Capítulo 2 — Sobre a perda

Gabriela, 28 anos... Formou-se em nutrição... Ama cuidar do outro. Trata a todos com gentileza. Menos quem dá em cima de seu marido, diga-se de passagem... Estudou realmente para ajudar outras pessoas de alguma forma. Sempre lutou por todos os objetivos... Conheceu Rafael há dez anos e apaixonou-se perdidamente...

***

Rafael que ainda está abraçado a ela.

— Não fique triste meu amor... Eu já disse que se você quiser eu abro uma clínica para você trabalhar contrato quem for preciso... — Ele pensa. “Até parece que vou fazer isso”

— Já disse que não! Quero conseguir com meu próprio esforço... Se eu não aceitei trabalhar em sua empresa, vou aceitar isso? Eu não cresci rica, Rafael. Eu sempre busquei tudo na minha vida... Você que insistiu em me dar as coisas e sabe disso muito bem.

— Sim. Eu sei! Não fique brava, eu te amo tanto.

— Também te amo, minha vida.

— Sei o remédio para você ficar boa logo...

Ela rindo pergunta-lhe:

— Que remédio?

— Primeiro pare de chorar. Deixe-me limpar essas lágrimas desse rosto lindo. — Diz Rafael limpando suas lágrimas e beijando-a com amor. — Agora quer saber o meu remédio?

— Qual é Rafael?

Ele vai beijando e falando com ela:

— Esse beijo aqui na orelha... Esse aqui na boca... Esse aqui no pescoço...

— Pare com isso... Já está me animando... Obrigada meu amor.

— Faço tudo por você. Para te ter perto de mim, Gabriela. Eu te amo demais.

— Eu sei Rafael.

Ela levantando-se da cama.

— Bom. Agora, fazer o quê? É esperar outra vaga... Mandei vários currículos, logo, logo devem chamar... Pelo menos eu espero... Vamos jantar?

— Vou tomar um banho... Está convidada.

— Convite tentador amor, mas lembrei de que sua mãe vem jantar conosco.

— Sério? Logo hoje que eu queria ficar a sós com você?

— Não fale assim de sua mãe. Ela é uma pessoa maravilhosa.

— Marcela vem?

— Ela não me disse nada hoje... Mas também saí do shopping tão triste que nem perguntei...

Ele puxando-a com gentileza.

— Ok, se chegarem... Elas que esperem! Agora eu quero fazer algo melhor com a minha esposa... Posso?

Gabriela sorrindo-lhe.

— Sempre meu amor.

Eles beijam-se... E fazem o amor que já estão acostumados, porque apesar de tudo, amam-se demais em cada detalhe...

***

Durante o jantar... Luciana, mãe de Rafael fala à Gabriela:

— Minha nora linda... Já está na hora de me dar um neto...

Gabriela ficando sem graça. Marcela chama a atenção da mãe.

— Mãe!

Rafael também fazendo o mesmo que sua irmã.

— Dona Luciana!

Rafael segurando a mão de Gabriela... E ela sorrindo para Luciana.

— Sogra, já disse que não chegou a hora... Quando chegar, a senhora vai ser a primeira, a saber...

— Um casal tão lindo e apaixonado desses... Quero um netinho.

Marcela sendo insistente.

— Mãe, pare com isso!

Rafael encerrando o assunto.

— Vamos jantar que a comida está deliciosa. Glória... Venha aqui!

***

Glória, empregada de Rafael e Gabriela, chegando à presença de todos.

— Oi senhor, me chamou?

— Óbvio, não é? Traga a sobremesa!

— Agora senhor. — Diz Glória abaixando sua cabeça.

Gabriela, irritada com a atitude do marido.

— Não fale assim com a Glória, Rafael!

— Eu falo do jeito que eu quiser Gabriela! Quem paga o salário dela sou eu! E muito bem, por sinal.

Gabriela levantando-se.

— Sogra, cunhada... Desculpem-me, mas perdi a fome...

Rafael irritando-se.

— Gabriela, não faça isso!

Gabriela que sempre faz tudo o que tem vontade, simplesmente fala a ele:

— Com licença meu marido.

Rafael ficando bastante irritado.

— Gabriela...

Ele dá um soco na mesa e Gabriela sai. Luciana não gostando da cena.

— Porque isso, meu filho? Nunca te criei assim.

— A Gabriela fica defendendo qualquer um mãe. Sempre foi assim.

Marcela fala a seu irmão:

— Ela só é justa. Você que é um grosso! Não sei como ela te aguenta já há 10 anos.

— Faça-me um favor, Marcela! Não encha minha paciência.

Luciana propõe aos dois:

— Vamos acabar o jantar em paz, pelo menos? Vocês dois parem de se comportar feito duas crianças.

Marcela dá a língua para Rafael... E ele responde:

— Não é possível uma coisa dessas.

***

Na cozinha... Gabriela vai falar com Glória e ao vê-la chorando.

— Não fique triste! Desculpe-me pela grosseria do Rafael.

— Tudo bem senhora. Não brigue com seu esposo por causa de mim. Está tudo bem!

