Capítulo • 2 •

Quando contei a clara que havia conseguido ela me olhou como se eu fosse na verdade eu criança empolgada por ter conseguido ir ao banheiro sozinha; era como se eu obviamente fosse conseguir e sinceramente? Não me lembrava de ter recebido esse tipo de confiança de ninguém da minha família.

Sorri para a minha amiga da mesma forma que sorri para a mensagem e me preparei. Eu era a babá de um Valentin e isso me colocaria sob proteção.

Ninguém suspeitaria de uma babá - e meus pais prefeririam morrer a pensar na possibilidade de me ver trabalhando.

Era perfeito.

Eu finalmente podia recomeçar.

Acordei às 5hrs. O sol subia preguiçosamente pelo céu, o tornando amarelado e alaranjado.

Me vesti asualmente - depois de ficar indecisa entre 6 opções diferentes -, como uma alguém apresentável porém simples e pulei ao ouvir Clara entrar repetidamente.

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Clara: Todo esse tempo pra isso?

Bufei.

Niel: estava... confusa quanto ao quê usar.

Clara: Relaxa, um bebê não é tão exigente quanto as suas roupas.

Ela tinha razão.

Niel: as vezes eu te odeio, mas as vezes te amo.

Clara: eu sei, é o meu dom, agora vamos, eu te levo até lá.

Sorri.

Niel: não precisa... sabe que posso pegar um ônibus.

Ela riu de forma debochada.

Clara: Você? Em um ônibus? Ao menos faz idéia de como pegar um?

Ela amava fazer isso e sinceramente? Eu não podia juga-la.

Clara: Vamos logo, eu te levo. Não vai ser difícil e sinceramente? Eu quero te ver em plena crise de pânico na entrada da mansão. Vai ser divertido pra mim.

Era óbvio que era uma piada, mas ela sorria como se tentasse me provocar.

Fiz bico.

Niel: sua sádica...

Clara: todas as minhas sub's dizem a mesma coisa, mas no fim me chamam de amorzinho e pedem mais.

Ela piscou e segurei o riso.

Niel: Você não presta.

Clara: nunca disse que prestava, mas ofereci uma carona. Te espero lá embaixo em 10 minutos. Não esquece o capacete.

Eu sempre esquecia o maldito capacete. Para variar um pouco, dessa vez eu não o esqueci.

Desci as escadas da casa de Clara até o estacionamento saltitando e a vi parada em sua moto, a jaqueta de couro, os coturnos e o capacete preto que cobria seu rosto e escondia seu cabelo por completo.

Não era surpresa que houvesse tantos contatos em sua lista de amantes.

Niel: não corro o risco de levar um tiro por ser vista contigo?

Clara: não, mas talvez alguma louca pule no teu pescoço com ciúmes.

Ela debochou, mas no fundo eu sabia que havia um pouco de verdade.

......................

6h e 56m em ponto. Clara me olhava devolver para ela meu capacete e suspirava.

Clara: sei que vai se sair bem, docinho. Mas pode me ligar se precisar de ajuda.

Niel: desde quando sabe trocar fraldas?

Ela fez uma careta.

Clara: esquece o que eu disse. Se houver um problema, não me ligue.



Olhei outra vez para a mansão e sorri.

Niel: obrigada.

Ela fez uma careta enquanto acelerava a moto sem sair do lugar.

Clara: odeio quanto me agradecem. Até mais, docinho.

Suspirei e então calmamente toquei o interfone.

Porteiro: Bom dia.

Niel: Bom dia, sou Niel Ros-... Niel Blanc, a babá que foi contratada pelo senhor Valentin.

Porteiro: Um segundo senhora Blanc.

Menos de um minuto depois ouvi a voz outra vez pelo interfone.

Porteiro: Seu acesso foi liberado, senhora Blanc. Seja bem-vinda.

Sorri.

Niel: Obrigada

Quando os portões se abriram, pude ver com perfeição o jardim e os arredores da casa. Era lindo.

