Viagem

Uma Semana Depois:

Laís abriu a porta do quarto do filho, encontrando-o prestes a fechar a última mala de roupas que levaria para a faculdade em outro país, ela também não era a favor de se ver longe do filho, mas não tinha o costume comum de contrariar o marido e bater o pé pelo que queria, ela procurava ser uma esposa "tradicional", procurava sempre obedecer suas vontades e não o contrariar, por pensar que esse seria o melhor para sua família. No entanto, este "melhor" estava separando sua família, estava levando seu filho a fazer algo que não queria, estava tirando o livre arbítrio de uma pessoa. Ele parecia um tanto desanimado para a viagem, diferente das viagens que faziam em família, que o animava demasiadamente, mas essa não era uma na qual ele iria voltar em dias, Fabio teria que ficar lá por anos até terminar sua faculdade e depois voltaria para assumir o lugar do pai, contra sua vontade.

— Filho, seu pai já preparou o carro.

Fabio fechou sua mala e encarou a mãe com o olhar desanimado. Não era só porque estava indo embora. Havia também um motivo em específico para estar triste e Laís sabia qual era. O fato é que não falava direito com Martha desde a semana passada, quando tiveram uma noite juntos. Ele se senti vazio, como se uma parte de si mesmo tivesse se perdido, soltou o ar pesadamente.

— Ok, mãe. Já estou descendo.

— Não demore, não pode perder o vôo.

Ele sorriu apenas e sua mãe fechou a porta, o deixando sozinho com seus pensamentos. Fabio se sentou na cama ao lado de sua mala, encarando seu quarto pela última vez. Fora ali que crescera, foi ali que teve os melhores e piores momentos de sua vida, aquele quarto guardava muitas lembranças naquele quarto. Apesar de poucos amigos, os que tinha o fizeram muito feliz, mas agora, estava abandonando tudo o que tinha para trás.

Antes de ir, pegou seu celular e tentou pela última vez fazer uma ligação para a garota que mecha com seus pensamentos, para a única que amou. O telefone tocou, tocou e tocou, mas como sempre vinha acontecendo naquela última semana, Martha não atendeu. Fabio soltou o ar pesadamente se sentindo frustrado, não acreditava que estragou sua melhor amizade com apenas uma noite. Fora tudo contrário ao imaginado. O homem pensou que Martha decidiria ficar com ele, que iriam ter um relacionamento, e que ele teria um motivo para contrariar seu pai e ficar em seu país, mas percebeu que não, talvez sua amiga não o amasse como ele a amava. Caiu na caixa postal. Frustrado, Fabio desligou a tela de seu celular e pegou sua mala, se levantando e se dirigindo até a saída de sua casa, sem olhar para trás. Ele iria para sempre, decidiu que era hora de esquecer seu grande amor, precisava seguir em frente. Colocou a mala no porta-malas do carro e entrou sem dizer uma palavra. Em direção ao aeroporto.

...

Enquanto isso, do outro lado, Martha correu para o banheiro de seu quarto, deixando Luna falando sozinha ao sentir uma forte vontade de vomitar. Abriu a tampa do vaso e deixou todo seu café da manhã descer de uma vez só. Ela vinha de sentindo muito enjoada a semana toda e já desconfiava do que se tratava, havia ido até a farmácia no dia anterior a fim de comprar um teste de gravidez e o guardou na gaveta de seu banheiro. Ela não tinha coragem, mas naquele momento decidiu que era hora de fazer o tão temido teste.

— Amiga, você está bem?

Ouviu os passos de Luna vindo em sua direção. Se afastou do vaso, permanecendo sentada no chão. Ao ver o corpo esguio entrando no cômodo, apontou para o gabinete.

— Abre a gaveta. Pegue algo que está aí dentro para mim.

— Ok. Martha o que você tem? Está a semana toda passando mal a cada cinco minutos! Acho melhor ir no médico... Mas o que é isso?

Luna se espantou ao abrir a gaveta e ver a caixinha contendo um teste de gravidez. Pegou o objeto em suas mãos, ainda assustada, não poderia acreditar que sua amiga poderia estar grávida. Levou as mãos a boca.

— Me dê e saia, por favor. Preciso fazer isso.

— Como assim? Amiga, você está grávida?

— Não sei amiga. Vou descobrir agora. Me dê.

Esticou sua mão. Luna entregou a caixa na mão dela e se afastou, saindo do cômodo e deixando a garota sozinha. Ela suspirou algumas vezes, encarando a caixinha em suas mãos. Estava torcendo para que a resposta fosse negativo, pois se o resultado saísse o contrário do esperado, ela provavelmente estaria sem um teto para dormir. Martha não seria mais aceita por seus pais dentro de casa e ela sabia disso.

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