capítulo 5

Meu coração congelou no peito enquanto descia daquele carro, ele doeu como que se um caminhão estivesse passado por cima dele e o esmagado em mil pedaços.

Olhei para aquela fachada por um tempo, depois para Fernanda que parecia tão chocada como eu, depois para o segurança que deixou o carro e se colocou ao nosso lado.

__ Vamos! - Ele pediu em tom firme. Depois de agarrar-me pelo braço, ele foi até Fernanda e fez o mesmo.

Não conseguia nem falar, questionar o homem, o local ou sua atitude nada sútil, tudo que eu conseguia pensar era em como os meus planos, os meus sonhos, estavam caindo bem diantes dos meus pés e eu não podia fazer nada.

__ Vamos logo, não complica as coisas mim, tudo que conseguiram é que elas fiquem piores para vocês. - Ele disse quando não andamos, em seguida segurou tanto o meu braço quanto da Fer com mais firmeza, inclinando nossos corpos para frente.

Sem saída, começamos a andar em direção a casa, primeiro passando por um jardim de rosas vermelhas e brancas, que de um todo, era a coisa mais linda aqui, em seguida subimos uma escadaria de quarenta e quatro degraus, sim, eu os contei, fui contanto um a um esperando eles se multiplicarem ou algo assim, e tudo para não passar por aquela porta toda trabalhada e cravejada com símbolos que desconheço.

Más passamos, não tinha jeito.

Se fosse apenas o "bonitão" até teríamos uma chance, más vi tantos homens armados cercando esse lugar em minha leve inspecionada que, fugir para qualquer lugar que fosse era impossível.

Esse maldito momento parecia o fim, más não, era apenas o começo, o início da triste realidade que armaram para gente.

É, nunca dividem, se uma coisa está ruim, certamente ela pode piorar.

Eu aprendi isso da pior maneira.

Mesmo desejando fechar meus olhos, eu vi claramente o significado de "pior" assim que entramos naquele lugar,

Um salão gigantesco se materializou em nossa frente, más nem ele, nem o bar chique rodeado por mesas de madeira cor tabaco e bancos estilo colossal de couro vermelho, nem o grandioso palco de shows, nem os quatro pole dense distribuídos perfeitamente sobre ele, nada ali era pior do que ver tantas mulheres naquela situação.

Mulheres não, meninas na verdade, todas quase que tão jovens e inexperientes quanto nós, algumas estavam semi nuas, outras com roupas extremamente extravagantes, más a maioria delas não vestiam nada.

Só que isso não era o pior, o que me fez querer fechar os olhos e não abrir mais forem os homens, homens de todas as idades que se esfregavam nelas.

Olhei para aquilo tudo desesperada, enquanto as lágrimas incessantes caiam sem fim pelas minhas bochechas sentia uma imensa vontade de gritar, gritar o mais alto possível, quem sabe assim papai lá no México me ouviria, viria até aqui, destruiria este lugar e me resgataria.

Más não dava, a voz não saia, e mesmo que gritasse aos quatro ventos até ficar sem voz, eu sabia, era impossível ele me ouvir.

Ele nunca saberia, papai pesquisou, mamãe também fez, estavam limpos, uma agência renomada, grandes modelos alavancando suas carreiras com eles, tudo perfeitamente certo, certo até de mais.

E cá estamos, vendo nossos sonhos serem pisoteados por esses porcos escrotos em um cabaré!

Olhei para Fernanda, e até ela com sua vasta experiência, sexóloga de carteirinha, atirada, corajosa e destemida, até ela, e todos os adjetivos fortes que lhe cercam, estava estupefata.

__ Levem as novatas lá para cima.

- Disse um homem se aproximando com um ar horripilante.

__ Não, espera, o que está acontecendo aqui, você só pode estar de brincadeira seu babaca, não vamos a lugar nenhum até explicarem que diabos está acontecendo aqui. - Fernanda recobrou sua voz e respondeu-lhe em uma tentativa frustada de auto defesa, parecer forte, superior ou algo assim.

