não temos futuro juntos

Nina

Após meia hora que o doutor foi embora, Vicenzo bateu e entrou no meu quarto.

- oi / ele diz e se aproxima da minha cama

- oi / falo

- como se sente?

- bem, estava com dor, mas o médico injetou analgésicos em mim e agora já fizeram efeito, então estou bem. Só assustada

- que bom que está bem. E eu também fiquei bem assustado. Vocês duas desmaiaram com a batida, fiquei com medo que tivesse acontecido algo mais grave, mas quando as tirei do carro, estavam respirando e com nada quebrado, por isso as mandei para minha casa / ele diz se explicando

- tudo bem Vicenzo, sei que não é bom irmos para o hospital, quando não é grave. São muitas explicações que nem sempre podemos dar/ falo e toco sua mão

Vicenzo senta na cama, em minha frente.

- é bom falar com alguém que entenda o que faço e porque... / ele diz

- suas namoradas não entendiam?

- bom nunca foram bem namoradas, eram mais ficantes... sabe...

- na verdade não sei. Tive apenas um pequeno rolo com um segurança meu. Então fizemos umas coisas, mas logo meu pai descobriu e não sei o que houve com ele...

- na verdade você sabe sim... / ele diz

- prefiro fingir que não sei / falo e olho para baixo

Vicenzo segura meu queixo com seu dedo indicador de forma delicada e diz:

- ele sabia onde estava se metendo quando avançou uma linha Nina, sabia que o risco era ainda maior para ele

- é eu tento me lembrar disso sempre e o fato de não ter certeza do que aconteceu com ele me consola / falo

- você o amava? / ele pergunta

- eu gostava dele... eu era muito carente, ele foi gentil e atencioso. Acho que apenas o usei como muleta para meu problema sabe...

- sim...

Ficamos nos encarando e Vicenzo se aproxima e me beija de leve nos lábios, mas logo se afasta.

- ah Nina... você me deixa malucø, te quero tanto, mas ao mesmo tempo, não quero dar nenhuma falsa ilusão. Não temos futuro juntos, sabemos disso/ ele diz parecendo triste com suas palavras

- eu sei, sei que não podemos ter nada, mas não quer dizer que não podemos desejar aquilo que não podemos ter, não é?

- é... bom, descanse. Nos falamos amanhã

Ele diz e levanta da cama. Me dá boa noite e sai.

Fico ali absorvendo tudo que passamos hoje. O beijo que demos. As palavras dele e minha que não podemos ter nada além de algo físico e temporário...

Bem que as coisas podiam ser mais fáceis. Mas não são no nosso mundo.

Acabo adormecendo, é bem possível que o doutor tenha colocado algum calmante junto naquilo que injetou em mim.

A manhã chega e eu acordo. Tomo um banho e coloco uma roupa confortável.

Desço para tomar café e encontro ELE sentado comendo.

- bom dia / falo e pego uma xícara

- bom dia, o que faz em pé? devia estar descansando/ ele fala

- estou me sentindo ótima. Não vi motivos para ficar deitada

- ok...