Na noite deste mesmo dia, Cris tinha chegado em casa por volta das oito horas quando lhe bateram à porta. Ela teve o cuidado de atender como Cristiano. Era o Toni. Parecia estar meio bêbado.
— Você? — surpreendeu-se Cris ao abrir a porta. — Como ficou sabendo onde moro?
— Temos o endereço de todos os funcionários!
— O que você quer?
— Não vai me convidar pra entrar?
Cris fez sinal para que ele entrasse.
— E então, o que quer?
— Um amigo não pode visitar o outro, amigão?
— De novo essa história?
— Você estava de saída? — Perguntou ele, sentando-se no sofá, olhando em volta do pequeno ambiente e verificando tudo ao seu redor. A correspondência que ainda estava na mesinha.
— Não, acabei de chegar. Diz logo o que você quer, porque eu tô muito cansado!
— Não vai me oferecer uma bebida?
— Parece que você já bebeu o suficiente.
— É, eu tomei umas cervejinhas, mas... Tá aí, a gente podia sair pra beber um dia desses!
— O que você quer, Toni? — Cris já estava impaciente.
— Relaxa… Na verdade eu vim aqui pra te pedir um favor.
— Um favor?
— Pode ser?
— Se eu puder...
— Com certeza pode.
— Diz aí!
Ele respondeu sem rodeios:
— Eu quero que amanhã mesmo você termine esse seu namoro ridículo com a Lorena.
Cris o olhou por alguns segundos e perguntou:
— Como é que é?
— Isso mesmo que você ouviu.
Cris sorriu como se fosse de uma piada, principalmente porque Lorena não era sua namorada, mas ela queria saber até onde ele iria.
— E por que eu faria isso?— perguntou ela.
— Porque você não quer perder o seu precioso emprego e porque você não vai conseguir manter por muito tempo essa farsa, não é mesmo?
E levantando-se, cochichou em seu ouvido como um segredinho:
— Não é mesmo, Cristina!
Cris sentiu o corpo gelar. O chão fugiu de seus pés.
— O quê? — Perguntou ela.
— Eu já sei de tudo. Você é uma mulher se passando por um homem — Disse ele, como quem desvenda um crime.
Cris ficou sem reação.
— E pra manter o seu disfarce mais convincente – continuou ele —, precisava de uma “namorada”. Ninguém melhor que a Lorena que é uma moça cheia de frescuras. Aquela besta! Porque eu a conheço muito bem, nós já fomos namorados e sei que ela não iria permitir certas intimidades. Gosta de se fazer de difícil... Aliás, foi por isso que nós terminamos. Me fez pisar na bola com ela. O que eu podia fazer? Eu sou homem, pô! E você com medo da desconfiança dos outros, inventou esse namoro sem propósito. É, porque já andaram falando por lá que você “Cristiano” é meio gay.
— Você tem uma imaginação muito fértil!
— O que você tava pretendendo, hein? Casar com ela? Você não sabe o nojo que eu sinto quando vejo vocês dois, vocês duas juntas... Imaginar vocês se beijando! Que ridículo! Coitada da Lorena!
— Não sei do que você está falando!
— E o Oscar vai para... Chega! Para com esse teatro, garota! Eu já sei de tudo! Admita a verdade!
Cris se sentiu como uma presa diante do predador. Seu semblante mudou. Seus olhos se encheram de lágrimas e ela não conseguia falar. Toni continuava a torturá-la com palavras.
— Eu tenho que admitir: Você é uma boa atriz! Acho que poderia melhorar umas coisinhas, mas mesmo assim é uma boa atuação! Digna de Oscar! — Disse ele, aplaudindo ironicamente.
Depois de certo esforço, ela perguntou com uma voz mais suave, usando sua voz feminina:
— Como descobriu?
— Essa é boa! Eu sou jornalista investigativo, tenho faro pra certas coisas e além de tudo sou homem, macho! Sei tudo sobre mulheres. — E fuçando ao seu pescoço — As conheço pelo cheiro.
Ele se pôs em sua frente e retirou-lhe os óculos para conferir sua fisionomia escondida por eles. Cristina, desconcertada, tentou não encará-lo.
— Cristina! Cristina Bertti! — Repetiu ele, com um sorriso debochado.
— Como sabe o meu nome?
— Não é o que está aqui? — Disse ele, mostrando as cartas na mesa.
— A caixa postal! — Lamentou-se ela.
— Sou ou não sou demais? — Gabou-se ele.
— Suponho que agora você já...
— Não, não, eu não contei pra ninguém e nem vou te demitir.
Vou usá-la a meu favor.
— E o que você quer de mim?
— Eu já lhe disse. Você vai terminar com a Lorena e deixar o caminho livre pra mim. E de uma forma que ela fique te odiando. Também vai rejeitar aquela promoção que a Marina ficou de te dar.
— E o que eu ganho em troca?
— Seu emprego e o meu silêncio.
— Eu preciso muito desse emprego! Que garantias eu tenho de que você não vai falar nada?
