Ela era feita de tábuas e o teto era feito com folhas de palmeiras, o chão no lado de fora estava molhado. Perguntei a mim mesma se havia chovido durante o tempo que eu estive desacordada. Quando olhei para a minha frente, vi imediatamente o Monte. Dei alguns passos para ver se tinha alguém por perto, não queria me esbarrar com mais ninguém durante essa jornada que eu estava fazendo.
Comecei a subir aquela montanha enorme e logo percebi o porquê de poucas pessoas terem coragem de subir aquele Monte. Era um dos mais altos que havia por aqui. Mas mesmo assim, me mantive firme em meu propósito. Levei três dias para chegar ao topo, mas felizmente cheguei no meu destino.
Lá havia o que eu estava procurando: A escola de artes marciais do Monte da Lua.
Falei com um dos mestres que me aceitou de muito bom grado, porque omiti o meu real objetivo para aprender a lutar.
Sete anos foi o tempo que durou meu treinamento. Quando eu estava pronta para partir, Jensen, um amigo que fiz lá e que eu achava impossível que ele me olhasse da mesma forma que eu olhava para ele, confessou para mim os seus sentimentos e eu desisti de partir para ficar com ele na mesma hora. Eu enfim tinha um motivo de felicidade em minha vida que tinha sido apenas tristeza durante esses anos. Eu o via como o amor da minha vida. Porém, me envolver com Jensen foi um dos maiores erros que eu poderia cometer na minha vida.
Nosso relacionamento não durou muito, apenas cinco meses. Mas foi tempo suficiente para que ele fizesse tudo de ruim pra mim.
Ele me traia, me xingava, mas mesmo assim, eu achava que ele iria mudar.
Como eu era boba.
Até que um dia, eu peguei ele em minha cama com outra garota e foi aí a gota d'água para mim.
Falei tudo que estava guardado em meu coração que eu nunca tinha dito para não gerar mais brigas entre nós e também falei que queria terminar. Foi nesse momento que ele se enfureceu e me bateu. Todos esses anos que tive de treinamento não foram o suficiente para me defender dele, pois eu estava em choque. Nunca havia pensado que ele seria capaz de chegar a esse ponto. Mas isso não foi o pior.
Ele me bateu bastante, mas me deixou acordada para que eu o visse se aproveitando de mim, se aproveitando do meu corpo enquanto eu não tinha forças para resistir. Felizmente não deu tempo dele fazer o que queria.
Senti a mesma raiva que senti quando vi meus pais sendo mortos injustamente.
Senti um frio se espalhando por todo o meu corpo. Era como se gelo corressem em minhas veias no lugar do sangue. De repente, eu senti uma força inexplicável se reunido por todo o meu corpo por onde esse "gelo" havia passado.
Eu empurrei o Jensen para longe de mim sem ter tocado o seu corpo e vi o seu olhar de desespero. Ao me olhar no espelho eu vi, meus cabelos que eram pretos como a escuridão, agora brancos como a neve que cai no chão em um dia de inverno. E os meus olhos, um azul que lembravam o azul do céu de um dia ensolarado. Olhei para as minhas mãos e vi um tom de azul nelas que brilhava. Voltei o meu olhar para Jensen novamente e a expressão desesperada não havia saído de seu rosto ainda. O gelo que corria em minhas veias curaram todas as minhas feridas e hematomas que ele tinha feito em meu corpo. Antes de sair, percebi que das minhas mãos estavam saindo flocos de neve e minhas unhas estavam um pouco maiores do que antes.
Fui até perto de Jensen, ele estava encolhido no canto da parede. Ele não ousou dizer uma palavra se quer e nem a sair do quarto. Então eu disse:
Acho que chegou a hora de você pagar por todo o mal que causou a mim.
O que você vai fazer comigo, amorzinho ? - ele ousou me perguntar com a voz tremula.
Nunca mais me chame de amorzinho. Você não merece nem me dirigir a palavra. - eu disse.
Quando terminei de falar, coloquei a minha mão sobre o peito esquerdo dele e cravei ali as minhas unhas, que ficaram maiores assim como eu havia pensado que queria que elas ficassem. Elas tocaram o seu coração, que parou de bater no mesmo instante e seu sangue começou a jorrar dos buracos que minhas unhas tinham deixado em seu peito.
Coloquei uma capa que tinha um capuz e era longa o suficiente para cobrir todo o meu corpo e saí da escola de Artes Marciais deixando tudo pra trás e prometendo a mim mesma que ninguém mais iria me machucar.
Esse foi o dia em que a sensação de matar aquilo que me fez mal, me causou um prazer imenso.
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Atualizado até capítulo 102
Comments
Ellen Pinheiro
a dor transforma pro bem ou pro mal mas muda a pessoa
2021-10-21
7
Beatriz Freitas
tô amando esse história ta muito legal
2021-05-29
1
Ana PB.
Imaginei como ele ficou, mas foi bem feito para aquele cara.
2021-03-20
2