Heitor Villar tinha 26 anos e vinha de uma família poderosa. Tudo o que ele queria, conseguia — fosse com esforço ou dinheiro, pois para ele tudo tinha um preço. Era temido por todos que o conheciam e, para quem ainda não o conhecia, bastava ouvir seu nome para reconhecer o peso que ele carregava.
Naquela manhã, o peso parecia maior. Seus pais não paravam de pressioná-lo para arrumar uma namorada. Era sempre a mesma conversa cansativa, que deixava Heitor irritado. Assim que os pais saíram do escritório, ele fez o mesmo, tentando escapar daquele sufoco.
Sua assistente entrou na sala. — Vai sair, chefe?
— Sim. Cancele todos os meus compromissos por hoje.
— Sim, chefe.
No caminho para o carro, a mente de Heitor girava em mil. Não suportava essa pressão familiar. Namoro? Casamento? Ele nunca fora visto com uma mulher, então a ideia parecia uma piada absurda.
Tinha dois irmãos, os gêmeos, Alan e Ruan, com 20 anos, que já atendiam às expectativas dos pais, mais eles insistiam em pressionar o Heitor, o que só aumentava o incômodo dele.
Perdido nos próprios pensamentos, ele quase não percebeu a jovem que atravessava a rua à sua frente. Por sorte, conseguiu frear a tempo, evitando um acidente.
Ela não se mexia, parecia em choque. Ele saiu do carro apressado e, ao mesmo tempo irritado.
— Você está bem? — perguntou, preocupado. — Responda! Está bem? Como pode não olhar por onde anda? Eu poderia ter matado você, garota! — Completou sem paciência.
Ela permanecia imóvel. Ele a sacudiu levemente, tentando trazê-la de volta.
— Tem algum problema? Por que não me responde? Você é muda por acaso?
Finalmente, ela falou com voz baixa e assustada:
— Me desculpe, senhor. Eu não o vi. Estava longe...
Heitor franziu a testa. “Senhor? Ela me chamou de senhor? Essa garota deveria saber quando usar esse termo,” pensou.
— Deveria estar mais atenta. Não tenho tempo para isso. E se tivesse acontecido algo pior? Você precisa prestar mais atenção.
Ela respondeu com ironia:
— Não me distraí por querer, mas me desculpe, senhor. Está livre para ir já que seu tempo é tão precioso.
A impaciência dele crescia. — Olhe para mim enquanto fala. Você é muito irônica para alguém que quase morreu, pirralha.
Ela continuava encarando o chão, como se falasse com o concreto ao invés de uma pessoa.
— Pirralha? Que arrogante... — disse, finalmente olhando para ele. Mas assim que ergueu o olhar, desmaiou.
Heitor ficou parado, observando a expressão serena dela. “Parece um anjo,” murmurou, afastando pensamentos que não queria ter. Tentou fazê-la acordar com tapinhas no rosto, mas ela continuava inconsciente. Provavelmente a adrenalina estava passando.
Sem pensar duas vezes, colocou-a no carro e acelerou para o hospital. Durante o trajeto, não conseguia deixar de olhar para ela. Já tinha passado por situações parecidas antes e todas elas foram farsas, talvez agora não fosse diferente.
Ao chegar, o doutor os recebeu rapidamente.
— Coloquem-na aqui. O que aconteceu?
Heitor explicou o quase acidente, e o médico iniciou os procedimentos.
— Vou fazer alguns exames. Pode ir, se quiser. Assim que ela acordar, peço um responsável para buscá-la. Sei que o senhor é uma pessoa ocupada.
— Vou ficar. Faça o que for necessário e me avise. — disse Heitor com firmeza.
O doutor apenas assentiu e saiu.
Heitor se questionava, inquieto. “ O que eu estou fazendo aqui? Por que falei que ia ficar? Só espero que aqueles abutres não apareçam por aqui. Que droga, garota!” pensava nervoso.
Seus seguranças vigiavam do lado de fora. Cerca de trinta minutos depois Heitor viu um deles caminhando na sua direção e ele sabia exatamente do que se tratava.
— Vocês não podem ficar aqui, senhor. Precisamos ir.
Heitor se levantou e caminhou até o quarto dela.
— Então, doutor? — perguntou ansioso.
— Ela está bem. Foi adrenalina e má alimentação, provavelmente. Está fraca, e anêmica, mas deve acordar em breve.
— Não temos tempo. Arrume-a, vou levá-la assim mesmo!
— Não pode levá-la assim!
— Não posso? É mesmo?
— Não estou desafiando-o!
— Não parece. Sem mais discussão, vou levá-la.
—Mas...
Nesse instante, a jovem despertou, ainda sonolenta.
— O que aconteceu? — perguntou mal conseguindo abrir os olhos.
continua...
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Atualizado até capítulo 104
Comments
Denise
Ainda bem que Heitor conseguiu frear a tempo.
2025-04-28
0
Márcia Bitencourt da Silva
😂😂😂😂😂por enquanto é senhor!
2025-05-07
0
Jane Jane
21/7
2025-07-21
0