O doutor abriu a porta lateral do corredor de serviço, gesticulando para que o seguissem.
— Por aqui, venham... — disse em tom baixo, mas apressado.
Desceram alguns lances de escada estreita e úmida até saírem em um beco discreto, ao lado do hospital. Um carro preto já aguardava com o motor ligado. Assim que entraram, o barulho repentino de passos e vozes ecoou no beco. Um homem, provavelmente repórter, tinha os visto entrar e, aos gritos, chamava outros em sua direção.
— Vá o mais rápido que puder — ordenou Heitor, com firmeza.
— Sim, chefe — respondeu o motorista, acelerando.
Clara, ainda assustada, olhou pela janela e percebeu alguns carros começando a segui-los. Somente então notou que estava agarrada à mão de Heitor desde o momento em que entrara no veículo. O aperto instintivo de seus dedos revelava o nervosismo que tentava disfarçar. Ao perceber o contato, recuou de imediato.
— Me desculpe! — murmurou, constrangida.
— Não se assuste — disse ele, com a voz controlada. — Vamos despistá-los logo.
Enquanto o carro ganhava velocidade, Heitor a observou discretamente. O impacto da situação estava estampado no rosto dela: os olhos arregalados, a respiração rápida, o corpo tenso. Ele sabia que deveria ter ido embora e deixado-a ali no hospital, mas agora já era tarde. E, de alguma forma, sentia-se responsável. Ela estava naquela confusão por causa dele — e, por mais que não quisesse admitir, não conseguiria deixá-la desprotegida.
— Vou entrar naquele supermercado — anunciou o motorista. — Quando eu parar perto do segundo andar, a senhorita sai e corre para a escadaria. Ninguém vai vê-la.
Clara hesitou, olhando para Heitor.
— E se não der tempo?
— De forma alguma você vai fazer isso — cortou ele, ríspido. — Quer se machucar correndo que nem louca?
— Não, chefe, mas ou é isso ou é a sua casa — insistiu o motorista, lançando um olhar rápido pelo retrovisor.
— Então vamos para casa! — decidiu Heitor, seco.
— Não! — a voz de Clara soou mais alta do que pretendia. — Eu desço no supermercado. Por favor, vamos fazer isso.
Ele a encarou por alguns segundos, avaliando se ela realmente teria coragem. Por fim, cedeu.
— Como queira.
— Estamos chegando... um, dois, três... agora! — anunciou o motorista.
A porta se abriu, e Clara saltou do carro com tanta pressa que teve a impressão de deixar parte de si para trás. O coração martelava no peito, e a adrenalina turvava seus sentidos. Desceu correndo a escadaria lateral e entrou direto no banheiro do supermercado, onde ficou escondida por cerca de quinze minutos, tentando recuperar o fôlego.
Quando julgou seguro, saiu, comprou uma garrafa de água e chamou um táxi. Durante o trajeto até em casa, mantinha os olhos atentos ao retrovisor, como se esperasse que a perseguição recomeçasse a qualquer momento.
Assim que chegou, entrou rapidamente. Seus pais não podiam, de forma alguma, saber o que havia acontecido. Ainda tremia, sentindo o coração acelerado como se fosse explodir. Subiu direto para o quarto, encheu a banheira e se afundou na água morna, tentando relaxar. Mas a tensão não passava. Fechou os olhos por alguns segundos e os abriu bruscamente, decidindo que precisava contar tudo para Ana.
Terminou o banho, alimentou seu hamster, Billy, e desceu para a cozinha. Estava faminta: não havia tomado café da manhã e nem conseguido beber seu milk-shake depois de descobrir que os amigos haviam lhe escondido alguma coisa. Isso ainda a incomodava. Por que Ana não queria levá-la? Amiga ou não, ela ainda era capaz de decidir por si mesma o que queria fazer.
Fez um lanche rápido, limpou tudo e, quando se preparava para voltar ao quarto, a campainha tocou.
Ding-dong.
Clara foi até a porta e, ao ver Ana, abriu rapidamente.
— Entra logo. A gente precisa conversar.
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Atualizado até capítulo 104
Comments
Aureca's
começando a lê agora, é não vejo a hora de vê as fotos do elenco.
2025-01-14
1
Aureca's
personagens quer dizer.kkkkk
2025-01-14
0
Camile Vitória Lopes Dias da S
começando
2025-01-10
0