Serviço/ Será que um dia serei feliz?

************Juliano*************

Acordo com alguém batendo na porta assim que abro me surpreendo com Dedé segurando um fuzil e pedindo para acompanhá-lo, olho em volta e tem vários vapores nos observando tento manter a calma e fingir que está tudo sobre controle.

Chegamos em um beco e as pessoas que passavam ou estavam naquele lugar quando vê Dedé sai cada um para uma direção e percebendo que só tem nós dois ele fala.

Dedé_ Parça tem um serviço pra você, mas a fita é complicada pois se trata da filha da chefia.

Ele precisa de alguém de confiança para ficar de vigia nela.

Juliano_ Por que a menina é encrenqueira?

Dedé_ Olha isso é com o chefe não me meto com a filha dele e aconselho você a ficar longe dela também.

Juliano_ Porque tenho que ficar de vigia?

Dedé_ Parça é um serviço que vai te render uma boa grana e se eu fosse você aceitava sem questionar.

Juliano_ Estou precisando de grana e ficar de vigia me parece ser uma tarefa fácil.

Dedé_ É sim, o problema que se trata da filha do chefe, então desde já tem que ficar bem atento a cada passo que a garota der.

Juliano_ Isso deixa comigo.

Dedé_ Em troca dessa minha boa vontade contigo quero que faça um favor para mim.

Juliano_ Manda aí.

Dedé_ Como você vai cuidar da filha do chefe quero que fique de olho nele para mim.

Juliano_ Em quem?

No chefe? (faço de desentendido)

Dedé_ Claro mano de quem mais estamos falando, quero tirar ele dessa posição e ocupar seu lugar e se você colaborar te farei meu braço direito aqui no comando.

Juliano_ Poxa cara essa é uma oferta tentadora, mas um dos meus lemas é lealdade não vou poder te ajudar nesse favor.

Dedé_ Cara eu poderia dar um fim em você aqui mesmo só não farei isso porque gostei da sua postura, vamos esquecer esse assunto e conhecer o chefe e a filha dele.

Depois da nossa conversa que sinceramente achei muito estranha com certeza tudo isso não passou de um teste, como vigiar a filha do chefe exige uma pessoa de confiança queriam me testar, como estou atento a tudo acho que fui bem.

Subimos o morro até chegar na casa do dono do Morro fico apreensivo com esse encontro pois é a primeira vez que estarei frente a frente com ele, Dedé entra e eu acompanho esperamos alguns minutos até que o chefe aparece na sala com mais dois dos seus homens, tento manter minha pose e não transparecer meu nervosismo, e então Dedé me apresenta.

Dedé_ Chefe esse é o cara que te falei, Juliano.

Juliano esse é o chefe.

Juliano_ Chefe estou à sua disposição.

Douglas_ Já gostei de você.

Dedé tudo em ordem com ele.

Dedé_ Sim chefe, tudo ok.

Douglas_ Acredito que Dedé já falou qual vai ser a sua função.

Juliano_ Sim chefe

Douglas_ Que bom assim economizarei tempo, saiba que não tolero erros ou enganos, não aceito atrasos ou desculpas esfarrapadas, quero pontualidade, descrição e principalmente lealdade. você consegue cumprir essas regras?

Juliano_ Chefe farei o meu melhor, mas isso não impede de ter imprevisto ou algo inesperado algum dia.

Douglas_ Gosto que tudo saia perfeito é por isso que não tolero falhas ou erros então quero deixar bem claro para você entender. Não tolero erros ou engano, não aceito atrasos ou desculpas esfarrapadas, quero pontualidade, descrição e principalmente lealdade será que agora você entendeu?

Juliano_ Sim chefe.

Douglas_ Melhor assim, agora quero que cuide da minha filha e esteja com ela 24 hrs por dia, você terá um quarto nessa casa para não correr o risco dela sair sem você e também quero ficar de olho em você.

Terá um carro à sua disposição para acompanhar minha filha onde ela quiser, ele fala e sai.

Fico com Dedé na sala aguardando ele voltar enquanto isso minha mente trabalha pensando em como eu cheguei tão rápido no meu alvo no pouco tempo que estou no morro tenho que ficar atento sei que não será nada fácil a partir de agora.

**********Clara**************

Acordo com o meu corpo todo dolorido e marcado pela surra de ontem, foi difícil levantar com a dor que estou sentindo.

Tomo banho, me visto, faço minha higiene e tomo um comprimido para aliviar a dor e fico na cama, estava perdida em meus pensamentos quando meu pai invade o meu quarto enrola sua mão em meus cabelos e me arrasta até a sala, ao chegar me joga no chão e fala.

Douglas_ Sua maldita esse é o Juliano e ficará responsável por cada passo que você der quero que diga para ele os lugares que frequenta e os horários.

Confesso que não ouvi nada do que foi dito por ele, pois ao olhar para aquele homem todo meu corpo e minha mente paralisou completamente, volta à realidade com o tapa na cara que meu pai acertou em mim.

Douglas_ Escutou vagabunda?

Clara_ Sim papai.

Douglas_ Ótimo e você Juliano quero relatório de cada passo que essa maldita der e se eu desconfiar que você não esteja fazendo sua tarefa direito eu mesmo te mato, agora vai buscar suas coisas porque quero que comece hoje, mesmo você tem no máximo duas horas para chegar novamente na minha casa e não esqueça das minhas regras.

Juliano_ Sim chefe.

Ele sai e meu pai se retira da sala só então percebo que estou sozinha e minha única reação foi chorar por minha triste vida.

Volta para o quarto e desabo a chorar não sei o que fazer para mudar a minha sorte o que me mantinha forte era a esperança de um dia sair desse morro por isso os estudos fez nascer em mim a força de vencer e um dia me tornar uma excelente pediatra, mas agora até essa força e esperança estão sendo tiradas de mim.

Passo a manhã toda no meu quarto não tenho ânimo e nem forças para levantar, meu corpo está dolorido e fraco e para piorar estou sentindo falta de comida, pois desde ontem não como nada, decido permanecer no quarto para não correr o risco de encontrar meu pai ou melhor dizendo o homem que devia ser meu pai não posso correr o risco de apanhar mais uma vez.

Permaneço no quarto até ouvir a voz de Neusa uma senhora doce e bondosa que sempre está ao meu lado ela tem muito medo do meu pai, mas faz de tudo para me ajudar.

Ela entra no quarto com uma bandeja de comida e fala que eu devo comer tudo antes que meu pai chegue.

Clara_ Não estou com fome Neusa eu quero morrer não aguento mais essa vida.

Neusa_ Minha menina não fala essas coisas você é tão linda e não merece sofrer tanto assim.

Clara_ Ele me bateu novamente e para acabar comigo de uma vez disse que vou casar com dono do Morro do Adeus eu não vou aguentar aquele homem ele é um monstro, como vou viver com uma pessoa assim não entendo porque meu pai me odeia tanto. Não tenho culpa da morte da minha mãe eu era apenas um bebê indefeso como posso ser condenada por algo que não tinha consciência.

Neusa_ Eu sei minha menina, mas você não pode desistir de tudo agora eu acredito que você vai ser feliz só precisa ser forte e lutar mesmo que pareça não ter forças acredite que tudo vai dar certo, agora se alimente com essa comida e daqui a pouco eu venho recolher a bandeja.

Ela beija minha testa e sai, olho para aquela bandeja de comida e falo para mim mesmo, será que um dia serei feliz?

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