04

Na vinícola

- Maria?

- Estou aqui na dispensa Zé.

Ele entra na dispensa. Encontra Maria pegando alguns ingredientes.

- Então. Você notou o que eu notei? (pergunta Arthur José)

- Vi sim. Dessa vez o senhor Lucas foi longe demais. (fala Maria de bico)

- Como ele conseguiu uma mulher que lembra a ex senhora dessa casa, a dona Sophia. Ela tem a mesma cor dos olhos e cabelo. (fala Zé)

Maria que estava de costas vira para ele.

- A menina é muito doce, e quer realmente tratar do distúrbio do Sr Vitor. Aí Zé, tenho medo pois não sei como ele ira reagir ao vê-la. (diz Maria)

Ana Júlia tinha alguns traços da falecida esposa de Vitor, agora Maria entendeu o pedido que Lucas fez dizendo a ela para cuidar de Ana.

- Onde a moça está? (falou Zé)

- Foi ao quarto arrumar suas coisas. E acho que também descansar um pouco. Ela queria ver Vitor mas eu disse a ela que hoje não seria uma boa ideia. Tenho que preparar o terreno antes que ele a veja.

Zé cruza os braços.

- Aposto que ele já a viu. Nada foge dos olhos atentos do Sr. Navarro. Sabe que ele fica espreitando pela casa.

Fala Zé sabendo que a casa tinha suas passagens secretas que o seu padrão usava para se locomover sem ser visto.

- Que essa menina tenha força necessária pra suportar o mau humor do homem. (fala Maria)

A NOITE.

Ana Júlia estava em seu quarto.

Tinha passado o primeiro dia e ela ainda não tinha visto seu paciente. Maria disse a ela que primeiro queria falar com Vitor Navarro antes e prepará-lo. Isso soou estranho, achou Ana.

Ana estava com um livro nas mãos, sentada na beira da janela. Ela olha pra cima contemplando a noite.

A noite era iluminada pela lua e estrelas.

- Aqui e tão silencioso. Eu poderia morar tranquilamente em um lugar assim. (diz ela sorrindo)

De repente ela tem uma sensação estranha. Olha para o jardim.

Ela vê uma sombra na noite, Ana tenta apertar os olhos para verificar quem era e não conseguiu.

A pessoa some entre as vegetações.

- Que estranho. Será que era o vigia? Ou algum trabalhador?

Ana Júlia poderia jurar que a pessoa estava olhando diretamente pra onde ela estava.

Ana bufou e Insatisfeita de não ter conseguido ver nada, ela colocou um roupão por cima do pijama e saiu do quarto.

Ana Júlia sempre foi muito curiosa, sua mãe vivia dizendo que um dia ela ia colocar aquele ditado a prova: A curiosidade matou o gato.

A casa estava escura com as luzes apagadas. Ana levou o celular ligou a lanterna.

Abriu a porta principal que dava acesso ao jardim.

- Olá! Tem alguém aqui? (diz ela)

Ana anda mais a frente tentando ver se via a pessoa de novo. Mas não havia ninguém. Ou era isso que ela pensava.

Escondido na noite a poucos passos dela estava Vitor Navarro.

Ele analisava a mulher parada no meio do jardim olhando para todos os lados, um sorriso de canto abriu em sua boca ao olhar minuciosamente as longas pernas dela subindo até chegar a sua cabeça, a onde seu cabelo estava preso em um coque.

O desejo dele era ver os cabelos dela soltos, voando ao vento. Se ele pudesse se aproximaria dela e arrancava aquele prendedor de cabelo.

Vitor respirou fundo.

Ana não o viu mas sentia a presença de alguém ali.

- Devo esta ficando louca! (disse ela)

Ana bufa de raiva. Desistindo de sua busca.

Quando ela deu as costas indo em direção a porta no intuito de voltar pra dentro, ouviu um barulho.

Ela se vira para olhar.

- E o vento soprando Ana! Sua louca! (fala ela pra si mesma em voz alta)

Ana olha mais uma vez e não vendo nada entra na casa.

Vitor ficou olhando-a.

Ao mesmo tempo que a queria longe, a queria por perto mas não podia se aproximar, era arriscado demais.

- Eu sou um monstro. Ela não pode me ver assim não, com esse rosto desfigurado pelas chamas. Não, não... Ela tem ir embora.