Capítulo 4_ Um dia normal

Após a consulta percebi que existe uma grande chance para que ele volte a andar, montei uma sequência de exercícios e em seguida o informei como iriamos proceder. Ele não estava nada animado para isso, o que vai tornar meu trabalho um tanto difícil, bem, isso não é novidade, quando aceitei esse trabalho já sabia que não era fácil.

Lorenzo Santiago me mostrou o resto da mansão e me explicou também tudo o que eu devia saber sobre o senhor Mateus Domingues Santiago, após isso ele saiu para trabalhar, ele é um empresário do ramo da moda, tem uma grande agência de modelos.

Eu fiquei lá na mansão fazendo a fisioterapia com o senhor Mateus Domingues, que entre uma sessão e outra reclamava, de fato, ele não aceitava muito bem os exercícios.

−Senhor, essa fisioterapia é para o seu bem. Eu dizia mas de nada adiantava.

−Olha mocinha, eu não quero fazer esses exercícios, isso é uma grande perda de tempo.

Ele dizia resmungando.

Eu não entendia, não é muito comum que um paciente não queira voltar a andar e ter seus movimentos de volta, mais de vez em quando isso acontece, embora seja raro.

−Senhor isso não é uma perda de tempo, eu sei o que estou fazendo, aliás, como o senhor ficou assim?

Eu perguntei, ele ficou em silêncio e depois respondeu:

_Isso não te interessa, continue fazendo o seu trabalho.

−Eu bem que estou tentando, mas o senhor não deixa.

−Se não aguenta, pode ir embora, peça demissão.

Ele respondeu mal humorado e eu o respondi:

−Eu não posso fazer isso, eu tenho que trabalhar, não é só o senhor que tem problemas.

−Pelo visto seus pais não te deram educação, como responde dessa maneira os mais velhos mocinhos?

−O senhor tem assuntos que não gosta de falar e eu também, sobre meus pais o senhor não fale.

Ele realmente sabe como ferir alguém com palavras, falar sobre meus pais não é agradável para mim, eu sempre lembro do meu pai Bernardo que me despreza e sobre a minha falecida mãe. Terminados os exercícios eu fui embora mais cedo, o senhor Lorenzo Santiago ainda não tinha chegado então avisei a governanta que para compensar no dia seguinte eu viria mais cedo que o normal.

Fui para casa chateada, trazer o assunto dos meus pais de volta, me feriu um pouco, às vezes, penso em ir visitar meu pai e meus meios irmão. Mas sei que não é uma boa ideia, meu pai Bernardo sempre me despreza e minha meia irmã também, só o meu meio irmão Noah é legal comigo, de vez em quando ele me liga e pergunta se estou bem, eu realmente não o odeio, mas os outros eu odeio, sei que o ódio é um sentimento destrutivo, mais não tenho como não senti-lo.

Cheguei em casa e a minha madrinha já estava a minha espera, a abracei agradecida, ela para mim é como minha mãe, me vendo um pouco triste perguntou para mim:

−O que foi querida? Você parece triste.

−O de sempre madrinha, pensei em meu pai hoje e isso me deixou um pouco triste e ao mesmo tempo com ódio dele.

−Não fique assim filha, deixe isso para lá, eu e seu padrinho te amamos e a Rosa também, você é parte da nossa família.

−Por que madrinha? Por que eles me odeiam tanto? Eu não fiz nada, será que foi culpa minha a mamãe morrer?.

−OH querida, não se culpe por isso, venha, sente-se aqui.

Ela me pediu para sentar no sofá e em seguida sentou-se também, eu então deitei e coloquei a minha cabeça sobre o seu colo e ela alisando meu cabelo, me falou:

−Eu e sua mãe éramos muito amigas, por isso ela me escolheu como sua madrinha, Clara estava muito feliz com a sua chegada, você era e é a coisa mais importante para ela, quando você nasceu ela ainda te segurou em seus braços, ela estava radiante e feliz, porquê nos últimos momentos de vida ela conseguiu ver seu rostinho pequeno, após isso ela faleceu. Por isso, não se culpe, sua mãe não gostaria de ter ver assim. Sua mãe teve uma gravidez difícil, pois tinha uma saúde frágil, e para piorar ela desenvolveu uma doença alto imune durante a gestação, ela sabia dos riscos, seu pai Bernardo queria que ela tirasse a criança, ou seja, você, só que sua mãe te defendeu com unhas e dentes, mas não odeie o seu pai, ele a amava muito, para ele sua mãe era a coisa mais importante na vida dele e quando ele perdeu ela, sua vida também perdeu o rumo, o seu coração endureceu e cegou.

−Como eu queria que a mamãe estivesse viva madrinha, eu não queria crescer sem o seu afeto e carinho.

−Eu sei minha querida, mais não se deixe influenciar pelo que seu pai lhe falava, ele um dia irá se arrepender de tudo. Afinal ele nunca chegou a conhecer você de verdade, você é tão parecida com a sua mãe, ele perdeu o maior presente que a Clara o deixou; você Mily.

−Obrigada madrinha, não sei o que seria da minha vida sem você e o padrinho que me acolheram e cuidaram de mim.

−Não precisa agradecer filha, você e a Rosa são nossos presentes de deus. Agora vamos deixar dessa tristeza e vem jantar, seu padrinho e a Rosa chegaram daqui a pouco, me ajude a colocar a mesa.

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