A Proposta
Numa manhã chuvosa acontecia o enterro de Charlie, meu pai. Nem sei como consegui me levantar da cama, e vir até este cemitério, triste e horripilante, mesmo depois de tudo que aconteceu, mas, apesar dos acontecimentos, não deixaria de comparecer, mesmo qual doloroso ia ser ao ver enterrando meu pai. Ainda me lembro daquela tragédia, e hoje me culpo por estar viva. Se não fosse por min, nada teria acontecido, nada.
Minha avó Rose me abraçava gentilmente, querendo que eu desse uma última olhada para o meu pai.
— Querida, você precisa se despedir do seu pai.-Rose me olhava com compaixão, ela sabia ser um erro não olhar e encarar a situação, pois passará numa situação semelhante. Perderá o seu homem, o meu avô Chavier e ela não tinha se despedido dele.
Olhava para minha avó, pequena, com cabelos curtos e grisalhos, me olhando com aqueles olhos cinzentos. Apesar de pequena ela tinha força, ela não chorou até agora sobre a morte do meu pai, mas sabia que ela se mantinha forte por minha causa. A culpa me invadiu, e então confirmava com a cabeça, e ela me soltava do abraço. Caminhando até o caixão grande de madeira, rodeados de flores e recados, e estando mais perto, conseguia ver o meu pai. Pálido, sem vida, mas arrumado. Olhava para o meu pai tão intensamente, desejando que ele voltasse a vida, e que isso era só uma pegadinha, mas sabia que não era, ainda mais ao ver que as flores tampavam as partes perdidas de Charlie. A culpa me invadiu novamente, era por minha causa que isso aconteceu, se não tivesse saído do carro e ajudado ele, meu pai estaria vivo agora. Me debruçava no corpo imóvel de Charlie, e chorava, minha mão apertava nas deles, frias e imóveis, fazendo me chorar mais ainda. Uma mão gentilmente apertou os meus ombros.
— Precisamos ir Mel.-Benjamin dizia, numa voz suave, tão suave que ninguém ouvia além mim.
Ele estava com os olhos avermelhados, todo arrumado em seu terno preto, os cabelos negros arrumados de lado. Os braços fortes de Benjamin me envolviam, num abraço apertado, sua mão alisava minhas costas enquanto ainda chorava, em seu peitoral duro. Alguns minutos se passaram, Ben me conduzia para saída, pois agora o meu pai ia ser enterrado.
— Eu tenho que ir Mel...
— Tudo bem. — Ben só deu um sorriso fraco com a minha resposta.
— Não tem muitos homens para levarem...-Interrompia ele.
— Tudo bem, pode ir.- Dizia fracamente, já sabia o que ele ia dizer, mas não queria ouvir, então com um aceno deixava ele ir.
4 homens, contando com Ben, levava o caixão do meu pai para o cemitério, caminhava com minha avó, estando próximas ao caixão, enquanto um pequeno grupo de pessoas seguiam atrás.
Ao chegar no cemitério, e a sepultura erguida do meu pai, todos paravam. Os 4 homens deixaram o caixão perto de um enorme buraco, e um padre próximo, começava a dizer versículos da bíblia e um pequeno, e curto discurso. Mas não estava prestando atenção no que ele dizia, só conseguia ficar imóvel ali, olhando para o caixão, agora fechado, do meu pai, pensando, será que se não tivesse tido aquela estúpida ideia, o que ele estaria fazendo hoje? Fazendo piadas como sempre fazia?
Lágrimas começaram novamente a brotar em meus olhos, não queria chorar, mas não conseguia contê-las. Chorando novamente nos braços de Rose, que me abraçava gentilmente, mas as suas mãos apertavam um pouco o meu braço, e eu sabia que ela queria chorar, mas ela estava segurando o choro.
— Mel, dê as suas últimas palavras. — Minha avó dizia suavemente. O padre já tinha parado de falar.
— Está bem…- Olhando para o caixão do meu pai, que estava sendo levantado. Tentava falar, mas a minha voz desapareceu naquele momento, uma mulher alta com cabelos curtos e loiros aparecia em frente ao caixão, e jogava algumas flores brancas. Logo ela se virava e olhava para min, ela não parecia ter sofrido, pois, estava com a maquiagem impecável, e não reconhecia ela, porém antes de observa-la mais, a mulher sumia entre o pequeno grupo. Deixando aquela mulher estranha de lado, me voltava para o meu pai, tinha tantas coisas que ainda queria lhe falar, mas só uma me veio à cabeça, e a mais importante das delas.
