Mercenária

Léo está confuso, ele não consegue entender o que aconteceu há exatos 15 segundos atrás, todavia Caio está mais confuso ainda, ele tenta entender a situação, cada passo em falso que ele tenha causado.

Caio e Léo estão no esconderijo de Caio, pelo visto sua assistente não está no local.

- Foi minha culpa, foi minha culpa, ele morreu por minha culpa - Caio começa a socar a parede.

- Ei, como... assim? - indaga Léo sem conseguir se expressar.

- Ela o perfurou com um arco na barriga... eu fugi porque fiquei com medo, ele... ele... morreu por minha culpa.

- Calma, não tô entendendo, cadê o Asani? Ele ficou lá?

- Sim - Caio continua socando a parede.

- Por que você não o trouxe? Você cria portais, mano, por que, ei, por quê?

- Eu tava em choque, mermão, única coisa que eu consegui pensar foi em te salvar.

Léo puxa uma cadeira da mesinha de madeira, se senta, suspira e diz:

- Então tá de boa.

- Como assim? Não entendeu o que eu disse?

- Se ele disse que é imortal, ele é, Asani nunca mentiria pra mim. Só vai lá e busca ele, bora esperar uns dez minutos, afinal ele é imortal.

...

Asani está com 3 balas em sua cabeça, as chances de se recuperar são impossíveis, mas um pensamento foi transmitido para seu Ring, "não quero morrer, não agora que encontrei uma garota bonita".

- Bora, Emni, esse pirralho já se foi.

- Eu tava gostando dele - responde Emni apertando Asani em seus braços durante um último abraço.

- Que abraço quentinho, eu também tava gostando de você e aliás, eu ainda tô gostando - fala Asani, seu corpo voltou no tempo, apenas o estado dele, não há uma bala nele ou sangue escorrendo.

- Como? Você não tá sangrando? Como? O que aconteceu? - indaga Emni surpresa, com um aliviar na sua respiração.

Um olhar frio e agressivo, Asani encara Thiago nos olhos.

- Ei, cara, que tal você me dar ela e eu te deixo vivo?

- Você se acha mais forte que eu? Tô nem aí se você ainda tá vivo - responde Thiago.

- Cai na real cara, me mata quantas vezes você quiser, eu sou imortal - fala Asani indo em direção a Thiago, coloca sua mão direita sobre a mesa e impulsiona sua pernas, acertando um chute em Thiago que estava na ponta da mesa em pé.

Ao ser empurrado para trás com um chute, Thiago ordena Emni.

- Mate-o, Emni!

- Seu erro é confiar muito nela, e se eu a tivesse matado? - indaga Asani se levantando do chão.

- Mate-o, Emni.

Asani o soca na barriga com seu punho direito e logo em seguida no rosto com seu punho esquerdo, fazendo-o recuar até chegar na saida do estabelecimento e o chuta rapidamente e fortemente, adiantando o local no tempo, com seu pé direito no joelho de Thiago, fazendo-o quebrar.

- Desgraçado, como ousa, um chute desses nunca quebraria meu joelho - fala Thiago caído ao chão da calçada.

- Meu Ring permite adiantar ou voltar no tempo algo, no caso eu fiz o estado e local de meu corpo adiantarem no tempo e como seu joelho estava atrapalhando a posição, quem controla o tempo prevalece, não é? Eu não te disse que você era fraco por depender dela? - fala Asani se abaixando para encarar Thiago.

Uma flecha na velocidade do som perfura o peito de Asani.

- Que raios é isso? De novo? - resmunga Asani colocando a mão em seu peito.

A flecha que perfurou Asani, perfurou também Thiago, portanto os dois morreram ao mesmo momento.

- Desculpa, Asani, eu não podia perder essa oportunidade - fala Emni ao lado do corpo morto de Asani.

(Volta) em português, vem do verbo voltar vir ou ir (de um ponto ou local) para (o ponto ou local de onde partira ou no qual antes estivera); regressar, retornar.

