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— Pensa pelo lado maravilhoso da vida de casado, Edu... acabou aquela vida de noitada, mulheres avulsas, casadas ou viúvas, velhas ou novas. Acabou tudo! Você é um cara de sorte, meu amigo.

Sergio, o melhor amigo de Eduardo, passou todo o percurso da viagem de carro, da capital até a fazenda, tentando fazer o amigo desistir da ideia do casamento.

— Negócios, Sergio. Estou fazendo um investimento alto e necessário. Terei minha empresa antes do previsto.

— Cara, é casamento! Pensa bem. E se essa mulher te colocar em um cabresto e você virar um desses pais de família? Cara, isso não combina com você, Edu. Abre o olho meu irmão, e cai fora disso!

— Milhões, Sergio. — Olavo, o pai de Eduardo, que estava no banco de trás da caminhonete, pronunciou-se.

Olavo estava com os olhos vidrados na tela do notebook. O advogado não parava um só minuto de trabalhar. Aquela influência havia alimentado no filho a sede desenfreada pelo sucesso e realização pessoal.

— Você sempre teve as melhores estratégias, irmão, mas com isso, você corre o risco de se apaixonar e ficar de quatro, feito um cachorrinho, por uma única mulher. Ainda dá tempo, Edu.

Eduardo que estava ao volante, sorriu sarcasticamente.

— Nunca me apaixonei por nenhuma mulher experiente, capaz de me dar o que preciso. Acha que vou fazer isso por uma menina caipira, que cheira a leite e inocência? Nada muda meu amigo. Só vou assinar um bendito contrato, nada mais que isso. Ele me garante milhões, mas não me pede fidelidade — falou ao observar a entrada luxuosa da fazenda.

A caminhonete buzinou na porta da sede. Maria Fernanda, que estava por perto, num misto de temor e curiosidade, correu arrastando Giovane para casa. Entraram na sala e avistaram os visitantes.

— Venha cá, Nandinha. Venha conhecer o Eduardo — convidou Izabelle, sentada no sofá da sala.

Maria Fernanda parou no canto do aposento. Giovane segurava uma de suas mãos com toda força. Seu coração doía. Se ao menos ele enfrentasse tudo e todos, mas não queria passar por cima de uma decisão de sua mãe de criação. Ainda por cima, teria que declarar o seu amor a Maria Fernanda e ela poderia rejeitá-lo ou entender tudo errado e se afastar por completo.

Eduardo desceu os olhos pelo corpo de Maria Fernanda, e fez sua análise por completo. Era esguia, tinha muita pose e nariz empinado demais para ser uma caipira em vestidos tão infantis e normais. Talvez o conforto proporcionado pela madrinha tivesse dado aquele ar de grandeza. Em poucos segundos, desvendou o que seus olhos visualizavam, mas pegou-se curioso por mais. A jovem era linda, entretanto transparecia inocência, algo que ele não tinha paciência de lidar.

— Você ainda é muita menina. — Ele sorriu amigável. Mesmo em sua impaciência, precisava ser convincente.

Maria Fernanda sentou ao lado da madrinha e não o olhou. Giovane contraiu a mandíbula, com ódio.

— Não, não vou permitir isso! Isso é uma loucura, minha mãe! — gritou Giovane.

— Giovane! — Izabelle interferiu. — Largue de ciúmes, meu filho, sua irmã está noiva e o Eduardo cuidará bem dela.

— Não! Eu cuidarei da Nandinha. Ela não precisa de um desconhecido!

Eduardo mirou seu concorrente com calma, em seguida curvou o lábio em um sorriso desafiador.

— Não se preocupe, "cunhado". Cuidarei da sua irmã com carinho.

Giovane fechou o punho, sentindo vontade de esmurrar o rosto do homem à sua frente, mas ao ver sua mãe moribunda, respirou fundo e saiu da sala, batendo a porta com toda força. Maria Fernanda deixou uma lágrima escapar, sentindo-se indefesa.

— Por que está chorando? — Eduardo perguntou e estendeu a mão para enxugar seu rosto. Ela se esquivou.

— O Edu é um homem muito família, ele é tão dedicado ao lar, que algumas pessoas duvidam de sua masculinidade — Sergio falou, olhando para Izabelle.

