Minha mãe cozinha tão bem, penso eu enquanto termino de devorar as últimas asinhas de frango com molho que ela preparou. Com as mãos sujas e a boca lotada de comida olho pela fresta da porta e...
Fernanda Adler
Você quer sentar? (empurro a cadeira com o pé).
A copa não é só minha doutor (ela ri).
Rafael Spence
(ele ri) Eu sei moça.
(ele senta e pega uma fruta da fruteira e começa a comer).
Fernanda Adler
Olha eu até te ofereceria comida mas como pode ver já era tudo. (mostra a vasilha).
Rafael Spence
Você é única sabia, acho muito legal esse seu jeito de moleca.
Fernanda Adler
Sempre fui assim (levanta indo em direção a pia) minha mãe diz que é mais fácil de levar a vida sabe... com alegria.
Quando ela termina de lavar a marmita e se vira, dá de cara com ele, que a segura.
Rafael Spence
Cuidado (ele ri) também eu deveria ter avisado, não dá pra chegar nas pessoas assim por de trás.
Fernanda Adler
(ela fica vermelha de vergonha) A não tem nada não, tá tudo bem, você quer companhia para terminar de comer? As vezes é ruim comer sozinho.
Enquanto ela termina o diálogo, o cheiro amadeirado do perfume dele incendeia as narinas dela, um cheiro que marca memória, que fica guardado, cheiro atrativo o cheiro dele.
Rafael Spence
Não tudo bem. E só uma fruta. Meu almoço só vem mais tarde.
Fernanda Adler
Sua mãe cozinha pra você?
Rafael Spence
Não (ele ri) ela não bota as mãos na cozinha já tem uns 30 anos.
Fernanda Adler
Caramba ela tem deficiência?
Rafael Spence
(ele ri alto) Não, ela não gosta de cozinhar.
Fernanda Adler
(ela ri) Desculpa meu cérebro é assim mesmo as vezes. Agora tenho que voltar. Aprecie a fruta da fruteira.
Enquanto ela saia da copa, ele retornava a sentar na cadeira solitário e pensativo.
Rafael Spence
(respira fundo) Ela é tão inocente, tão bonita, tão delicada, aqueles cabelos meio soltos, por que eu não paro de pensar nela, quero proteger ela, quero ser seu amigo, quero que ela confie em mim, o perfume simples de cheiro de roupa limpa, tão minha... (ele debruça na mesa).
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