Capítulo 5

Na noite deste mesmo dia, Cris tinha chegado em casa por volta das oito horas quando lhe bateram à porta. Ela teve o cuidado de atender como Cristiano. Era o Toni. Parecia estar meio bêbado.

— Você? — surpreendeu-se Cris ao abrir a porta. — Como ficou sabendo onde moro?

— Temos o endereço de todos os funcionários!

— O que você quer?

— Não vai me convidar pra entrar?

Cris fez sinal para que ele entrasse.

— E então, o que quer?

— Um amigo não pode visitar o outro, amigão?

— De novo essa história?

— Você estava de saída? — Perguntou ele, sentando-se no sofá, olhando em volta do pequeno ambiente e verificando tudo ao seu redor. A correspondência que ainda estava na mesinha.

— Não, acabei de chegar. Diz logo o que você quer, porque eu tô muito cansado!

— Não vai me oferecer uma bebida?

— Parece que você já bebeu o suficiente.

— É, eu tomei umas cervejinhas, mas... Tá aí, a gente podia sair pra beber um dia desses!

— O que você quer, Toni? — Cris já estava impaciente.

— Relaxa… Na verdade eu vim aqui pra te pedir um favor.

— Um favor?

— Pode ser?

— Se eu puder...

— Com certeza pode.

— Diz aí!

Ele respondeu sem rodeios:

— Eu quero que amanhã mesmo você termine esse seu namoro ridículo com a Lorena.

Cris o olhou por alguns segundos e perguntou:

— Como é que é?

— Isso mesmo que você ouviu.

Cris sorriu como se fosse de uma piada, principalmente porque Lorena não era sua namorada, mas ela queria saber até onde ele iria.

— E por que eu faria isso?— perguntou ela.

— Porque você não quer perder o seu precioso emprego e porque você não vai conseguir manter por muito tempo essa farsa, não é mesmo?

E levantando-se, cochichou em seu ouvido como um segredinho:

— Não é mesmo, Cristina!

Cris sentiu o corpo gelar. O chão fugiu de seus pés.

— O quê? — Perguntou ela.

— Eu já sei de tudo. Você é uma mulher se passando por um homem — Disse ele, como quem desvenda um crime.

Cris ficou sem reação.

— E pra manter o seu disfarce mais convincente – continuou ele —, precisava de uma “namorada”. Ninguém melhor que a Lorena que é uma moça cheia de frescuras. Aquela besta! Porque eu a conheço muito bem, nós já fomos namorados e sei que ela não iria permitir certas intimidades. Gosta de se fazer de difícil... Aliás, foi por isso que nós terminamos. Me fez pisar na bola com ela. O que eu podia fazer? Eu sou homem, pô! E você com medo da desconfiança dos outros, inventou esse namoro sem propósito. É, porque já andaram falando por lá que você “Cristiano” é meio gay.

— Você tem uma imaginação muito fértil!

— O que você tava pretendendo, hein? Casar com ela? Você não sabe o nojo que eu sinto quando vejo vocês dois, vocês duas juntas... Imaginar vocês se beijando! Que ridículo! Coitada da Lorena!

— Não sei do que você está falando!

— E o Oscar vai para... Chega! Para com esse teatro, garota! Eu já sei de tudo! Admita a verdade!

Cris se sentiu como uma presa diante do predador. Seu semblante mudou. Seus olhos se encheram de lágrimas e ela não conseguia falar. Toni continuava a torturá-la com palavras.

— Eu tenho que admitir: Você é uma boa atriz! Acho que poderia melhorar umas coisinhas, mas mesmo assim é uma boa atuação! Digna de Oscar! — Disse ele, aplaudindo ironicamente.

Depois de certo esforço, ela perguntou com uma voz mais suave, usando sua voz feminina:

— Como descobriu?

— Essa é boa! Eu sou jornalista investigativo, tenho faro pra certas coisas e além de tudo sou homem, macho! Sei tudo sobre mulheres. — E fuçando ao seu pescoço — As conheço pelo cheiro.

Ele se pôs em sua frente e retirou-lhe os óculos para conferir sua fisionomia escondida por eles. Cristina, desconcertada, tentou não encará-lo.

— Cristina! Cristina Bertti! — Repetiu ele, com um sorriso debochado.

— Como sabe o meu nome?

— Não é o que está aqui? — Disse ele, mostrando as cartas na mesa.

— A caixa postal! — Lamentou-se ela.

— Sou ou não sou demais? — Gabou-se ele.

— Suponho que agora você já...

— Não, não, eu não contei pra ninguém e nem vou te demitir.

Vou usá-la a meu favor.

— E o que você quer de mim?

— Eu já lhe disse. Você vai terminar com a Lorena e deixar o caminho livre pra mim. E de uma forma que ela fique te odiando. Também vai rejeitar aquela promoção que a Marina ficou de te dar.

— E o que eu ganho em troca?

— Seu emprego e o meu silêncio.