Me lembrava a casa da praia que visitava na infância junto a quem eu pensava ser minha amiga - mas essa vida já não me pertencia.

Andei com a postura perfeita em direção a porta e assim que subi as escadas, um homem alto de cabelos castanhos e expressões frias surgiu.

Ele me olhou criticamente - conhecia bem aquele olhar - julgando cada célula do meu corpo e por fim, esboçou o mínimo sorriso (ou algo que deveria se parecer com um sorriso).

Mordomo: é um prazer conhece-la, senhorita... Blanc. Sou Alfred, o responsável por... bom... tudo.

Sorri. Alfred - não consegui conter a imagem de um Batmóvel e de Joshua Valentin vestido em um colan preto, com capa e uma máscara pelas ruas - batendo em comunistas e ativistas para matar o tédio.

Niel: Digo o mesmo, Alfred.

Ele se pós em frente a porta e a abriu educadamente.

Alfred: irei guia-la pela mansão e lhe mostrarei cada cômodo. Seu quarto ficará ao lado do quarto do pequeno Nix para que possa atender a suas necessidades. Caso sinta fome, peça algo a uma das empregadas, se estiver de folga - algo que raramente acontecerá -, pode escolher sair por 4 horas ou permanecer na mansão e usufruir do cinema, piscina, biblioteca, sauna, sala de jogos ou SPA. Claro, tudo isso caso o senhor Valentin não esteja usando qualquer dos cômodos no momento.

Ele explicava enquanto andávamos pela sala, cozinha e seguiamos pelas escadas até o segundo andar.

Alfred: as regras estarão presentes em seu contrato, mas não poderá sair da mansão a não ser nas suas folgas de quatro em quatro meses, deve acompanhar o senhor Valentin sempre que ele achar necessário ao sair com o jovem Nix. Deve ser responsável por tudo que envolva o jovem mestre, incluindo compras, roupas, alimentação e aprendizado. Se for incompetente ou negligenciar seus deveres, será considerado como quebra de contrato e será demitida, processada e... bom... — ele sorriu — digamos que pessoas que o senhor Valentin não gosta, costumam sumir com certa... frequência.

Máfia.

Sim, haviam boatos sobre Joshua Valentin. Tantos que foi quase como uma acusação de assassinato quando seus pais e irmão morreram, mas no fim nada foi encontrado contra ele e o príncipe Valentin reinou sobre todos os seus inimigos.

Assim como meu pai, nada ficava no caminho de Joshua Valentin.

Abri o meu melhor sorriso para Alfred e então disse.

Niel: não pretendo desagradar o senhor Valentin e tampouco maltratar uma criança doce e inocente.

Alfred assentiu, um nítido sinal de que havia respondido corretamente. Era como brincar com a minha mãe aos 6 anos sobre respostas corretas a se dar na alta sociedade.

Divertido.

Alfred: Esse é o terceiro andar — disse estendendo a mão para me ajudar a subir as escadas — a porta no fim do corredor é o quarto do senhor Valentin. A porta branca leva a varanda que é ligado a biblioteca e a porta com desenho estrelado com a raposa flutuando é o quarto do jovem Nix.

Sorri ao ver a arte.

Niel: posso... vê-lo?

Alfred assentiu e abriu a porta com cuidado. Uma das empregadas segurava um pequeno bebê em seu colo enquanto outra preparava tudo para seu banho.

Alfred: a porta em frente a essa é o seu quarto. Pode redecorar, pintar ou mudar a mobília.

Niel: então... quando começo?

Alfred: amanhã, após trazer sua bagagem e assinar o contrato com o senhor Valentin. Aproveite o dia para entender a rotina do jovem mestre e aprenda como realizá-la com perfeição. Amanhã estará sozinha.

Olhei outra vez para a criança, ele era rechonchudo e fofo, uma criança com olhos tão verdes quanto os do pai. Não sabia quem era a mãe de Nix, mas para a criança ser tão bonita, devia estar aos pés de seu pai.

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