O cara sorriu mostrando a ela seus dentes perfeitamente brancos, com o ar superior ao dela, bem mais forte e autoritário, depois se aproximou, a analisou dos pés a cabeça e gargalhou diabólicamente.

__ Não é você quem da as ordens aqui querida. - Disse, depois segurou seu queixo bem firme forçando Fer olha-lo nos olhos, e que olhos meus Deus, tão azuis como o céu em um dia limpo, e tão gelados como um aceberg no caminho de um navio, Fernanda era o navio, ela tentava e tentava desvencilhar dele, mudar de rota, más ele a manteve ali, navegando em sua direção até o choque inevitável.

__ Leve apenas a outra. - Disse o homem sem desviar seus olhos dos dela. - __ Ela não, ela vem comigo. - Completou.

Olhei para Fernanda tentada a interferir, más ela fez um gesto com a cabeça em negativa.

__ Está tudo bem amiga, obedece, não se preocupa, eu não tenho medo desse senhor. - Ela disse com ar de deboche olhando fixamente no cara, que quase a despia com os olhos.

O tal "bonitão" que nos buscará no aeroporto apenas assentiu com a cabeça e fez o que foi pedido.

Após segurar-me fortemente pelo braço, me arrastou pelo local até um quarto que ficava no andar de cima e bem nos fundos do tal cabaré.

Chegando lá, abriu a porta, me jogou dentro dele e a trancou novamente.

Mal olhei para o quarto, e corri para o banheiro.

Lavei meu rosto abundantemente, acho que no intuito de acordar deste pesadelo, más como já era esperado, eu não estava sonhando.

Endireitei-me, com a crise de ansiedade prestes a vir com tudo tentei manter o equilíbrio, o controle.

Pensei em como seria bom ter o Henry aqui agora, me acalmando como no banheiro do avião, más eu não o tinha, não tinha ninguém, estava sozinha e a própria sorte.

Neste momento me dei conta de que não me tiraram o celular, um ponto favorável para mim.

Coloquei a mão no bolso esquerdo do casaco e peguei o aparelho.

Ao liga-lo percebi algo diferente, o mesmo estava logado na tela de contatos, com o nome HENRY, escrito em letras grandes e um número escrito em baixo.

Que sorte a minha.

Más pera aí, quando ele fez isso?

E como não percebi?

Sem tempo de pensar sobre isso apenas passei meus olhos pelo nome dele, conferi o número, guarde-o na cabeça assim como mamãe me ensinou, depois corri o discador até o número de papai, mais a porcaria da chamada não completava.

- Droga! Eu não sei como chamar um número do México nessa merda de cidade.

Tentei o de mamãe, colocando os prefixos, DDD e tudo mais, más só obtive um resultado, uma voz feminina que dizia a todo tempo.

- Por favor, verifique o número e tente

novamente!

Sem chance alguma de controlar os tremores e continuar tentando em vão chamar os números de mamãe ou papai, disquei para Henry mesmo, era tudo que eu conseguia fazer naquele momento.

Por ser um celular pré-pago e com prefixo turco, o mesmo chamou imediatamente.

Um único toque e ele atendeu, como que se estivesse esperando por minha ligação.

__ Alô! - Sua voz soou do aparelho enchendo-me de esperanças.

__ Henry, sou eu, a Sofia, a Sofia do aeroporto. - Disse meio que atropelando as palavras.

__ Reconheceria sua voz mesmo meio a uma multidão Sofia. - Ele respondeu docemente.

Um sorriso bobo brotou em meus lábios, más não se pendurou por muito tempo, já que eu mesma não tinha tempo, quando notarem o erro certamente virão aqui me revistar e tirar o celular.

__ Henry eu não tenho muito tempo então me escuta com atenção, olha, nós fomos enganadas, viemos para Turquia para ser modelos, más ao envés disse nos trouxeram para um cabaré, isso mesmo, estamos um cabaré chique, sei lá onde, você precisa me ajudar, nos ajudar.

__ Calma Sofia, onde vocês estão, sua amiga está com você, me explica isso melhor. - Ele disse do outro lado da linha.

__ Eu não sei, realmente não sei Henry, tudo que sei é o nome da agência, chama-se Love Model,

- Respondi. Bem que eu deveria ter desconfiado desse maldito nome,

"modelo de amor" É, bem apropriado.

