o assanho das senhoras.

Quando acordo reparo no vazio que o ônibus encontra, uma via totalmente escura e iluminada apenas pelo falou do ônibus e as luzes de ambulância que brilhavam através das janelas do ônibus.

aos poucos as memórias foram voltando e a cada segundo meu coração acelerava mais.

Reparo cinco senhoras ao meu redor me abanando com toalhinhas, elas pareciam estar vindo de um culto ou algo assim, pois vestiam roupas brancas de linho de algodão grosso com um cheiro muito forte de naftalina exalando de alguma delas.

Escuto passos vindo da escada do ônibus.

Um dos rapazes da ambulância chega perto me examinando com os olhos ou admirando minha cara de trouxa.

Nunca tinha me sentido tão constrangida e o medo de chegar tarde em casa me consumia por dentro, apesar de meus pais não saberem que eu iria voltar seria pior o interrogatório chegando tarde da noite..

O médico era lindo, alto, preto, jovem forte e com um sorriso tão encantador que me fez sentir um pouco da sua levaza mesmo com um jeito sério de senhor.

– oi, meu nome é Gustavo. Boa noite. A gente foi chamado para atender a senhora, porque desmaiou e não conseguiram te acordar até o momento em que chegamos pouco.

– eu já estou melhor, só quero chegar logo em casa. – digo com um ar piedoso pelo incomodo que causei.

– bom.. me disseram que a senhora bateu a cabeça, então me deixa te examinar um pouco, prometo que vou ser rápido e se estiver tudo bem te libero. – responde me causando mais constrangimento ainda.

As senhoras pareciam encantadas com o jeito do Gustavo pois ao invés de me abanar já abanavam os próprios rostos avermelhados.

Aceitei os cuidados dele mesmo com pena.

– oi, boa noite. Meu nome é Guilherme. Olha vamos te examinar lá na ambulância só pra saber se sofreu alguma coisa mais grave que a queda. – diz ainda na porta do ônibus observando a cena.

Dito isso o doutor Gustavo me ajuda a levantar dando apoio com o braço enquanto afasta as senhoras insistentes nos assuntos dos outro.

fui encaminhada para dentro do veículo e lá comecei a reparar mais no ambiente, parece que a hora passou correndo era noite, o sereno entrava em meu nariz me fazendo sentir livre.

Uma viatura da polícia militar e os 3 policiais que colhiam o depoimento do motorista e da cobradora afim de saber o que tinha realmente acontecido.

– vou passar essa lanterninha em seus olho, você consegue seguir? – Pergunta o doutor Gustavo.

Me assustando.

– sim... – responde de leve para não transparecer meu incômodo.

– hum... ok, vou aferir sua pressão e dar uma conferida na sua glicemia. – diz com uma cara não muito boa.

Ele faz todos os exames infelizmente teve várias alterações então foi decidido que ela iria ser encaminhada à emergência.

– Eu não posso ir, eu sou menor de idade e não quero assustar meus pais. – falo com aflição.

– eu sinto muito, mas seria uma irresponsabilidade te deixar aqui assim, seu nível glicêmico está baixo, sua pressão alta já são 21hrs da noite e você está sozinha. Tem algum outro motivo para você não querer ir ao hospital? – pergunta com um jeito de pouca paciência.

Eu sabia que tudo isso seria perigoso para mim e principalmente para meu filho, mas não quero alertar meus pais.

Eles só saberiam que eu estava indo para casa quando na minha chegada como o combinado era passar o fim de semana com o Matheus.

– tudo bem, eu vou. – Aceito sem ter muito mais o que falar.

Um dos policias se aproximou da ambulância com sua arma ainda em punho me paralisando mais ainda. Depois de tudo o que aconteceu nesse fatídico dia tudo o que menos preciso é de mais gente armada perto de mim.

– a senhora estava consciente no momento do assalto? – Pergunta olhando diretamente nos meus olhos sem muita ressalva.

Eu apenas balanço a cabeça informando que sim.

- algum deles te agrediu?

– não senhor.

– você está assustada? Se eles não bateram em você o que é isso aí no seu rosto?

Eu nem lembrava mais do soco que tinha tomado na cara, senti vergonha e só queria sair logo dali.

– Eu me machuquei em casa. – Disse para disfarçar a vergonha que sentia.

– me parece mais que tomou um murro na cara. Seja sincera, o rapaz ali disse que você fingiu desmaio para distrair o pessoal quando os meliantes queriam sair do ônibus.

– claro que não senhor, eu nunca faria algo assim, e nem mesmo conheço nenhum daqueles caras.

– já chega! o senhor tem mais alguma pergunta? A pressão da minha paciente que já estava estabilizando voltou a subir. Eu posso aprovar que ela não está em condições nem de dar depoimento nesse momento. – Fala de forma autoritária o Doutor Gustavo .

– vamos averiguar a situação e os culpados serão achados, sejam eles quem forem, a gente não vai dar mole para nenhum moleque não.