(Time) em inglês, duração relativa das coisas que cria no ser humano a ideia de presente, passado e futuro; período contínuo no qual os eventos se sucedem.

Este é o motivo do Ring ser chamado de "Volta-time".

Asani volta o corpo até o estado anterior do corpo, a imortalidade através do tempo, será que o torna realmente imortal?

- De boas, mas por que você o matou? - pergunta Asani.

- Nunca gostei dele, ele vivia arrumando uns trabalhos chatos pra eu fazer e eu era obrigada a seguir, ele era impossível de matar, você abriu a brecha e eu só aproveitei, tudo que ele tocava trocava de lugar, agora eu sou livre.

- Nossa, que poder..

- xiuxiu olha o Ring desaparecendo, ele brilha... e some, só? que triste - comenta Emni olhando para a mão de Thiago.

- Então o poder dele era esse, ele podia trocar pedra por dinheiro? - indaga Asani.

- Sim.

- Então se ele quisesse, ele poderia trocar essa minha camiseta rasgada por uma calcinha?

- Sim.

- E se fosse pela sua?

- Poderia, mas ninguém é tão idiota, seu pervertido.

- Tô brincando, queria ver você rir, mas você nem gosta de rir pelo visto.

- Não vou gargalhar com piadas idiotas, se é que isso é piada.

- Quer ir pra onde agora? - Asani se aproxima dela.

- Vou rodar o mundo.

- Não quer ir comigo?

- Claro que não!

- Mas você não gosta de mim?

- Óbvio que não, era só pra missão que ele criou.

- Que vacilo, então você me iludiu? - indaga Asani

- Teoricamente sim - responde Emni.

Caio cria um portal para ir até Asani.

- Não pode ser, fui iludido pela garota mais bonita do mundo, preferia que fosse um sonho - resmunga Asani.

- Você também é bonito, mas é pervertido - fala Emni.

- Claro que não, era só parte do papel.

Os dois pombinhos debatem até Asani passar pelo portal criado por Caio.

Emni cria seu arco e atira uma flecha teleguiada que surgiu em sua mão, ela dá a volta pelo estabelecimento e volta para Emni ainda no ar, ela pega a flecha e voa junto, sendo sustentada pela própria flecha no ar.

Caio cria um portal na frente dela, levando-a para seu esconderijo.

- Que raios aconteceu aqui? Perdi o norte? - resmunga Caio.

Ele passa pelo portal chegando em seu esconderijo.

- Ei, não quer me contar o que aconteceu? - indaga Caio.

- Também não entendi nada, acho que ela tem um passado obscuro com aquele cara - responde Asani.

- Eu disse que ele estava vivo, se ele disse que era imortal ele é - fala Léo.

- Vou contar a vocês quem realmente sou - Emni quer revelar algo.

- Uma mercenária - responde Asani.

- Como você sabe? - indaga Emni.

- Você que disse.

- Quando?

- Há uns dez minutos atrás?

- Nossa! Eu nem lembro - resmunga Emni.

- Ele achava trabalhos pra você fazer e se um deles envolvia me matar, eu deduzi isso - comenta Asani.

- Enfim, eu sou mercenária mesmo não querendo ser, recebi uma ordem para matar quem saísse da Dungeon e como eu falhei, o contratante não vai querer me pagar.

- Então tá cancelado? - indaga Léo.

- Acho que sim.

- Como assim?

- Ele pode me ligar de novo pedindo pra que eu os mate.

- Ah não! - resmunga Léo caindo ao chão com suas mãos sobre a cabeça.

- Eu posso recusar, é simples, só dizer não, já que Asani é imortal - fala Emni se virando para a porta.

- Você não vai sair, né? - indaga Asani preocupado.

- Vou, não tenho nada com vocês, estou livre agora, mesmo que aquele cara me ajudava muito.

- Eu posso te ajudar mais - fala Asani colocando sua mão direita fechada em seu peito.

- Não quero, tchau!

- A gente não podia ser namorados?

- Não, nunca!