— Pare com isso! Dê-me essa sobremesa, deixe que eu mesma vá levar. Vai descansar agora Glória.

— Não senhora, é melhor não. Ele vai brigar comigo.

— Fique tranquila! Não vai! Pode ir descansar... É uma ordem Glória!

— Sim, senhora!

Quando ela volta à mesa... Gabriela sendo completamente debochada...

— Pronto senhor Rafael! Está aqui sua sobremesa... Deseja algo mais meu senhor? Se quiser, posso me ajoelhar e beijar seus pés.

Ela deixa a travessa em cima da mesa e Rafael com raiva segura em seu pulso e olha fixamente em seus olhos quando fala a ela:

— Gabriela, pare com isso, agora! Eu estou mandando.

Gabriela se solta... Marcela que está rindo.

— Cunhada, você é demais! Eu amo você!

Luciana dirigindo-se à Gabriela.

— Essa minha nora linda, cada dia me surpreendendo mais.

Gabriela ri junto com elas. Apenas Rafael fica irritado e levantando-se da mesa ele retira-se do ambiente.

Quando ele vai, Gabriela dirigindo-se à sogra e a cunhada.

— Só nos resta experimentar esse pudim que está com cara deliciosa.

Marcela e Luciana concordam com ela e as três riem bastante.

***

Após o jantar... Depois que sua mãe e irmã vão embora... Rafael que estava em seu escritório, volta e encontra Gabriela lendo um livro na sala.

— Não gostei do jeito que você se comportou que fique claro.

Gabriela que sempre tem uma resposta na ponta da língua.

— E você? Muito menos eu gostei do seu comportamento... Humilhando a Glória que trabalha fielmente para nós dois a quatro anos... Desde que nos casamos... Dizendo... “Eu falo como quiser, eu pago o salário dela”. Eu, eu, eu... Você só sabe dizer, “eu isso, eu aquilo”. Você era bem melhor antes de acontecer, o que nos aconteceu...

— Você está atribuindo a minha mudança à perda do nosso filho agora? Igual a hoje cedo...

— Só pode, você mudou da água para o vinho depois que isso aconteceu, Rafael.

— Pensei que você ia falar para elas...

— Ninguém precisa saber que já sofri um aborto espontâneo, estava com três meses, ninguém de fora soube. Isso foi há três anos.

— E desde então não conseguimos mais...

***

Há três anos...

— Rafael!

— Oi meu amor...

Gabriela chorando bastante.

— Estou perdendo nosso bebê...

— Vamos agora para o hospital, calma...

***

Ainda há três anos... No hospital... Gabriela chorando.

— Perdi nosso bebê...

Rafael abraçando Gabriela.

— Não fique triste minha vida. Podemos tentar de novo... O médico disse que apesar disso, está tudo bem...

— Estou triste demais. Estava criando expectativas com o enxoval, o chá de bebê, o nascimento... Nosso primeiro filho...

— Fique calma... Teremos outras oportunidades... Eu estou aqui com você minha princesa... Eu te amo muito.

— Também te amo. Você falou para alguém?

— Não Gabriela.

— Então deixe quieto, por favor... Melhor não falar para nossas mães e nem para sua irmã.

— Como você quiser... Eu só quero o seu bem.

— Me abraça forte Rafael.

— Estou aqui... Pode chorar... Sempre vou te proteger, de tudo e de todos...

***

Atualmente...

— E desde então, você mudou tanto Rafael.

— Não dá para conversar com você...

Rafael direciona-se para o escritório e Gabriela vai atrás.

— Toda vez é isso, basta eu falar sobre a perda do bebê que você faz a mesma coisa... Sempre foge...

Rafael vira-se e parando de frente para Gabriela.

— Porque eu não quero que essa discussão tome proporções maiores Gabriela. Simples assim...

— Temos que conversar abertamente sobre isso... De repente, é por isso que ainda não conseguimos.

— O que você quer dizer com isso?

— O fato de nunca finalizarmos essa conversa. Nossos exames estão todos ok. Sempre estão atualizados... Não temos problema nenhum... Mas nunca conversamos abertamente.

— Nada a ver isso que você está falando... Como sempre falando besteira.

— Está vendo? Sempre finalizamos com você me tratando assim.

— Gabriela... Já estou perdendo a paciência com você novamente.

— Por mim... Nunca tive e não tenho medo de você. — Diz Gabriela encarando-o olho a olho.

— Nunca te dei motivo para ter.

— Quer saber? Isso não vai levar a lugar nenhum...

— Exatamente... Agora pode me deixar em paz? Você está chata com isso.

Ele sai do ambiente em que se encontram... Gabriela chora de raiva... E quando ele sai.

— Digo o mesmo...

Ela sobe para seu quarto e vai dormir... Quando Rafael sobe e chega a seu quarto percebe que ela já está dormindo e deitando-se ao seu lado, ele pensa olhando para ela.

“Eu te amo tanto... Só quero você perto de mim, assim...”.

Ele faz um carinho nela... E continua a pensar.

“Não quero ninguém perto de você... Pois, o medo de te perder é grande demais...”.

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