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— Escolheu, gato? — Interessada, tocou meu queixo com um dedo — Quem é a felizarda da noite?

— A dançarina brilhante — Apontei para atrás de mim, porém o semblante de Danna não foi amigável e o sorriso morreu em seus lábios — Qual o nome dela?

— Sinto muito, querido, mas a garota é impossível! — Ressaltou tocando em meu ombro — Os homens perdem dinheiro apenas para vê-la por alguns minutos por noite. Você teve sorte, diga-se de passagem! Hoje a performance da bonequinha foi incrível! Geralmente é meio fraca, mas hoje a garota se empenhou como nunca vi! — Me encarou — Acho que a inspirou, pois notei que não tirava os olhos de você!

— Então creio que será mais fácil... — Sorri animado, mas ela negou novamente.

— Impossível! A gata é a maior fonte de lucro do lugar! O chefe nunca deixará que ela vá.

— Lucro não é um problema! Pago quanto for preciso. —

Mostrei o talão de cheques e ela olhou dele para mim.

— Não é só por grana, gato, mas o chefe nunca a venderia. — Mascava o chiclete — A menina é bonequinha de luxo dele... É sobrinha dele, também, e está aqui desde pirralha.

— Sobrinha dele? Uma sobrinha que ele submeteu a fazer programas? — Danna deu de ombros e nada disse — Quero vê-lo,

por favor.

— Ah Enrico... É melhor escolher outro produto, gato. Não se mete na história suja deles, não. Olha, se você pagar bem, consigo te arrumar programa com a garota que você queria, mesmo sendo bem complicado de conseguir. A mina é arisca e o chefe dificilmente topa dividir a carne, mas posso conseguir se insistir bastante pelo irmão de Tristan — Eu não conseguiria nada com Danna e cheguei a tal conclusão contemplando seu olhar cansado.

Danna não demorou a ter que sair do balcão para atender um cliente e transitei pelo local em silêncio. Assim que ela estava a uma distância favorável, me esquivei e entrei em direção ao corredor atrás do posto, local que me levou a uma escada. Provavelmente tal escadaria me levaria diretamente ao chefe daquilo tudo e por lá segui.

Tive a noção de que poderia estar me arriscando demais, porém segui pelos degraus até alcançar uma altura segura para que quem estivesse embaixo já não pudesse me ver.

Por um momento pensei em desistir e me virei para voltar a descer, mas ouvi algo estranho e comprometedor. Olhei pra cima ao ouvir os gritos de desespero de uma mulher vindo do topo das escadas. Um grito agoniado, dolorido e cheio de angústia, por isso virei-me totalmente na escada e subi mais um pouco quando se tornaram ainda mais altos e acompanhados de suplicas.

“Me larga, seu nojento! Tire as mãos de mim... Não! Não!”

Esqueci de todo o resto quando alcancei um corredor escuro, longo e com várias portas vermelhas. Uma delas estava aberta, ao fundo, e com um feixe de luz escapando. Era de lá que vinham os gritos e agora lágrimas e soluços. Meu corpo se retesou e segui caminhando até alcançar a porta. Um choque de horror me tomou quando fui pego desprevenido ao presenciar uma cena lamentável.

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