CAPÍTULO 13

Ao chegar no topo da escadaria ,Sara já vê Tina ninando Lucas. Seu coração fica apertado pensando em como será difícil ficar longe desse pingo de gente.

Pegando Lucas no colo, ela já o amamenta e ele logo se acalma ,esses momentos com seu filho são gratificantes. Será muito doloroso se afastar dele por tanto tempo . Mas pelo bem estar dele, essa é a melhor coisa a fazer.

Sara conta como esse seu novo emprego caiu do céu , pois agora ela poderá pagar mais pra Tina, quitar suas dívidas e dar uma vida digna ao filho.

Tina fica super feliz por saber que a amiga está dando um belo passo rumo aos seus sonhos.

- Tô muito feliz Sara, mas nas sextas eu tenho meu freelance naquela casa noturna. A grana é boa, não posso perder...

- Não esquenta, dou um jeito. Jamais iria te prejudicar Tina , afinal se eu te perder ,eu estarei perdida...

- Sem mim você estará perdida... fala que me ama ? - debocha Tina.

- Tô a tanto tempo sozinha que logo vou te amar mesmo.

E rindo se despedem ,mas sozinha em sua cama , Sara cai em um choro silencioso. Saber que nunca mais verá CARLO, nunca mais sentirá suas mãos em seu corpo, isso a destrói dia após dia.

Mas ela sabe que jamais poderá ve-lo . Lucas era dela,apenas dela. Com o poder de CARLO del Conti, ele tomaria seu filho. Com essa perspectiva seu choro aumenta.

Na tarde seguinte ao se apresentar exatamente às 17hs para o trabalho de acompanhante, foi logo conduzida ao vô Ramon que estava no orquidario.

Sara que sempre foi tímida, não teve dificuldades em interagir com o idoso, ele era muito simpático e tinha muitas histórias de aventuras vívidas por ele, as quais Sara ouvia com um brilho no olhar, cheia de interesse

Os três primeiros dias foram assim, para se conhecerem.

Eles passeavam pelo jardim, área de lazer, sempre alegres. Até que Sara pediu autorização de dona Consuelo para trazer o filho pro trabalho as sextas para Tina trabalhar.

- Você tem um filho ? - pergunta a senhora, que nota o brilho travesso no olhar do pai.

- Sim senhora. Meu Lucas tem quase 5 meses.

Cheia de curiosidade, sabendo que seu pai estava armando alguma coisa.

- Lógico Sara. Vamos que tudo dará certo. - respondeu com os pensamentos longe.

Sara volta pra casa com novidades para Tina. A amiga se dispõe a levar Lucas todas as sextas. A logística não seria muito fácil, mas " pai Tina " assumiu pra si a responsabilidade.

Na primeira sexta feira de Lucas no trabalho, Tina já estava na entrada esperando quando Sara chegou. Pegando seu bebê e a bolsa dele,agradece a amiga, que corre pra entrar no ônibus, já que pra vir veio de carro de aplicativo que dona Consuelo insistiu em pagar.

Em menos de uma semana no emprego, sentia -se bem ,era bem tratada, como da família, ao menos ela sentia assim . Agora ela queria saber comi seria com Lucas.

Com esse pensamento, segue pela entrada dos funcionários e para sua surpresa encontra vó Ramon no caminho, ansioso por conhecer Lucas.

Ao ver o bebê teve certeza de estar diante de seu bisneto, mas não falaria com ninguém a esse respeito, manteria o menino afastado de Consuelo .A emoção era enorme em saber que a linhagem não pararia em CARLO.

O coração do velho se derreteu pela criança e quando ele esticou seus bracinhos pedindo seu colo,ele quase levantou da cadeira.

- De-me esse pirralhinho Sara. Vá guardas suas coisas...

Ao se ver sozinho ,encheu de beijos a bochecha rosada e deu um abraço enquanto Lucas puxava seu bigode.

- Desculpa vô Ramon, esse é o primeiro contato dele com quem não usa saias...

- E o pai ?

- Meu Lucas não tem pai. As vezes coisas desnecessárias são descartadas.

O homem sentiu nessa fala a dor mesclada com desprezo pelo pai da criança. Se estiver certo ,esses sentimentos duros são dirigidas ao seu neto CARLO.

E ali ele deu início ao seu plano de trazer seu neto para o Brasil.

CARLO não entendia o que tanto sua mãe e seu avô faziam no Brasil. Mas para ele estava ótimo não ter que enfrentar o olhar inquiridor do vô Ramon e o de condenação de sua mãe. Sem falar que com o pai viajando à negócios a casa ficava livre para festas regadas a muitas mulhere e álcool .

Resolveu ligar para Pietro e pediu pra que organizasse uma festinha na piscina para espantar o tédio do domingo, sabia que com seus contatos ele faria tudo funcionar.

A música rolava solta com mulheres dançando desinibidas e alguns poucos homens admirando, a bebida não faltava. CARLO olhava a cena pensativo, girando o copo de wisk nas mãos.

Se o mordomo Diego estivesse ali ,certamente com uma cinta na mão, faria todas aquelas caça - dotes sumirem .Esse pensamento lhe fez sorrir de nostalgia da sua adolescência...

Devo estar ficando louco ! Com saudades do mordomo e suas ameaças.

Estava com quase 30 anos, bem sucedido, vivendo sob o mesmo teto que sua família enquanto muitos na sua idade já tinham rompido os laços de família ou até já eram pais.

O fato de morar com os pais não o afetava, isso era tradição na família . Um cuidava do outro, afinal somos uma família pequena.

O que incomodava mesmo, era não ter filhos ou uma certa esposa para cuidar ou ser cuidado. O problema era esse coração que não amava e apenas deixava que mulheres passassem por sua vida.

- Não vai se divertir ? - Pietro vem pra perto dele.

- Parece que hoje estou meio nostálgico amigo.

- Porque não vai para o Brasil e procura por ela ?

CARLO apenas encara o amigo ,mas esse olhar diz tudo. Ele jurou que nunca mais voltaria . Nesse momento surge ao seu lado a grudenta Renata e uma amiga, elas acariciam CARLO sem nenhum pudor que no início fica muito excitado, mas de repente começa a entender que essa vida de curtição já não o agrada.

Para ele a festa tinha acabado. Deixando os convidados aos cuidados de Pietro, vai para seu quarto e se tranca, já para evitar surpresas desagradáveis. É o retorno do " monge CARLO " ,como o chamavam no tempo em que sofria pela garota da praia.

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