— Adeus… — Essas palavras fortes me atingiam, sabia que esse "Adeus", não era um "Até logo", sabia que ele não voltaria mais, nunca mais.
Meu pai agora estava já enterrado, o pequeno grupo se despedia, e iam embora, deixando minha avó e eu naquele cemitério, em frente a lápide de Charlie.
— Vou ver se o Sr.Black nos dará uma carona.-Minha avó dizia alguns minutos depois.
–Tudo bem, te espero aqui. -Olhava para ela, para ela ficar mais tranquila e fosse falar com o pai de Ben.
Estando agora só eu ali, naquele cemitério, esperando a volta da minha avó, ficava pensando em diversas formas do que eu poderia fazer para ter salvo o meu pai, até que uma voz feminina me interrompia.
–Mellany? - Dizia a voz feminina, estranhando por ela ter usado o meu nome e não o meu apelido, então me virava para ver quem era. E era a mulher estranha que vira mais cedo.
–Sim? -Perguntava, enquanto observava a mulher, e ninguém me veio a cabeça, não sei quem ela é.
–Sou Beatriz.- Ela dava uma pausa e vendo minha reação do qual continuava sem entender, ela continuava. - Beatriz d'Auvergne, sua mãe. -Ela mostrava os perfeitos dentes brancos num sorriso, com aqueles lábios chamativos.
–Não tenho mãe. - Dizia friamente. -Deve ter se confundi..-Ela me interrompia.
–A mãe tem um dom de reconhecer o filho, não importa o quanto ele tenha mudado. E como saberia o seu nome?- Ela se aproximava de mim.
– Por que está aqui? - Me distanciava dela ao ver que ela se aproximava.
– Porque só consegui falar com você agora querida..
–Oquê? Só agora?! Se passou 17 anos e você só conseguiu falar agora! - Explodia, não conseguia acreditar que aquela mulher estava falando sério.
–Mas...filha, Charlie e Rose não me deixavam ver você...-Antes que ela terminasse com aquela baboseira a interrompia.
–NÃO ME CHAME DE FILHA! Já deixei de ser sua filha quando me abandonou! Não só a mim! Mas a meu pai ! E nunca mais toque no nome deles!
– Mas Mellany, por favor dê a mim uma chance...estou aqui para me redimir, sei que eu errei, mas..
–BASTA!- Rose a interrompia. - Vá embora daqui Beatriz. — Minha avó dava um olhar frio para aquela mulher.-Vamos indo Mel.
Beatriz dava um olhar duro para a minha Vó, mas logo se virava e ia, deixando os "quicks" de seus sapatos a acompanharem.
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Estando em casa junto com minha avó, que se despedia do Sr.Black e Ben. Mas Benjamin ia atrás de mim para se despedir, porém Rose o impedia.
–Benjamin por favor, ela precisa de um tempo sozinha. - Parado ainda na porta me olhando, mas, virava de costas para ele e ia para o meu quarto.
–Esta bem Sra.Forks. - E com um aceno da cabeça ele ia.
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Deitada em minha cama, ainda com minha roupa do enterro. Pensava naquela mulher, que poderia ser minha mãe,mas..o quee ela queria de mim? E logo agora no enterro do meu pai? Uma batida na porta me interrompia os meus pensamentos.
–Mel se quiser conversar...- A voz era de Rose atrás da porta.
–Não..agora não vó, me dê algum tempo para processar.
–Está bem.
Novamente sozinha, perdidas em meus pensamentos, e sem perceber, acabava pegando num sono.
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Personagens:
...Mellany...
...Benjamin:...
...Beatriz:...
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Atualizado até capítulo 27
Comments
Izabel Passos
muito bom
2022-02-19
0
mirla cordeiro
A que legal, primeiro o texto depois a apresentação dos personagens. 👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼 É muito bom, pra gente não ficar no escuro.
2022-02-12
0
caio silva
Intrigante!
2021-12-07
1