O Despertar: A Herdeira
-Ely…
escuto a voz sussurrando suavemente.
- Bom dia mama.
- Bom dia, querida precisa se arrumar logo iremos para Elblag.
- Ok, obrigada mama.
Leva mais ou menos dez minutos pra entender que me chamo Maely e sou do planeta terra, pois minha alma precisa de tempo para retornar ao corpo sempre que acordo, mas hoje vou para Universidade de Elblag e começar um novo capítulo de uma vida monótona. Me arrumo em tempo recorde e desço as escadas da mansão às pressas encontrando meu pai sentado no hall de entrada com uma cara super feia (o que é muito normal já que ele está sempre de mal humor) sinto que hoje não é nosso dia mais amigável, eu e papa temos problemas de relacionamento desde sempre, mas acostumamos a suportar um ao outro por causa da mama.
- Tá atrasada Maely cinco minutos! - Desculpa papa.
- Pra filha de um marechal você não tem disciplina alguma!
- Ok papa, colocando na lista de coisas que eu faço errado, quem sabe um dia eu não alcance a vossa perfeição.
- Ely, não fala assim com seu pai, ele só quer seu bem.
- Desculpe mama.
- Vocês duas vamos.
- Mas papa eu não…
- Não mandei se atrasar se alimente quando chegarmos a Elblag.
- Ok.
Hoje é meu primeiro dia na Universidade e já me sinto altamente nervosa, odeio interação, odeio conversar, odeio ter que fazer novos amigos, não que eu tenha algum porque não, eu não tenho amigos e nem me importo, não sou nenhuma nerd ou santa puritana, mas detesto sair de casa por preguiça ou para não precisar receber sermão de um certo Marechal. Pela primeira vez serei apenas Maely, uma garota comum curtindo a vida universitária mesmo odiando tudo ao seu redor, talvez não odeio tudo mas não me encaixo nesse lugar, falta alguma coisa. Escolhi uma faculdade em outra cidade para dar um tempo na minha relação pai e filha e lutei muito para convencer meu papa a me deixar vir para Universidade de Elblag e não me julguem mal, eu amo meu pai é só que às vezes fica difícil cumprir as expectativas dele, no fim do ano passado pouco antes da inscrição seletiva da universidade entrei em crise existencial quando ele tentou me impor que eu deveria seguir alguma carreira diplomática como a dele, naquele momento eu sabia que não teria como fazer uma escolha sem decepcionar alguém e eu resolvi não me decepcionar e escolhi fazer faculdade de história, meu pai óbvio até hoje acha que minha educação foi um desperdício já que para ele escolhi qualquer cursinho balela,eu sei do meu potencial e sei também que eu poderia alcançar o poder como muitos da minha família, mas acredite quando você é filha de um Marechal que comanda Voivodas de Vármia-masúria você está inserida no ápice do machismo mundial, mulheres que nascem no mesmo status social estão destinadas a serem "recatada e do lar" é inacreditável que eu não tenha sido adotada ou trocada na maternidade, por isso aqui em Elblag posso ser a filha de uma artistas e um simples militar, não fiz isso para causar brigas na minha família e sim para traçar meu próprio caminho e porque entendo meu papel nessa sociedade, minhas ações influenciam e afetam diretamente as pessoas, quero que milhares de garotas de dezenove anos saibam que podem ser mais que a escolha que alguém fez pra sua vida sem o seu consentimento e também que não tem importância o que esperam de você, o que importa é o que você quer pra si mesma, um dia ainda vou gritar para todas as pessoas como eu que nunca deixem que te obriguem a viver sonhos que não são seus, os sonhos frustrados que seus pais carregam não são culpa de vocês, o caminho é seu, ninguém pode escalar a montanha no seu lugar e por isso você deve ser a única pessoa responsável por escolher a direção dos seu passos. Eu amo Elblag e sempre sonhei em estudar aqui, me inscrevi no curso de história e me sinto tão animada que chega doer pra conter o riso.
- Chegamos.
