Capítulo 5_ desânimo

Enquanto fazia o que minha madrinha havia me pedido, Rosa e meu padrinho chegaram, nós então colocamos a comida na mesa e fomos fazer a nossa refeição, tentei esquecer sobre meu pai e a minha madrasta, mas era algo difícil de se esquecer, afinal o seu desprezo e ódio gratuito está gravado na minha mente e no meu coração e isso é algo que eu levarei por toda a minha vida.

A única presença familiar que tenho são meus padrinhos, não sei nada dos meus avós maternos, meu pai e todos tentam evitar esse assunto, meus avós paternos morreram cedo e eu não tenho tios pela parte do meu pai e da minha mãe eu não sei, tentei certa vez perguntar ao meu pai quando ainda estava com ele, porém sempre que eu tentava falar nesse assunto ele desviava de assunto e me falava que eu não tinha o direito de saber, pois para a minha mãe eles nunca existiram, não sei o que de fato aconteceu, só sei que aconteceu alguma coisa ruim para que ele me dissesse isso ou talvez só queira que eu não saiba de nada mesmo e me deixar nessa escuridão familiar. No entanto, um dia quero saber do passado da minha mãe, já que é meu também.

Meu padrinho percebeu que eu estava distraída e perguntou:

−O que foi Mily, tem alguma coisa te incomodando? Você mau tocou na comida.

−Não é nada padrinho, são bobagens minhas. Falei para não preocupá-lo.

−Querido, nossa Mily está assim por causa de seu pai, ele hoje estava pensando nele. Minha madrinha tomou a dianteira e falou, meu padrinho olhou-me e disse:

−Milenna, você não deve se martirizar por causa de seu pai, ele um dia pagará pelo desprezo e tristeza que ti causou e ainda causa. Mas por enquanto não pense mais nisso e nem se atormente, não pode deixar que o ódio e o desprezo dele chegue até você, viva sua vida sem arrependimentos ou culpas, você é você e ele é ele.

−Obrigado padrinho, não sei o que teria sido de mim sem vocês. Falei agradecida e feliz.

−Mily, meu pai tem razão, você é jovem e bonita, viva a sua vida, encontre um amor e viva a juventude.

Quem me falou isso foi a Rosa, ele é minha melhor amiga, apesar de ser somente quatro anos mais velha do que eu, é muito madura para sua idade.

Depois do jantar, eu ia ajudar a tirar a mesa, mais minha madrinha não deixou, disse que eu precisava descansar, ele disse a mesma coisa a meu padrinho e a sua filha, então Rosa subiu para seu quarto, eu estava subindo também quando meu padrinho porém, ficou e ajudou a sua esposa, é incrível como os dois têm carinho e afeição um para com o outro, deve ser por isso que estão juntos a muitos anos, é nítido o amor deles um com o outro, isso é admirável, eu poderia passar horas os olhando da escada e encantada por eles, mas os deixei sozinhos e subi para meu quarto.

A casa deles não é grande, mais é muito confortável, tem três quartos, uma sala de jantar e uma de estar, a cozinha, o toalete, a varanda, uma sacada e nos fundos têm um quintal muito bonito e cheio de flores que eu plantei e cuido delas nas minhas horas livres, tem um banco em forma de balanço, eu e a Rosa brincávamos nele quando éramos crianças, meu padrinho nos balançava de vez em quando.

Antes de dormir, tomei um banho para refrescar meu corpo e mente, depois pus meu pijama e me deitei. Estava tão cansada que logo adormeci e somente acordei no outro dia com o alarme do meu celular despertando, o programei para tocar antes das seis horas, pois tenho que ir para o trabalho mais cedo que o habitual. Eu me levantei procurei uma roupa para ir trabalhar e tomei um banho, em seguida me troquei e desci para tomar o café.

−Já acordada querida, tão cedo?.

Minha madrinha se espantou, pois costumeiramente acordo somente depois das seis, quase próximo as sete horas da manhã.

−Bom dia madrinha, hoje tenho que chegar mais cedo ao trabalho, por isso acordei um pouco mais cedo que o de costume.

−Entendo, nesse mês, você tem se esforçando muito querida.

−Eu preciso me esforçar madrinha, meu paciente é uma pessoa bastante difícil de lhe dar.

Me sentei a mesa, tomei meu café da manhã e fui pegar um táxi, eu não tenho carro por isso dependo de ônibus ou táxi para me locomover, se o lugar for muito perto, vou andando mesmo.

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