Acordei atordoado com um barulho muito alto ecoando na minha cabeça.
A Antonella estava em pé, ao lado da minha cama batendo uma colher numa panela e gritando 'acorda papai'.
-Filha, o papai tá com dor de cabeça. - falei sonolento.
-Não, toma remédio pai, eu tô dodói você me dá remédio. - falou brava cruzando os bracinhos e fazendo bico.
-Tá bom, o papai vai tomar remédio, mas espera cinco minutos filha. - falei virando o rosto para o outro lado da cama.
Não adiantou, ela subiu em cima da cama e ficou pulando e gritando para eu acordar. De onde vem essa marra toda?
-Tá bom filha o papai já levantou. - falei levantando sentindo uma leve tontura.
-Vou faze café, desce pai, depois do banho, pai fedolento. - falou tapando o nariz com a mão.
-Eu? Não tô fedendo, tomei banho ano passado. - brinquei com ela que saiu com a mão no nariz falando 'Eca'.
Ri e percebi o cheiro de álcool da noite passada, aí estava o fedor que a Antonella sentiu. Fui direto para o banheiro tomar banho e fazer a higiene matinal de sempre, desci para tomar café da manhã e lá estava a Antonella me esperando com uma xícara na mão.
-Café pai, café.
-Tá bom, senta e vamos comer juntos. Bom dia mãe, está radiante hoje. -o sorriso nos lábios de dona Eva era perceptível.
-Estou meu filho, tenho um encontro no domingo. -me surpreende essa novidade, a minha mãe não sai com ninguém faz quatro anos, desde que meu pai morreu, no mesmo dia que a Antonella nasceu.
-Que ótima notícia mãe, com quem?
-Meu filho, me prometa que não vai ficar com raiva de mim, eu pensei muito pra chegar nessa conclusão e na época em que seu pai era vivo isso nunca nem passou pela minha cabeça. -ela anda de um lado para o outro como se estivesse nervosa. - Eu conversei com sua irmã e ela entendeu, mas você eu deixei pra falar depois por que você estava muito mal esses meses sem emprego.
-Não importa quem seja mãe, se te faz feliz, isso que importa. -tentei passar o máximo de segurança pra ela.
-É o Bryan. -ela fala receosa.
Ela ficou esperando a minha reação, mas acontece que eu não tenho o que reagir, o Bryan é pai do Nathan, e de alguma forma eu já havia notado algo, só não queria acreditar.
-O Nathan sabe?
-Bryan falou que ia conversar com ele hoje. Mas, o que você acha? - ficou receosa.
-Não acho nada, quem tem que achar não sou eu, seja feliz e se ele vacilar, estarei aqui pra tudo que precisar.
-Oh meu filho, você não sabe o quanto isso é importante para mim. - com os olhos cheios de lágrimas ela me olhou com agradecimento, mas eu que devo isso a ela, por tudo.
-Eu imagino, domingo vou ficar na lanchonete e com a Antonella, se arrume e se divirta.
Ele apenas sorriu e tomamos o café da manhã tranquilos.
Pela tarde fui numa loja de roupas e comprei algumas camisas e calças formais, comprei dois sapatos e passei no mercado para comprar algumas coisas para a Antonella.
Pela noite saí novamente para a boate, reencontrei uma amiga da escola e ficamos conversando.
Voltei para casa não muito tarde pra não levar bronca da patroa Antonella, coloquei ela na cama para dormir e fui dormir também.
*Sonho*
Eu estava deitado numa cama enorme, estava muito calor então escuto alguém ligar o ar condicionado, uma luz invade o meu rosto e eu não consigo ver nada.
No canto de uma parede a silhueta de uma mulher tirando a roupa me chama a atenção e então a luz é desligada e a silhueta some.
Escuto vozes, muitas vozes, e me foco em apenas uma que chamava o meu nome.
-Matteo, Matteo, Matteo.
Eu decido responder e então pergunto quem é e a pessoa responde baixo, algo que não deu para escutar. Percebo que estou preso na cama com correntes e aparece uma mulher na minha frente, não consigo ver o rosto dela, ela tira as correntes da minha mão e fala…
-É você que eu quero.
Acordo atordoado e penso muito no sonho, talvez eu imagine quem seja a mulher. Mas não vou e nem quero pensar nisso agora.
Fui direto para o banheiro fazer minha higiene matinal e logo após desci para tomar café da manhã.
Percebo que minha rotina está muito repetitiva e amanhã ela irá mudar completamente. Estou grato por ter sido contratado, mas assustado com o cargo.
A Emma parece ser uma mulher difícil, mas assim que entrei naquela sala tive a sensação que o que falam dela é tudo mentira, ou exagero. De qualquer forma vou descobrir ao longo do tempo.
-Bom dia lindas. - coloquei o melhor sorriso no rosto.
-Bom dia Papai.
