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A Indústria Farmacêutica Albuquerque era um império de vidro e aço, um monumento à excelência e à ciência.
Laura olhou para a fachada imponente do táxi, sentindo-se pequena e, ao mesmo tempo, estranhamente revigorada.
O contraste entre aquele palácio corporativo e o quarto mofado na pensão era um lembrete vívido do quão longe ela estava disposta a ir.
No saguão, a opulência era discreta. Sem ouro ou mármore em excesso, apenas um design minimalista, luzes suaves e um silêncio reverente.
O ar condicionado exalava um frescor limpo, um cheiro de futuro que Laura não sentia há muito tempo.
Enquanto esperava na recepção, sua mente, sempre focada, começou a repassar as informações que havia pesquisado sobre seu potencial empregador: Daniel Albuquerque.
Ele era um empresário de 35 anos, conhecido por ser um gênio da gestão e um visionário na área de pesquisa farmacêutica. Sua imagem pública era impecável, mas ele era notoriamente reservado. Nos artigos, havia sempre uma menção velada à sua vida pessoal.
Daniel era pai solteiro de uma menina, Isabela, de quatro anos. Sua esposa, a socialite Lívia, havia o traído de forma pública e escandalosa, abandonando-o pouco depois do nascimento da filha em busca de uma vida que ela considerava mais emocionante e luxuosa.
A história, embora Laura não a tivesse pesquisado a fundo, ecoava a sua própria dor: a quebra da confiança, o abandono e o peso de criar um filho sozinho após uma traição devastadora.
O destino tinha um humor cruel, conectando-os por feridas semelhantes.
A secretária, Patrícia, uma mulher elegante e profissional, finalmente chamou Laura.
— O Dr. Daniel a aguarda. Por favor, me siga.
Elas subiram para o último andar, o silêncio daquele ambiente era quebrado apenas pelo som suave dos próprios passos.
A sala de Daniel era ampla, com uma vista panorâmica de São Paulo que tirava o fôlego. Não havia itens pessoais, apenas a funcionalidade fria de uma mesa de vidro e cadeiras de couro.
Daniel Albuquerque estava de pé, observando a paisagem. Ele era alto, de cabelos escuros e ligeiramente grisalhos nas têmporas, o que lhe conferia um ar de seriedade precoce. Sua postura era reta, quase rígida. Vestia um terno cinza impecável, e seus olhos, de um azul profundo e penetrante, carregavam uma tristeza contida, como um oceano calmo que esconde uma tempestade passada.
Ao se virar para Laura, seu olhar percorreu-a rapidamente: a altura elegante, os cachos volumosos, o blazer simples mas bem-cuidado.
Ele não demonstrava emoção, apenas uma análise profissional e implacável.
— Sra. Laura, por favor, sente-se.
Sua voz era grave e baixa, com um tom de autoridade natural.
— Obrigada, Dr. Daniel... Laura respondeu, a voz firme apesar do nervosismo.
Ela sentou-se, cruzando as mãos no colo, lembrando-se da força de seu filho e da urgência de sua situação.
Daniel não começou com perguntas sobre o currículo. Em vez disso, ele foi direto ao ponto, encarando-a.
— Seu currículo mostra uma lacuna de cinco anos. Sou um homem de negócios e preciso saber: o que a trouxe de volta ao mercado, especialmente depois de tanto tempo, e por que eu deveria confiar que sua dedicação será completa?
Era a pergunta que Laura temia, mas também a que a libertaria.
Ela não tentou mentir ou inventar desculpas. A honestidade era sua única arma.
— Dr. Daniel, a lacuna em meu currículo é Miguel, meu filho de cinco anos. Eu o dediquei integralmente à maternidade. O que me trouxe de volta foi a necessidade e, acima de tudo, a determinação.
Ela respirou fundo e continuou, seu olhar encontrando o dele, sem desviar.
— Meu passado recente é complicado, mas ele não define minha capacidade. Pelo contrário, ele a forjou. Eu cheguei a um ponto, onde não tenho mais nada a perder e, por isso, tenho tudo a ganhar. Minha dedicação será completa porque meu sucesso não é apenas sobre uma carreira; é sobre a estabilidade e o futuro do meu filho. Eu sou Farmacêutica, tenho paixão pela ciência e, garanto, sou a profissional mais resiliente que o senhor vai encontrar. Eu preciso dessa chance, para provar meu valor.
O silêncio na sala foi absoluto, quebrado apenas pela respiração de ambos.
Daniel, que costumava dispensar candidatos com a menor hesitação, permaneceu imóvel. Seus olhos azuis fixaram-se nela. Ele não viu apenas a mãe solteira; viu a chama de alguém que lutou e sobreviveu a uma guerra íntima. Ele reconheceu o desespero e a coragem, as mesmas cicatrizes emocionais que ele carregava.
Ele pigarreou, quebrando a tensão.
— Vejo que a senhora tem uma história de superação, Laura.
Ele finalmente sorriu, um leve movimento nos lábios que não chegava aos olhos.
— O trabalho aqui exige mais do que apenas um diploma; exige paixão e foco inabalável. Nosso analista de desenvolvimento júnior precisa ser criativo e metódico.
Pelos 40 minutos seguintes, a entrevista tornou-se técnica.
Laura brilhou.
Ela discutiu novas metodologias de análise e propôs soluções inovadoras para problemas de estabilidade de fórmulas, mostrando que, embora estivesse fora do mercado, sua mente estava mais afiada do que nunca.
Ao final, Daniel se levantou.
— Agradeço o seu tempo, Laura. Você será notificada em breve.
Laura sabia que havia arriscado tudo com sua honestidade, mas se sentiu orgulhosa de não ter se diminuído.
Ela estava saindo da sala quando Daniel a chamou de volta, a voz mais suave.
— Laura, uma última coisa. Meu filho, meu neto... Ele corrigiu-se rapidamente, um lapso que chamou a atenção dela.
— Minha filha, Isabela, estuda em um berçário perto de nossa sede. Caso seja contratada, Patrícia pode lhe passar os contatos. É importante para mim que meus funcionários tenham tranquilidade com seus filhos.
Laura sentiu um nó na garganta.
Ele não precisava ter dito aquilo. Era um gesto de empatia rara no mundo corporativo, um reconhecimento de que ela era mais do que um currículo.
— Obrigada, Dr. Daniel. Eu valorizo muito isso.
Ao sair do Palácio da Ciência, Laura sentiu que havia deixado a lama para trás. Ela ainda não tinha o emprego, mas tinha a esperança e o respeito de um homem que parecia entender, no fundo da alma, o preço da reconstrução.
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^^^(Continua...)^^^
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Atualizado até capítulo 30
Comments
Tereza Vieira Candido
espero q Daniel contrate ela e os dois se dão uma. chance para se conhecer melhor só não entendi pq ele falou neto em vez de filha
2025-09-30
3
Erlete Rodrigues
ele vai contratar ela com certeza e aí vai começar a história dos dois ou dos quatro ela e ele e os dois filhos
2025-10-07
1
Juliana Barboza
que eles sejam muito felizes autora
2025-10-01
1