Eu ouço o motorista dizer, enquanto minha vista está apenas centrada na enorme Universidade a minha frente, grama verde e várias freesias e rosas amaryllis em canteiros enormes é tão lindo que que parece um dos quadros da mama, cheios de sentimentos, desço do carro dizendo aos meus pais que quero dar uma volta sozinha pelo campus eles concordam e eu saio caminhando e matando a curiosidade sobre cada pedacinho do lugar, fiquei tão absorta nesse mundo que nem percebi que tinha passado meio dia, uma voz me tira do meu transe.
- Veja se não é a filha do nosso marechal.
Um sorriso zombeteiro aparece no rosto do sujeito na minha frente.
- Zieliński, veja se não é o maldito filho do conselheiro.
Digo com deboche.
- Você me magoa assim Ely depois daquele nosso lance me sinto usado por você agora. Eu usei ele para meus próprios benefícios e não sinto arrependimentos.
- Sinta-se como quiser.
Digo sem muito entusiasmo e bufando.
- Aí malvada que dor no meu coração, Ely olha acho que meu coração está sangrando.
- Bom não sei, faço história, não medicina.
- Seu mau humor é realmente bem difícil de aguentar às vezes, sabia princesa?
Olho com meu olhar assassino enquanto ele sorri como se eu não pudesse realmente acabar com ele
- Então vai embora…
- Ely querida até que enfim te achei
Minha mãe chega me cortando e andando em nossa direção.
- Senhora Szmit, uma satisfação enorme em revê-la.
Eu nunca me acostumei com todos ao meu redor tentando agradar meus pais, é como se tivéssemos dentro de uma bolha impenetrável onde ninguém pode entrar a menos que se humilhe e beije os pés do meu pai.
- Wos, então você está em Elblag também? Por favor cuide do meu tesouro.
Minha mãe sorri aquele gentil sorriso que ela mostra a todos, mas eu sei que é forçado porque ela não gosta do Wos desde… Bom desde sempre.
- Bom, não preciso de cuidados.
lanço revirando os olhos enquanto minha mãe me dá um beliscão disfarçado.
-Ely querida, precisamos ir, Wos espero que não fique chateado mas temos outros compromissos é preciso levar Ely para conhecer o reitor.
- Sem problema senhora, até uma próxima vez.
Depois de me despedir de Wos mama e eu vamos a diretoria onde papa nos espera, com uma cara nada boa como de costume, vejo um senhor de meia idade com um sorriso largo e já sei o que tenho que fazer.
- Elen querida, será um prazer tê-la conosco aqui no campus, qualquer coisa que precisar pode me dizer que eu vou atender pessoalmente.
Fala sério, eu não sei como essas pessoas conseguem ser tão imbecil. Senhor "Supeł" está escrito na identificação da escrivaninha. - Olá senhor Supeł, Maely, para o senhor é a senhorita Maely Szmit e não vou precisar de nada além de aulas de qualidade.
Meu papa me ensinou desde cedo a dominar sua personalidade aristocrata e bom não existe monarquia aqui, mas se existisse eu seria uma espécie de princesa mesmo. Sempre mostrei o pior de mim para as pessoas e nunca me importei com os comentários alheios do tipo "Mimada, egocêntrica, egoísta…) e qualidades “admiráveis” que as pessoas que me conhecem “apreciam”. A parte que ninguém sabe é que fui criada assim, não foi escolha e sim obrigação, afinal de contas não se pode esperar uma princesa de verdade se é cria do monstro.
- Claro, perdão senhorita Szmit, alguma questão importante a discutir?
- Sim, até eu terminar minha graduação vou ser a senhorita Kania, ninguém deve saber quem são meus pais e por último devo ser tratada como um aluno comum.
- Sim, senhorita.
- Bom era só isso se me der licença preciso ir.
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Atualizado até capítulo 37
Comments
Marcia Ramalho Mecias
UFA gostei dela
2023-06-19
0
Anna Livya Silva Maia
gostei do jeito dela
2022-07-24
1
Rayssa Cristina
oxe kkkk
2022-07-23
0