__ Ok! Agora fica calma e me diga como é o lugar onde você está Sofia. - Ele respondeu tentando me acalmar.

Sem sucesso!

__ Henry é um cabaré visivelmente chique, tem uma escadaria com 44 degraus, é eu os contei, uma porta de madeira antiga com símbolos cravejados nela, uma centena de homens armados que não são o real problema más sim a centena de homens aqui dentro, homens esse procurando diversão, e adivinha, nós somos essa diversão. - Respondi bem nervosa.

__ Você precisa se acalmar Sofia ou entrará em uma crise e isso não te favorece em nada, então respira e mantenha o controle.

__ Como posso manter o controle Henry, eles levaram minha amiga e me trancaram em um quatro qualquer, você sabe qual é o próximo passo, pois eu sei, você precisa procurar as autoridades, meus pais, Lorenzo e Katharine, eles são muito conhecidos na cidade em que nos encontrarmos pela primeira vez, ou então busque pelo translado do México, qualquer coisa, só me ajuda, por favor, estou com medo Henry, estou com muito medo, não quero ser uma escrava sexual desses...

Não tive chances de terminar a conversa, em um segundo estava colocando tudo para fora e falando sem parar, e no outro ouvi um barulho forte, a porta abrindo a base de pancadas, e o tal "bonitão" que eu ainda não sei o nome se chocando contra mim.

Para minha sorte e o azar dele, a porta trancada e sua dificuldade de entrar deu-me tempo suficiente para desligar a chamada e apagá-la.

Eles não podem saber o que eu fiz, tão pouco para quem liguei.

__ Você tem sorte de ser eu aqui e não o chefe, você estaria morta agora se ele te pegasse com esse telefone. - Disse falando perfeitamente minha língua.

Fechei a cara e me mantive firme, ele não era nem de longe tão amedrontador quanto o outro homem.

__ E você também estaria não é mesmo, eu acho que esse pode ser o nosso segredinho,

eu duvido muito que o homem lá fora,

"O Poderoso Chefão" vá perdoar um erro tão grande. - Respondi firmemente gesticulando com os dedos.

Ele me olhou irritado, más, não disse nada, nem uma palavra se quer, apenas pegou o celular e jogou dentro de uma jarra com água que estava na mesinha ao lado.

Sai dali, passei por ele e me sentei na cama, depois de respirar fundo ele reassumiu seu semblante calmo, pegou o aparelho da jarra, guardou-o no bolso e saiu dali me deixando novamente trancada e sozinha.

Só fui ver Fernanda novamente cerca de duas horas depois.

Trouxeram ela para o quarto, ela não tinha mais suas roupas, usava apenas um robe vermelho, estava despenteada e acabada.

__ Caramba! O que fizeram com você amiga? - Digo correndo o mais rápido possível até ela.

A abracei forte tentando conforta-la, ao mesmo tempo lhe inspecionando, no intuito de conferir se ela não estava machucada.

O sorriso que brotou nos seus lábios após minha atitude comprovaram que não, ela não estava machucada, estava bem, perfeitamente plena.

__ Você está rindo? Você está rindo mesmo? Está em choque ou ficando louca? - Digo perplexa.

__ Amiga, aquele homem, meu deus, que homem. - Disse ela, como se estivesse se referindo ao melhor homem do mundo.

__ Você tá falando sério Fernanda? - Respondi.

__ E sério Sofí, olha, no começo eu até brigue com ele, falei tantas coisas, comecei a xingar ele e todas as suas gerações, más ele, aquelas mãos firmes, aquile conjunto todo, ai amiga, é como se eu ainda sentisse ele aqui, aqui dentro de mim, foi a melhor, a mais selvagem e louca transa da minha vida, é sério, o homem é tipo, um deus do sexo. Aquelas mãos, aquela boca, aquela língua milagrosa e maravilhosa.

Que pegada! Que pegada! - Fiquei olhando para ela em choque, boquiaberta com suas palavras, tentando ver algo ali que ela não quisesse transparecer, algum medo, receio, dor, más não, eu não via nada.