Eduardo apenas fechou os olhos e idealizou socar o rosto do amigo quando estivessem sozinhos.

— Você é um bom menino. Sei que vai cuidar de minha menina e serão muito felizes juntos.

— Está com a via do contrato aí, Izabelle? — Olavo tinha pressa que o filho firmasse o acordo para receber os milhões descritos no contrato. Logo Eduardo construiria a empresa que tanto visava ter.

— Sim, está tudo aqui. — Izabelle pegou uma pasta que estava na mesa do centro. — Como havíamos combinado, o casamento será amanhã à tarde.

Maria Fernanda começou a fungar o nariz em um choro descompensado e Eduardo levantou uma das mãos e acariciou uma mecha de seus cabelos longos. Ele sentiu a maciez entre os dedos e repetiu o mesmo gesto repetidas vezes. Sergio que estava sentado mais à frente estreitou os olhos.

— Vou cuidar de você, prometo. — Eduardo olhou para Izabelle e sorriu.

Era muito dinheiro envolvido, contudo o que mais lhe importava era que o casamento garantiria sua empresa de engenharia antes do previsto. Ter alguém preso a ele não seria um problema. Apesar de a garota assustada a sua frente ter os cabelos mais perfeitos que já tinha visto e o rosto semelhante ao de uma boneca de porcelana, isso não lhe garantia fidelidade. Ele sempre havia sido de todas que o servissem.

— O contrato já foi redigido. Não poderá haver divórcio no prazo de dez anos. Caso haja, minha menina será beneficiada com os bens em seu valor total. — Olhou para Eduardo — No seu caso, os milhões para a construção da empresa de engenharia não seriam recebidos. Se a empresa já estiver de pé, não importa, tudo irá para a Nandinha. Mesmo assim, o nome dela ainda constará nos documentos de sócios da empresa. Então, a empresa ficará cinquenta por cento no nome dela e a outra metade em seu nome. Acredito muito que o amor no coração dos dois será revelado e meu propósito de proteção será alcançado sem necessitar da cláusula que fala sobre a quebra do contrato.

— Estou disposto, minha tia. — Eduardo estava inspecionando o corpo da jovem.

— A Nandinha só poderá mexer no dinheiro depois dos dezoito anos, até lá você, Eduardo, ficará na obrigação de trazer conforto a minha menina, do seu próprio bolso. Meus outros bens serão do Giovane e a fazenda do meu esposo. Eu quero que prometa que irá cuidar de minha menina, Eduardo.

— Seremos muito felizes, minha tia. — Eduardo fixou o olhar nos lábios carnudos de Maria Fernanda, depois seguiu para os olhos azuis, que estavam amedrontados.

Em um rompante, Maria Fernanda levantou e abandonou a sala.

— Nandinha! — A madrinha tentou gritar, mas não conseguiu.

— Deixa, minha tia. Vou conversar com ela.

— Me preocupo, pois ela ainda é muito nova e ingênua, mas sinto-me fraca e não sou mais capaz de oferecer a proteção e o cuidado que ela precisa. Você é da minha família, é inteligente, esforçado, dedicado aos estudos... por isso sua parte na minha herança veio com a mais linda condição, a condição de aprender a amá-la.

— Sou grato pela confiança, tia. Vou conversar com ela. Nós daremos certo. Com a sua licença. — Eduardo beijou a mão da mulher e seguiu o rastro de Maria Fernanda. Precisava garantir que seu mais novo negócio gerasse a rentabilidade desejada.

Encontrou-a sentada em uma cerca de madeira, com o olhar distante. Seus cabelos estavam em toda parte, seguindo a corrente de vento que estava um pouco forte naquela manhã.

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Comments

Rosailda Muniz

Rosailda Muniz

meu Deus essa madrinha é muito louca, não confia no Geovane que cresceu junto dela e sebe do cuidado dele por ela e vai confiar em un desconhecido só pq é parente, e ela não o conhece pq ele é um baita de um mau-caráter, e vai fazer sofrer

2023-08-14

6

Drika

Drika

Tô vendo que esse Eduardo vai dar trabalho pra Nanda 🤔

2023-08-07

1

Amanda

Amanda

essa história veio pra acabar com a gente 😭😭😭😭

2023-08-04

0

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