Enquanto Matteus vivia o pior momento da sua vida, Catarina ainda estava alheia a tudo, embora no meio da passagem do elevador de oitavo para sétimo, um sentimento de preocupação apareceu sem ser convidado no coração da jovem e a deixou sem fôlego, zonza e um tanto constrangida por estar acompanhada de um desconhecido.
— Tudo bem?— a voz do garoto soou estranhamente anormal.
— Tudo.
— Não parece, você está suando — num ato de impulso Catty levou as mãos na testa para se certificar que estava mesmo mal assim, não lhe parecia algo perceptível "como ele sabia?" Indagou em silêncio.
Como se a tivesse ouvido respondeu.
— Você está amarela.
— Há! — ela soltou um suspiro e acrescentou — Não é nada.
Um momento depois, quando o silêncio não estava mais superável, ela voltou a repará-lo, e notou detalhes que não havia reparado antes, por baixo da sua blusa de frio estava o uniforme do C.E.E.M.S, o colégio em que estuda, "um pretexto para conversar já que o meu está a vista para todos estranho " pensou, mas apareceram mais indagações, "durante os anos que eu moro aqui, nunca o vi, então era novo na área, mas sua quietude era algo anormal, já que muitos que se mudam vão logo querendo fazer novos amigos para se encaixar, talvez fosse tímido, ou não queria estar aqui" com um pouco de coragem foi tirar tudo a limpo, já que sua curiosidade não lhe permitia outra saída.
— Então, nunca te vi por aqui, se mudou quando? — ele meio sem jeito demorou a responder, parecia tímido, "ou alguém procurando o quê mentir" sussurrou uma estranha voz no seu inconsciente.
— Este final de semana, meu pai foi transferido e tive que vir com ele.
— E você vai estudar no C.E.E.M.S — vendo que ele pareceu surpreso logo acrescentou — vi que está com o uniforme deles.
— Sim, vou — o elevador pára e saem em silêncio, depois desse momento ninguém mais ousou falar nada, e Ryan se apressou em sair na frente. Quando estavam frente aos imensos portões dourados e muros incrivelmente brancos do colégio, Catarina se lembrou do principal.
— HEI! AINDA NÃO SEI O SEU NOME— gritou.
— Ryan Souza — respondeu ao se virar.
— Prazer em te conhecer Ryan — ela estendeu a mão para ele com um simples sorriso no rosto — Meu nome é Catarina Santos Reis, mas pode me chamar de Catty.
— Muito prazer conhecê-la Catty — suas mãos se tocaram, mas foi muito mais que um breve toque, pois ao senti-lo uma energia boa percorreu o corpo de Catty, um tanto contida e fraca, mas familiar, Ryan sorriu imerso em pensamentos ao sentir também.
Enquanto ele dava as costas e se afastava, outro detalhe lhe chegou aos olhos, a pele dele era extremamente branca e tinha um símbolo estranho em seu pescoço, um S em forma de serpente totalmente negro.
Mesmo havendo uma batalha interna na mente da jovem para perguntar mais a respeito, ela resolveu deixar para lá, afinal seus amigos já estavam para chegar.
Mal sabia ela que Ryan não seria o único mistério a ser desvendado naquele dia.
...
— Alô! SAMU, acabou de acontecer um acidente entre um carro e um caminhão — A voz era "quase" de desespero.
— Calma! Calma senhor, diga onde é e nos informe a situação.
…
Enquanto o dia passava de maneira inesperada para eles, Lavínia tentava por tudo não acabar surtando.
— Se você pretende ter todos os seus membros ligados à cabeça é bom parar — uma bolinha de papel passou voando perto da cabeça da jovem, embora bem antes disso, seus nervos já estavam a flor da pele, aquilo só foi o estopim para acabar com os pingos de paciência com seu irmão Otávio, ele era o tipo de pessoa que adorava encrenca.
— O que medo, vai fazer o que? Contar para a mamãe é? Estou tremendo de medo — a pequena confusão se iniciou desde quando subiam na vã para ir estudar, um tanto insuportável tanto para Lavínia, como para os outros ao redor, ela reparou.
Como irmã mais velha, em certos pontos o cérebro que tentava pôr ordem no mais novo, que com pouco mais de sete anos de vivência às vezes é difícil aparecer uma ideia que não seja implicar com a irmã ou qualquer outro que aparecesse no caminho, mas ainda sim ela tentava. Para os outros devia parecer um anjinho com os cabelos louro escuro, cara de santo, mas a paz estava longe de ser uma característica quando se tratava de Otávio.
— E sério, PARA — numa crise de nervos, Lavínia se levantou para bater no irmão, mas antes que fizesse algo a vã freou bruscamente e a jogou para o banco da frente. Os cabelos, um loiro mais claro que o de Otávio estavam soltos, e se bagunçaram na cara tapando algumas pintinhas que tinha no rosto, o garoto desatou a rir.
— Viu o que deu você tentar dar uma de valentona — quando ia revidar, alguém falou e a sua atenção mudou de rumo.
— Está todo mundo bem aí? — o motorista, com sorte a cara de preocupação não era por causa da quase briga, Lavínia torceu para que fosse isso.
— O que aconteceu senhor motorista? — a garota que estava sentada mais perto da porta perguntou.
— Parece que a faixa foi interditada e tudo indica que foi acidente.
Ao ouvirem essas palavras todos se aproximaram da janela para ver.
Quando passaram o mais próximo permitido, o coração de Lavínia foi a mil ao reconhecer pouco a pouco os destroços espalhados do carro do pai do amigo, e ele sendo socorrido às pressas pelo SAMU enquanto outra já levava alguém que sem muito esforço deduziu ser o pai.
— Eu preciso ligar para Catty!
Imediatamente o celular estava nas mãos buscando o número de telefone da melhor amiga.
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Atualizado até capítulo 53
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