Ela estava mesmo falando a verdade.

__ Você enlouqueceu Fernanda, você só pode estar louca. Olha, o cara é bonito e tudo mais, mais ele te levou a força, te obrigou a transar, estamos presa aqui...

__ Ele não me obrigou a nada Sofí, eu juro. Ele foi tipo feroz, me tomou para si e tal, más quando ele me jogou naquela cama e me beijou, ai amiga, eu me entreguei, me joguei de cabeça, eu quis aquilo, digamos que, uma pegada daquela, um homem daquele, fala sério, o cara é um Deus grego, não turco, ( risos). Como resistir?

Sorrio, não por achar aquilo tudo engraçado, más de nervoso mesmo.

Fernanda sempre foi meio doida, sempre teve mania de se apaixonar pelos homens errados, más desta vez, sei lá, isso está indo longe de mais.

Ela achar isso legal, engraçado, romantizar esse cara, esse momento, meu deus, onde essa garota está com a cabeça?

__ Tá bom Fernanda, você teve uma boa foda, ótimo, eu fico feliz por você tá, más você já percebeu na merda em que nos enfiamos? Você acha que será exclusiva desse cara? Acha mesmo que ele não vai te vender para aqueles velhos decrépitos que estavam se esfregando nas garotas no bar?

Ela me olha encabulada, só agora percebendo o quão ferrada estamos.

Acho que sua transa louca com aquele safado que deva ter uma vasta experiência nisso, mexeu com sua cabeça.

__ Você está certa, você está coberta de razão amiga. Me desculpa. - Ela diz devolvendo o abraço que a pouco era só eu quem deva.

__ O que faremos amiga? Precisamos sair daqui, e rápido! Ficar com um gostosão pouco mais velho que eu até vai, mais servir de banquete para esses velhos babões, há não. Eu me recuso. - Completou.

__ Ótimo! Que bom que agora sua ficha caiu. - Respondi me afastando.

Ela me olhou de cara feia.

__ Você sabe, os homens são o meu ponto fraco. - Respondeu com um sorriso pleno.

__ Um ponto fraco, oh não, eles são todas as pontuações se resumindo em fraqueza.

Conversamos um pouco, contei a ela sobre o telefonema e tudo mais, só que ela duvida que Henry faria algo para nós ajudar, mesmo que ele quisesse, ele nem sabe onde estamos.

Um tempo depois trouxeram nossas malas e comida.

Obviamente recusamos come-la por um tempo, vai que colocaram algo ali, um calmante e tal e quando déssemos conta estaríamos nuas em um quarto lotado de homens.

Más a fome a a exaustão causadas por ela falaram mais alto, devoramos o prato todo confirmando então que não estávamos sendo dopadas.

Os cretinos nos querem fortes e lúcidas mesmo.

Da pequena janela do quarto vimos a noite passar, homens e mais homens em seus lindos carros de luxo entrar e sair, vimos também o dia chegar e também ir.

Mal pregamos o olho, revezamos e conseguimos dar uma e outra cochilada, não queríamos ser pegas desprevenidas.

Como se isso ajudasse em alguma coisa, se entrassem aqui o que faríamos?

Iríamos bater neles?

Pular em seus pescoços e estrangula-los?

Era uma opção tentadora, é claro, más as armas que sempre faziam questão de deixarem a mostra fazia essa ideia ser estúpida de mais.

Nem teríamos nem chance!

Devia ser por volta de umas sete horas quando uma mulher adentrou o quarto, ela era pouco mais velha que nós, e estava vestida elegantemente, o que a diferenciava das demais meninas aqui.

Deve ser alguém importante, tão influente como o homem de ontem.

__ Bom garotas, eu acho que já ficou claro que aqui não é nenhum estúdio de top model nem nada do tipo, então por favor se preparem para a estreia de vocês, se arrumem imediatamente, eu quero ambas lindas, vestidas e maquiadas em uma hora. - A mulher disse em tom superior.

Depois de jogar dois vestidos em cima da cama ela saiu deslumbrantemente, esbanjando majestosamente sua superioridade.

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