outros Ômegas que já se encontraram com ele. Comecei a pensar que você estava se forçando a estar aqui.

— ... Isaac... Obrigado a consideração... Mas eu estou bem pra isso, sinto que nós dois devemos conversar melhor sobre o que aconteceu.

— ... Entendo.

"É legal que ele se preocupe, senti a empatia dele comigo, mesmo sendo um alfa e um dos contratados do Reis..." Assim que saímos do carro Isaac me acompanhou pela mansão em que tínhamos chego, me acompanhando até uma sala de jantar onde toda a mesa já estava posta e arrumada, mas o Reis não estava lá. Puxando a cadeira para que é pudesse me sentar Isaac me disse:

— Pode se sentar aqui por enquanto, o senhor Reis já deveria estar aqui...

— Ah, sério?

— Não se preocupe. Vou avisar o senhor Reis que você já está aqui, espere um segundo.

— Ah, sim. Obrigado.

Isaac saiu a procura do Reis, enquanto isso não pude deixar de perceber a decoração daquela sala de jantar, essa extremamente belíssima, cada canto e cada pequeno detalhe, era incrivelmente fascinante.

— Ah, você veio.

— ... Boa noite.

As portas da sala de jantar foram abertas bruscamente e o Reis entrou na sala meio apressado, se sentando na minha frente, enquanto Isaac fechou as portas que ele havia deixado abertas.

— Eu jurava que você não viria depois de tudo.

— ... Acredito que todos mereçam uma segunda chance, ou terceira, no seu caso.

— ... Entendo, mas não te chamei aqui para falar daquilo.

— Não? Eu podia jurar que você queria se desculpar.

— Sim, e você aceitou me perdoar vindo até mim hoje.

— ... Sei...

Reis ficou meio sem jeito e começamos a comer, como a mesa já estava posta eu enchi a colher com a sopa que estava diante de mim e a tomei, mas por um descuido acabei queimando a língua.

— Ai...

— Algo de errado?

— Não, eu só queimei a língua...

— Beba a água.

Peguei a taça com água e a bebi, aquela situação era um tanto estranha considerando os maus bocados que já tínhamos vivido antes de tudo aquilo. Assim voltei a tomar da sopa.

— Uhm... Isso é sopa de espinafre?

— Sim, percebeu? Você gosta?

— Nunca tinha provado antes... Está muito bom!

"Droga! Jasper, perdeu o juízo reagindo perto dele?!" Eu ainda sorri para ele.

— Sério?

— Ah... Sim, é muito boa...

— Fico feliz que tenha gostado, foi difícil pensar em algo que você pudesse gostar mesmo mal te conhecendo. Na próxima vou te perguntar antes de te servir algo.

— ... Não precisa se preocupar com algo assim...

De repente meu despertador começou a tocar em meu celular, e levei minha mão a minha bolsa, procurando pelo meu remédio.

— O que foi?

— É hora do meu supressor. Só vou aplicar ele rapidinho.

— ... Está fazendo isso agora porque está com medo que eu faça algo de novo?

— ... Isso não vem ao caso agora... Só vou tomá-lo porque minha médica receitou...

Quando ele me perguntou aquilo meu corpo vacilou, estremecendo-se todo, eu havia lembrado do toque dele. Tomei o comprimido e preparei a injeção.

— Vai injetar isso?

— Sim, é para amenizar o cio, tenho que aplicar uma vez a cada três dias por precaução.

— ... Consegue fazer sozinho?

— ... Não se preocupe, eu consigo...

"Essa preocupação dele para comigo assim tão de repente me assustou, o que ele espera querendo me cuidar assim de mim depois de tudo?" Reis se levantou, vindo na minha direção e segurou delicadamente no meu braço e na minha mão, pegando a injeção lentamente da minha mão.

— Está segurando errado, assim não vai pegar seu músculo.

— ... Entendi... —Deixei ele aplicar depois de tudo, jurava que ia doer, mas a mão dele era leve pra isso.

— Pronto, aqui a agulha.

— ?! Já? Mal senti nada...

— Haha, eu fiz estágio de enfermagem a uns três anos atrás.

— Sério? Uau, você pegou o jeito então. Sempre que eu precisar de injeção vou pedir pra você aplicar- —"Isso soou estranha, não é?!!"

Reis voltou até o lugar dele e se sentou novamente, assim voltamos a jantar. Pelo jeito gentil e amável que ele estava agindo até cogitei em pensar na possibilidade dele ser o meu destinado, mas eu tinha aquilo fresco na minha memória, tudo o que tinha acontecido.

Assim que terminamos de jantar eu fui caminhando, acompanhado por ele até a saída, mas assim que as portas principais se abriram vimos que estava caindo um 'pé d'água', era muita chuva.

— Chuva? Você escutou algo lá de dentro?

— Não mesmo, quer que eu mande o carro te levar?

— ... A minha rua enche... Com toda essa chuva não vou poder atravessar... Mas agradeço a carona.

— Ainda assim vai sair? Aonde vai ficar?

— Eu ia para algum motel ou algo assim, tem bastantes que ficam abertos perto de casa.

— ... Não acho legal você ficar frequentando lugares assim...

— ... Reis...

— Você não quer dormir aqui hoje, Jasper?

Continua....

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