Todos os dias eu saio para andar um pouco. Gosto de sentir o cheiro doce da floresta e das flores, isso me acalma e trás uma satisfação com o meu próprio lar, o verde ao meu redor, as plantas diversificadas trazendo a essência da natureza, junto de árvores vivas, jamais irei me cansar do que vivo.
Algo me incomoda, meu pai sempre diz que não podia ir além da neblina, mas nunca explicou o motivo, sempre fala com um semblante triste e sério, o que alimenta mais ainda a minha curiosidade a respeito do que deve ter por lá.
— O que será que tem lá? — Indaguei, olhando para o horizonte não explorado à minha frente.
Decido me aproximar um pouco mais da neblina. Era frio e um pouco intenso. Escutei o barulho de um galho quebrando e rosnei olhando para o lado, mas era só um coelho. Coloquei o pé no chão que dava além da neblina e ouvi outro barulho, era um ruído diferente, estava bem mais distante, tinha alguém dentro daquela claridade intensa. Me concentrei para sentir algum cheiro, fechei os olhos e pude senti-lo, era gostoso, e estava vindo de lá, um cheiro masculino. De quem seria? Não me recordava deste cheiro, embora soasse de forma tão agradável, era novo para mim.
— Olá? — Cumprimentou o desconhecido, esperava mesmo que lhe respondesse.
O indivíduo havia realmente me notado, , de lá ele rosnou, o que me deixou surpresa e levemente assustada. Era um rosnado perigoso, de quem iria atacar se chegasse mais perto. Dei mais um passo a frente, mas uma mão me puxou, rosnei reagindo ao susto, mas logo reconheci o cheiro, era Dwou.
— Dwou, é você! Que susto, não aparece assim do nada.
— Angelic, você sabe que essa parte é proibida! — Falou levemente irritado.
— O papai nunca fala o real motivo disso, eu gostaria de entender...
— Ele tem seus motivos. Agora vamos! — Ordenou.
Ele agarrou o meu braço e me tirou dali, me desfiz da mão dele, expressando meu desgosto através de uma careta mimada. Voltamos para a vila, mas meus pensamentos estavam turbinados de curiosidade.
— Eu não vou contar para o alfa que você tentou atravessar a neblina. Mas prometa que não irá tentar isso novamente! — Disse Dwou, olhando no fundo dos olhos de Angelic.
Com os braços cruzados e olhando para o lado eu o ignorei, mas não adiantou,ele virou o meu rosto para seus olhos e me fez prometer..
— Tá, tá bom! — Redargui.
Ele soltou meu rosto, ainda transparecendo seu desapontamento quanto a minha atitude. Eu realmente não me conformava com a ideia do meu pai apenas dizer para não ir naquele lugar, entretanto, agora que sei que possa ter alguém preso por lá, não irei me conformar até realmente saber o que está acontecendo.
Me virei e vi minha mãe vindo em minha direção com um sorriso caloroso no rosto. Logo suavizei minha expressão e sorri de volta.
— Já acabou sua caminhada, querida? — Perguntou Yulia.
— Sim, mamãe! — Respondeu alegre.
Nós fomos para dentro para preparar o almoço, já era tarde e papai estava voltando dos morros. Lá no morro a matilha faz uma reunião para darem uma volta por fora da vila.
Observei mamãe cortar os temperos, sua face estava tranquila como sempre. Me senti a vontade para tocar no assunto, embora já soubesse no que resultaria.
— Mamãe... — Faz uma pausa — Depois da neblina, tem alguém lá, não é? — Perguntou, sua voz tensa.
— Como você descobriu isso? Você foi até lá? — Indagou Yulia, aflita.
— Eu cheguei um pouco perto da neblina, mas foi só isso..
— Angelic, você sabe que é proibido! — Exclamou.
— Eu sei, mas eu tenho curiosidade, o papai nunca fala inteiramente sobre o assunto! — Explicou, demostrando sua insatisfação.
Ela abaixou o olhar, deixando os temperos de lado, parecia estar se preparando para falar. Me atentei para ouvi-la.
— Há 23 anos atrás uma criança nasceu. A lua cheia tinha mandando mais um para a alcatéia, mas o pai dele não o desejava, não queria que aquela pobre criança nascesse, e quando soube que sua mulher deu a luz a ele as escondidas, a matou. A criança foi criada por todos da vila, nós o alimentava, dávamos moradia, ele tinha a vida que toda criança merece, embora morasse em vários lugares. Um dia decidiram que ele precisava saber da verdade. — Parou, encarando a vista além da janela. — Inicialmente ele parecia ter reagido bem diante da verdade, mas herdou toda a crueldade do pai. Jamais imaginariamos que algum dia ele pudesse se tornar alguém tão ruim, assim como o pai, ele encontra diversão no sofrimento alheio, na morte trágica, fez muitas vítimas por por bastante tempo...
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Atualizado até capítulo 73
Comments
Aimê Vieira
esse livro tá cada vez melhor
2024-06-29
0
Luciene Brito Soares
coitado,mas com certeza,ele encontrará um amor para se libertar
2023-09-26
1
Patricia Sousa
será que é ele mesmo que mata as mulheres 🤔🤔
2023-08-23
0