— Eu preciso muito desse emprego! Que garantias eu tenho de que você não vai falar nada?

— Tem a minha palavra!

— Sua palavra? Eu não confio em você!

— Tem que ter fé, garota! É pegar ou largar. Mesmo porque, se eu quisesse te entregar, eu já tinha feito.

— Por isso você mudou o seu comportamento!

— É isso aí!

— Mas a Lorena e eu não estamos namorando…

— Não é isso que ela anda espalhando pela empresa. Na cabeça dela não é assim. Você está dando esperanças pra ela. Desfaça isso!

Cris baixou a cabeça e falou:

— Tudo bem… Então eu tenho que cortar definitivamente relações com a Lorena e recusar a promoção, é isso?

— Pra começar sim, é só! E também não quero que faça nada sem minha permissão, ok?

— Como assim?

— Tudo o que você pensar em fazer, eu quero saber primeiro. Namorar alguém, por exemplo. Viajar. Visitar a família...

— Isso é absurdo!

— Não é absurdo, não senhora! Absurdo é alguém enganar uma sociedade inteira se passando por alguém que não é.

Cristina engoliu em seco. Sabia que ele de certa forma tinha razão.

— E tem mais — Continuou ele —, você vai ter que fazer qualquer coisa que eu venha te pedir, o que me der na telha... Entendeu?

Ela balançou a cabeça afirmativamente.

— Entendeu? — Insistiu ele.

— Entendi!

— Então repete comigo: Vou fazer o que você quiser!

— Vou fazer... O que você quiser! — Disse ela, baixinho.

— Eu não ouvi!

— Vou fazer o que você quiser! — Repetiu mais alto.

— Isso! Boa menina! Assim que eu gosto.

E rodeando-a, cheirando seus cabelos e assediando-a:

— Aliás, pra começar, eu achei essa história tão excitante! Muito excitante! Que tive uma ideia! Aliás, há muito tempo eu desejo isso! — E olhando-a, sedutor, precipitou-se sobre ela — Eu quero que você seja minha!

Cris o empurrou enquanto ele ria.

— Isso não! Eu não vou permitir que você encoste um dedo em mim!

— Você não está em condições de permitir ou não permitir nada, sua nojenta!

— Não! Você está bêbado!

— Mas estou sóbrio o bastante pra aproveitar!

— Não!

— Não gosta de homem, né? Mas você vai ser minha e agora! Nem adianta resistir!

Cris, vendo que ele estava realmente decidido, suplicou:

— Por favor, Toni, eu faço o que você quiser, mas isso não! Não faz isso comigo!

— Assim cê só tá me deixando mais doidão! Parece até uma fantasia.

— Pelo que mais ama, Toni!

Ele, desprezando o choro e o apelo da garota, arremeteu-se sobre ela, violento, batendo nela e rasgando suas roupas.

— Você deveria me agradecer por não te entregar às autoridades, sua vagabunda!

Cris se contorcia inutilmente enquanto ele tentava tapar sua boca abafando seus gritos

— Meu Deus, de novo não! — Sussurrou ela, desesperada.

Cristina não pôde lutar contra ele. Toni era mais forte e ela estava frágil , muito fraca no momento. Aconteceu o inevitável. Ele abusou dela e a torturou.

Depois do ato consumado ele parecia estar satisfeitíssimo. Enquanto Cristina chorava, humilhada e infeliz. Ele ainda debochou dela.

— Você até que dá pro gasto!

Levantou-se e enquanto se recompunha lhe avisou:

— Essa só é a primeira de muitas. Eu quero que me atenda sempre que eu te solicitar. É uma das minhas exigências! Infelizmente — E usando as palavras que ela lhe disse uma vez — Você vai ter que se submeter à situações humilhantes e constrangedoras, Cristiano!

Tendo dito isso, foi embora. Cris encolheu-se em posição fetal desgraçada e incrédula.

— Está acontecendo tudo de novo, meu Deus! Por quê? Por quê? Por quê? — Murmurou.

Lá fora, antes de entrar no carro, Toni olhou por um instante em direção à janela do quarto de Cris. A luz amarelada refletida através da cortina parecia traduzir a tristeza da moça que lá jazia ainda imóvel. Toni parecia estar orgulhoso de si, mas ao mesmo tempo não acreditava que fosse capaz de fazer o que fez.

“O que está feito, feito está.” — Pensou ele.

Não tinha como voltar atrás. Teve nojo de ter estado com ela. Nojo da situação. Nojo de si mesmo. Tanto que, ao chegar em casa, correu para o banheiro e vomitou.

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Comments

dan

dan

nossa

2023-02-20

1

Néia Lima

Néia Lima

Devia ter vomitado até suas bolas seu porco chauvinista 😠😡🤬👿

2023-02-20

0

Néia Lima

Néia Lima

🤬🤬🤬🤢🤢🤢🤮🤮🤮🤮Fdp nojentooooooo que cara podre, tadinha que maldito ele é pior que lixo 😱😠😡🤬👿

2023-02-20

0

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