...----------------...

30 minutos depois já no hospital geral.

– vou te acompanhar já que meu turno acabou, tem alguém que você quer que eu ligue? - Disse o doutor Gustavo me deixando confusa.

- não, obrigada. Pode ir pra casa, não quero te atrapalhar.

– na verdade eu tenho que ficar, você é menor de idade pelo menos por mais duas semanas e até agora eu sou o seu responsável até chegar alguém de sua confiança... E então, esse machucado aí no seu rosto, o que foi? – Diz como se tudo fosse muito natural para ele.

– Eu caí em casa. Não é nada demais já aconteceu coisa pior.

– imagino, mas isso me parece um belo de um soco. – Fala distraído.

Gustavo conversava enquanto dava uma olhada em minha ficha de entrada.

– você deve ser liberada logo... assim que seus exames saírem. Tem alguém que pelo menos possa vir te buscar?

Por um breve momento uma luz pareceu se acender em meu coração, eu poderia chamar o Matheus talvez ele já estivesse calmo e assim iríamos para casa juntos desse jeito conseguiríamos conversar um pouco.... Porém ele poderia ficar ainda mais irritado comigo.

Volto a sentir a tristeza em meu peito.

– vou ligar para meu namorado. – digo afim de fazer com que o doutor vá embora descansar.

– claro... – Fala o doutor parecendo decepcionado.

Uma enfermeira já senhora entra no quarto da emergência... parecia que o mundo tinha diminuído de tamanho de repente.

Eu exalava melancolia.

– você vai ficar bem menina, já marcou o pré-natal? Vai precisar logo viu, a sua alta da pressão e a glicemia já foi controlada, vamos aguardar umas 3hr em observação e assim já vai poder ir para casa.

Disse a enfermeira que me olhava firmemente enquanto eu virava papel na frente dos dois.

– pré-natal! já sabia que estava grávida? Bom.. vou sair um pouco para você poder ligar para seu namorado. – fala de um jeito esganiçado e sai da sala junto a enfermeira.

– obrigada.

Eu não queria realmente ligar para o Matheus, mas não tinha jeito... Não poderia dormir na rua.

Chamada ON :

– amor, tudo bem? Boa noite preciso da sua ajuda. – Digo com um pouco de desespero.

– o que você quer? Já acabou de dar pro seu amante aí é agora tá me querendo de volta? Fala sério esse filho aí não é meu não, você veio com essa cara de santinha falando que era virgem esse bebê aí pode ser até do Fábio, mas meu não.

Fala em tom exaltado me fazendo tremer um pouco.

Com certeza ele estava bebendo e não era uma boa hora então para pedir ajuda, porém naquele momento só tinha ele.

– amor, não é nada disso... Eu fui assaltada.

– inventa outra mulher ruim.

– Eu juro amor, nunca ia mentir pra você, esse filho é nosso.

Eu só conseguia chorar e Gustavo entrou no quarto nesse momento. Veio até mim e fez um sinal para que lhe entregasse o telefone para ele.

– alô, boa noite. Meu nome é Gustavo, sou médico e fui atender o chamado de ambulância. A paciente em questão sendo a sua namorada... até então. Está gestante e com picos hipertensivos, se o senhor poder vir buscar ela no hospital Geral do estado. Ela deve ter alta daqui a 3hrs se não tiver mais nenhuma complicação.

– claro, vou sim. Ok boa noite.

Chamada off:

Eu não sabia onde botar a cara de tanta vergonha que estava sentindo, todos ali naquela sala cerca de 6 pacientes me ouviram chorando e dava para entender o motivo.

– qual a idade desse cara? Não quer que eu ligue para seus pais? Eles já devem estar procurando por você.

– desculpa o incômodo... já pode ir eu vou ficar bem.

– vou esperar ele chegar para saber que você vai ficar bem, você e seu bebê né.

Fiz que sim com a cabeça.

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Comments

Anita Siilva

Anita Siilva

Nossa como é difícil ter uumtrate assim

2022-07-27

2

Julliany Soares

Julliany Soares

Linda história,sofrida, mas sei que algo de bom vai acontecer....

Continua autora...

