Não se importe

Levanto meu olhar para a luz branca da sala. Luz que já vi tantas e tantas vezes que até já me acostumei com a sua intensidade.

O cheiro de álcool inundava minhas narinas e pude notar algumas presenças no mesmo ambiente. Levanto um pouco meu corpo, podendo ver agora o rosto de Bryan e de minha madrasta. Torço um pouco o bico por causa dela.

— Oh, meu Deus!!! — exclama com uma preocupação mais falsa do que uma nota de três dólares. — Como está se sentindo meu querido.

Ela tenta tocar meu rosto e eu desvio levemente. Coço minha cabeça, sentindo ela latejar um pouco. Torço para que seja por conta do estresse.

— Por quanto tempo eu dormi? — Indago com a voz cansada.

Bryan se aproxima, senta na beirada da cama. Ele nunca olha para mim, sempre fita algo em qualquer lugar.

— Mais de quatro dias. — responde com uma voz um tanto cansada.

— Uau... — deixo uma risada nervosa escapar por minha garganta. — Acho que não poderei dormir tão cedo. Onde está o Doutor West.

Minha madrasta se prontifica de ir buscá-lo no laboratório e a única coisa que faço, é cruzar os braços de olhos fechados, aguardando. O silêncio de Bryan me incomoda. Sinto seu olhar em mim, por isso quando abro os olhos, leio sua mente

Entendo. Ele não queria estar aqui. E sim com a sua namorada.

— Já pode ir para casa, se quiser. — digo.

Ele me encara surpreso.

— leu a minha mente?

— Sim, mas pode ir se quiser. Tá mais do quê óbvio que não quer estar aqui. Por isso, poder ir agora. — digo voltando a fechar os olhos.

— Ei! Acha que não me importo com você? — indaga me segurando pelos ombros. — Abre a porcaria dos olhos.

Abro e o encaro. Livro o aperto de meus ombros e então o empurro levemente.

— Deveria? — pergunto. — Não há muitos motivos para que se importe com a minha pessoa.

— Nós... Nós somos irmãos. — diz com uma feição triste. — eu... Amo você, por mais que seja insuportável.

Nego com a cabeça, revirando os olhos.

— Bom, não é recíproco. — simplesmente falo, ainda não percebendo o peso do que falei.

Bryan me olha assustado, então sai do meu quarto de hospital como um raio. Ainda vejo algumas enfermeiras pessoas do West o encarando como se fosse um louco.

Irmãos... Irmãos... O quão importante é essa palavra? Sou um monstro por não me importar com ele?

Espero eu que não.

Doutor West chega logo em seguida. Esticado como um poste, calvo e pálido, adentrou o quarto ansiosamente.

— E então meu jovem, como está se sentindo? Ora, que tipo de pergunta a minhas! Deve estar odiando ficar novamente nesse quarto. — Brinca sacudindo a cabeça agora cima e para baixo.

— Odeio o cheiro desse lugar. Até o pior desinfetante, deve ser melhor que isso.

Ele riu, jogando a cabeça para trás de maneira teatral. Um tanto ridículo, mas até um pouco cômico.

— Chega de brincadeira. Bom, garoto, vou ser sincero com você. O que entendi de você é que seu corpo está se adaptando a tanto poder. Esse período de absorção e adaptação de seu corpo pode demorar e até ser doloroso. — ele suspirou. — É uma explicação para o seu problema. Mas... Pode ser que...

— pode ser que...

Ele negou com a cabeça e por fim disse:

— É uma teoria. Lembra quando eu disse a você que, seu corpo precisa ser forte para aguentar tantos poderes e energias diferentes? Então, estou estudando seu corpo, tentando descobrir uma forma de para a evolução do seu poder. Não sei se o seu corpo vai suportar ou não os poderes. Mas é apenas uma ideia que eu tive.

Balanço positivamente a cabeça. O doutor começou a falar algumas coisas, mas por fimrespondi:

— É isso? Posso ir para casa?

Ele permitiu e assim que ele se virou para me liberar, eu me transportei para casa. Deito na minha cama

Fecho meus olhos com apena sim pensamento em minha cabeça.

E se meu corpo não aguentar?

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