— Tem a minha palavra!
— Sua palavra? Eu não confio em você!
— Tem que ter fé, garota! É pegar ou largar. Mesmo porque, se eu quisesse te entregar, eu já tinha feito.
— Por isso você mudou o seu comportamento!
— É isso aí!
— Mas a Lorena e eu não estamos namorando…
— Não é isso que ela anda espalhando pela empresa. Na cabeça dela não é assim. Você está dando esperanças pra ela. Desfaça isso!
Cris baixou a cabeça e falou:
— Tudo bem… Então eu tenho que cortar definitivamente relações com a Lorena e recusar a promoção, é isso?
— Pra começar sim, é só! E também não quero que faça nada sem minha permissão, ok?
— Como assim?
— Tudo o que você pensar em fazer, eu quero saber primeiro. Namorar alguém, por exemplo. Viajar. Visitar a família...
— Isso é absurdo!
— Não é absurdo, não senhora! Absurdo é alguém enganar uma sociedade inteira se passando por alguém que não é.
Cristina engoliu em seco. Sabia que ele de certa forma tinha razão.
— E tem mais — Continuou ele —, você vai ter que fazer qualquer coisa que eu venha te pedir, o que me der na telha... Entendeu?
Ela balançou a cabeça afirmativamente.
— Entendeu? — Insistiu ele.
— Entendi!
— Então repete comigo: Vou fazer o que você quiser!
— Vou fazer... O que você quiser! — Disse ela, baixinho.
— Eu não ouvi!
— Vou fazer o que você quiser! — Repetiu mais alto.
— Isso! Boa menina! Assim que eu gosto.
E rodeando-a, cheirando seus cabelos e assediando-a:
— Aliás, pra começar, eu achei essa história tão excitante! Muito excitante! Que tive uma ideia! Aliás, há muito tempo eu desejo isso! — E olhando-a, sedutor, precipitou-se sobre ela — Eu quero que você seja minha!
Cris o empurrou enquanto ele ria.
— Isso não! Eu não vou permitir que você encoste um dedo em mim!
— Você não está em condições de permitir ou não permitir nada, sua nojenta!
— Não! Você está bêbado!
— Mas estou sóbrio o bastante pra aproveitar!
— Não!
— Não gosta de homem, né? Mas você vai ser minha e agora! Nem adianta resistir!
Cris, vendo que ele estava realmente decidido, suplicou:
— Por favor, Toni, eu faço o que você quiser, mas isso não! Não faz isso comigo!
— Assim cê só tá me deixando mais doidão! Parece até uma fantasia.
— Pelo que mais ama, Toni!
Ele, desprezando o choro e o apelo da garota, arremeteu-se sobre ela, violento, batendo nela e rasgando suas roupas.
— Você deveria me agradecer por não te entregar às autoridades, sua vagabunda!
Cris se contorcia inutilmente enquanto ele tentava tapar sua boca abafando seus gritos
— Meu Deus, de novo não! — Sussurrou ela, desesperada.
Cristina não pôde lutar contra ele. Toni era mais forte e ela estava frágil , muito fraca no momento. Aconteceu o inevitável. Ele abusou dela e a torturou.
Depois do ato consumado ele parecia estar satisfeitíssimo. Enquanto Cristina chorava, humilhada e infeliz. Ele ainda debochou dela.
— Você até que dá pro gasto!
Levantou-se e enquanto se recompunha lhe avisou:
— Essa só é a primeira de muitas. Eu quero que me atenda sempre que eu te solicitar. É uma das minhas exigências! Infelizmente — E usando as palavras que ela lhe disse uma vez — Você vai ter que se submeter à situações humilhantes e constrangedoras, Cristiano!
Tendo dito isso, foi embora. Cris encolheu-se em posição fetal desgraçada e incrédula.
— Está acontecendo tudo de novo, meu Deus! Por quê? Por quê? Por quê? — Murmurou.
Lá fora, antes de entrar no carro, Toni olhou por um instante em direção à janela do quarto de Cris. A luz amarelada refletida através da cortina parecia traduzir a tristeza da moça que lá jazia ainda imóvel. Toni parecia estar orgulhoso de si, mas ao mesmo tempo não acreditava que fosse capaz de fazer o que fez.
“O que está feito, feito está.” — Pensou ele.
Não tinha como voltar atrás. Teve nojo de ter estado com ela. Nojo da situação. Nojo de si mesmo. Tanto que, ao chegar em casa, correu para o banheiro e vomitou.
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Atualizado até capítulo 34
Comments
dan
nossa
2023-02-20
1
Néia Lima
Devia ter vomitado até suas bolas seu porco chauvinista 😠😡🤬👿
2023-02-20
0
Néia Lima
🤬🤬🤬🤢🤢🤢🤮🤮🤮🤮Fdp nojentooooooo que cara podre, tadinha que maldito ele é pior que lixo 😱😠😡🤬👿
2023-02-20
0