2022-05-15

4

Ver todos
Capítulos
1 Minha infância
2 Amores apressados.
3 O fatídico dia.
4 o assanho das senhoras.
5 Calma rapazes.
6 Perspectiva do Gustavo.
7 Emília e Matheus (contém cenas de sexo e também agressão)
8 vamos para a ilha?
9 vamos para a ilha? - parte 2
10 Pré-natal
11 Foi bom te ver!
12 Dois bicudos não se beijam.
13 Indiferença
14 Conta para mim?
15 A Santa iluminada
16 Boi Brabo
17 Meu filho!
18 Miguel
19 A distância entre a vida e a morte.
20 Eu vou cuidar de vocês.
21 Feijão sem sal.
22 Alta médica = liberdade.
23 Aqui não é brega.
24 Toda a ajuda é bem vinda.
25 Mirê está de volta.
26 Sábado de aleluia.
27 Domingo de Páscoa
28 Uma semana antes da Páscoa.
29 O mocinho.
30 O facão enferrujado de vovô.
31 A ação do larápio.
32 Tragédia anunciada
33 Leva e traz.
34 Com uma família dessa...
35 Lar é o lugar onde você se reergue quando o mundo te derruba.
36 Casa nova
37 Desejo de grávida
38 Netinho
39 apresentação dos personagens.
40 Cara crachá.
41 Ciúmes? não entendi.
42 Desejo reprimido.
43 Turrona
44 daí a César o que é de César.
45 Miguel Arcanjo.
46 Gustavo
47 Emília - dia de praia
48 Emília - Não estou só.
49 Emília - O pequeno Sapoti.
50 Emília - Contrações.
51 Emília - Maternidade.
52 Mirela - o que aconteceu.
53 Mirela - Pietro Tadeu
54 Emília - mãe?!
55 Emília - Longas Noites
56 Gustavo - dias de luta.
57 Emília - G0Z4 pra mim.
58 Emília - Namorar contigo?
59 Emília - A verdade dói.
60 Mirela - A noite do beijo.
61 Miguel - Abirobada
62 Miguel - Casa comigo?
63 Emília - Família.
64 Gustavo - encosto ruim.
65 Joilson Figueira - Pai de Gustavo.
66 Rosa - a coisa certa.
67 Matheus. - Eu Errei.
68 Matheus - meu amor de volta
69 Emília - De volta a ilha.
70 Emília - Cativeiro.
71 Gustavo - Onde ela tá?
72 Emília - rota de fuga.
73 Gustavo - cheiro de morte.
74 Gustavo - aqui jaz...
75 Emília - eu não queria..
76 Emília - Aguente firme..
77 Gustavo - Pai!
78 Dona Rosa - ele se foi.
79 Miguel - vamos ter um neném.
80 Paz e tranquilidade
81 Eduardo - é o fim.
Capítulos

Atualizado até capítulo 81

1
Minha infância
2
Amores apressados.
3
O fatídico dia.
4
o assanho das senhoras.
5
Calma rapazes.
6
Perspectiva do Gustavo.
7
Emília e Matheus (contém cenas de sexo e também agressão)
8
vamos para a ilha?
9
vamos para a ilha? - parte 2
10
Pré-natal
11
Foi bom te ver!
12
Dois bicudos não se beijam.
13
Indiferença
14
Conta para mim?
15
A Santa iluminada
16
Boi Brabo
17
Meu filho!
18
Miguel
19
A distância entre a vida e a morte.
20
Eu vou cuidar de vocês.
21
Feijão sem sal.
22
Alta médica = liberdade.
23
Aqui não é brega.
24
Toda a ajuda é bem vinda.
25
Mirê está de volta.
26
Sábado de aleluia.
27
Domingo de Páscoa
28
Uma semana antes da Páscoa.
29
O mocinho.
30
O facão enferrujado de vovô.
31
A ação do larápio.
32
Tragédia anunciada
33
Leva e traz.
34
Com uma família dessa...
35
Lar é o lugar onde você se reergue quando o mundo te derruba.
36
Casa nova
37
Desejo de grávida
38
Netinho
39
apresentação dos personagens.
40
Cara crachá.
41
Ciúmes? não entendi.
42
Desejo reprimido.
43
Turrona
44
daí a César o que é de César.
45
Miguel Arcanjo.
46
Gustavo
47
Emília - dia de praia
48
Emília - Não estou só.
49
Emília - O pequeno Sapoti.
50
Emília - Contrações.
51
Emília - Maternidade.
52
Mirela - o que aconteceu.
53
Mirela - Pietro Tadeu
54
Emília - mãe?!
55
Emília - Longas Noites
56
Gustavo - dias de luta.
57
Emília - G0Z4 pra mim.
58
Emília - Namorar contigo?
59
Emília - A verdade dói.
60
Mirela - A noite do beijo.
61
Miguel - Abirobada
62
Miguel - Casa comigo?
63
Emília - Família.
64
Gustavo - encosto ruim.
65
Joilson Figueira - Pai de Gustavo.
66
Rosa - a coisa certa.
67
Matheus. - Eu Errei.
68
Matheus - meu amor de volta
69
Emília - De volta a ilha.
70
Emília - Cativeiro.
71
Gustavo - Onde ela tá?
72
Emília - rota de fuga.
73
Gustavo - cheiro de morte.
74
Gustavo - aqui jaz...
75
Emília - eu não queria..
76
Emília - Aguente firme..
77
Gustavo - Pai!
78
Dona Rosa - ele se foi.
79
Miguel - vamos ter um neném.
80
Paz e tranquilidade
81
Eduardo - é o fim.

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