-Bom dia Filho. A Miriam ligou, eu contei para ela a novidade e ela ficou muito feliz por você, disse que mais tarde liga pra vocês conversarem. - minha mãe falou colocando o que parecia ser chocolate na panqueca, ela tinha um vício por doces preocupante.
-Tudo bem. Preparada para o encontro hoje a noite? - tentei demonstrar empolgação.
-Sim, não tô nervosa, estamos juntos a dois meses, não te falei porque você estava deprimido.
-Eu não estava deprimido, só frustrado por não ter conseguido emprego, mas agora isso acabou, amanhã eu começo uma nova jornada na minha vida.
-De muitas que vão vim meu filho. Você vai ser um ótimo médico, disso eu tenho certeza. - apenas sorri para ela que me olha de forma carinhosa. -Ok, agora vou sair, vou no SPA.
-Nossa dona Eva, vai voltar gata?
-Eu já sou! - fala convencida. -Não me esperem para almoçar, vou comer num restaurante perto do salão. Volto apenas para me arrumar para o encontro.
-Tá bom. Vai dar um beijo na sua avó filha, ela já vai sair. - ajudei a Antonella a sair da cadeira e ela foi em direção a avó com um sorriso no rosto.
-Tchau vovó, traz blinquedo. - fala abraçando ela.
-Vou trazer minha netinha linda. Se cuidem, os dois.
Ela saiu e eu e a Antonella terminamos o café da manhã tranquilos sem preocupações. Logo em seguida eu abri a lanchonete e o movimento estava fraco, tinha dias que estava assim, depois que uma lanchonete abriu na esquina da rua.
-Pai, posso sorvete? - Antonella me tira dos meus pensamentos.
-Só uma bola, se não você não almoça.
Acompanhei ela no sorvete e quando chegou a hora do almoço resolvi comer na lanchonete mesmo. A Antonella ama a lanchonete, ela adora brincar de caixa e tem uma ótima relação com todos os clientes, todos amam ver como ela é esperta.
Vendo ela conversar com a vizinha me fez pensar, eu consegui criar minha filha sem a mãe, e até hoje ela nunca perguntou sobre o assunto, espero que não pergunte tão cedo, pois não sei o que responder.
Saio dos meus pensamentos quando escuto uma voz familiar.
-Ficou sabendo daquele absurdo? - Nathan entra na lanchonete com a cara fechada e o maxilar trincado.
-Fiquei, não acho um absurdo eles são adultos muito bem resolvidos, sabem o que estão fazendo. - falei já sabendo do que ele estava falando. -Não podemos nos meter nesse assunto.
-Eu sei mas, é estranho, eu não sei como reagir, o que pensar. Tudo tá confuso.
-Deixe as coisas acontecerem e aí vamos ver no que vai dar.
-Tem razão, estou me preocupando atoa. Vai na boate hoje?
A velocidade que ele mudou de assunto me assusta.
-Tenho que ficar com a Antonella, dona Eva tem um encontro hoje com o seu pai. Hoje eu vou assistir Barbie e comer pipocas com refrigerante. Não quer nos acompanhar? - falo em tom de deboche.
Nathan não se aproxima muito de crianças desde que a mãe dele morreu no parto do irmão, ele é um pouco intenso demais, e quando algo de ruim acontece na vida dele ele leva como um trauma pra vida toda.
-N-não, eu tenho que assinar uns papéis…
-De noite? Conta outra Nathan.
Rimos muito e ele foi embora, logo minha mãe voltou para se arrumar e trouxe um brinquedo para a Antonella que amou e brincou com ele direto, minha mãe se arrumou e saiu atrasada.
Durante a noite fechei a lanchonete e recebi uma ligação, era a Miriam.
-Esqueceu da família? - perguntei sarcástico.
-Muito engraçado Matteo. E você? Esqueceu que tem irmã e não me contou que conseguiu um emprego na melhor empresa de moda do país!?
-Não tive tempo.
-Conta outra Matteo. Então, começa quando?
-Amanhã. Estou ansioso para sua volta, como tá sendo esses últimos dias aí? - falei mudando de assunto.
-Está sendo de despedida, estou muito feliz que vou voltar.
Ficamos conversando por um tempo falando sobre a faculdade dela e sobre a sua volta para casa, falei um pouco sobre a entrevista e depois de alguns minutos encerramos a ligação.
Passei o resto da noite com a Antonella na sala, assistindo e comendo besteiras. No final da noite levei ela para o quarto e coloquei ela na cama. Dei beijinhos de boa noite e a cobrir.
Escutei minha mãe entrar em casa, fui falar com ela e ela me contou um pouco sobre sua noite.
Fui para meu quarto e deitei para dormir.
-Amanhã, eu começo o cargo de assistente pessoal da Emma Smith. - pensei alto. - Será que aguento pelo menos as primeiras horas? Vamos descobrir.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 82
Comments
Joana Darc Rocha Carvalho
já tô vendo tudoo!amando cada capítulo /Angry//Angry//Grin//Facepalm/
2024-05-21
0