A Professora

Depois de um bom banho quente, fui me arrumar para a faculdade. Era o meu primeiro dia, e queria causar uma boa impressão. Escolhi um jeans de cintura alta, um cropped preto com mangas médias e um salto alto escuro. Soltei meus cabelos, deixando-os longos e ondulados ao natural, e finalizei com uma maquiagem leve que realçava meus traços.

Me olhei no espelho e pensei: "Pronta para arrasar corações!" Eu estava definitivamente diferente da Jennie de hoje de manhã, que parecia acabada. Agora, estava linda!

Peguei minha bolsa com alguns materiais necessários e fui até a cozinha para comer algo. Não estava com muita fome, então peguei uma maçã e a comi sem pressa.

Nesse momento, meu pai apareceu, todo arrumado.

- Uau! Posso saber para onde você vai todo bonitão assim?- encarando-o. perguntei,

- Olha quem fala! Hoje é seu primeiro dia na faculdade e você se veste como se fosse para um desfile de moda! - ele brincou. Vai de ônibus, filha?

- Vou, porque a mamãe não quer que eu use o carro dela! - retruquei.

- Eu te levo, sem problemas! - disse, pegando as chaves do carro que estavam em cima da mesa.- Mas precisamos sair agora. Tenho uma festa hoje e não quero me atrasar.

- Meu Deus, pai! Quem dá uma festa numa segunda-feira? - questionei enquanto caminhávamos em direção à garagem.

- Filha, essas festas não são como as de vocês jovens que ficam até de madrugada.- Ele destravou o carro para que eu pudesse entrar. - Essa dura até as 22h. Depois disso, volto para casa. Nem em sonho eu conseguiria virar a noite.

- Claro que conseguiria! Você ainda é jovem e tem saúde de sobra! - falei, rindo enquanto colocava o cinto.

[...]

- Filha? Chegamos! ele disse, destravando a porta do carro.

- Obrigada, pai! - respondi, me

despedindo.

Como estava adiantada, comecei a dar uma volta pela faculdade, que era enorme. Entrei em várias salas diferentes, explorei o campus e achei tudo maravilhoso. Minutos depois, com a bexiga de criança, comecei a procurar o banheiro, pois estava apertada. Andei de um lado para o outro, mas não encontrava. Comecei a andar com desespero, sem prestar atenção, até que, distraída, bati em alguém. Com os saltos, me desequilibrei e caí no chão. Ao me levantar, percebi que tinha esbarrado em um rapaz bem bonito. Ele se levantou rapidamente e me estendeu a mão, ajudando-me a levantar.

- Nossa, moça! Desculpa! Não te vi, estava totalmente distraído! - ele disse, ainda segurando minha mão, mesmo depois de já ter me levantado.

- Tudo bem, a culpa é minha também. Estava meio desnorteada, deveria ter prestado mais atenção - respondi, olhando para nossas mãos juntas. Ele percebeu e soltou.

- Desculpe novamente!

- Tudo certo!- respondi com um sorriso. Ele então começou a ficar vermelho e soltou um sorriso meio sem jeito.

Era engraçado, porque ele tinha um estilo descolado, olhos pretos e cabelos castanhos. Parecia ser o típico "boy magia". Não parecia o tipo que ficaria envergonhado perto de mulheres. Mas naquele momento, todo esse estereótipo desapareceu com seu sorriso tímido.

- Para onde você estava indo?

- Eu estava procurando o banheiro!- disse, cruzando as pernas, realmente estava apertada. Ele olhou para cima e riu.

- Às vezes, só precisamos olhar para cima, e assim encontramos as respostas que tanto procuramos.

Encarei seus olhos, sem entender muito bem o que ele quis dizer, mas logo avistei uma placa informando a localização do banheiro. Sorri automaticamente.

- Entendi, senhor misterioso... Vou indo então, realmente preciso usar o banheiro.- Falei sorrindo e me dirigindo para o banheiro.

Ele apenas sorriu de volta e continuou seu caminho.

[...]

Após usar o banheiro, percebi que estava atrasada para a primeira aula. Corri até minha sala e bati na porta. Um homem que parecia ser nosso professor abriu e voltou a falar com a turma, que já estava um pouco cheia.

Parada na porta, avistei um lugar ao fundo e segui até lá, me sentando. Não prestei muita atenção nos alunos, pois estava morrendo de vergonha de entrar na sala super atrasada. Esses pensamentos teriam que ser deixados para outra hora. Voltando ao mundo real, consegui prestar atenção em tudo o que ele falava. Seu nome era Ricardo, e ele estava explicando sobre suas aulas, os trabalhos e tudo mais.

Ao final da aula, resolvi dar uma olhada ao redor. Quando olhei para o lado, percebi que o "senhor misterioso" estava sentado bem ao meu lado. Ele estava tão concentrado fazendo anotações que achei melhor não interrompê-lo. Apenas virei novamente para frente e aguardei a chegada do próximo professor.

O som de notificação do meu celular puxou minha atenção, mas não demorou muito para que meus olhos fossem atraídos por uma mulher que entrou na sala, a professora. Acredito que o tempo passou em câmera lenta enquanto eu a observava. Sua postura era impecável enquanto caminhava, e seu cabelo liso e longo, parecia ser castanho escuro, quase preto. As roupas eram muito bem alinhadas, consistindo em uma saia social acinturada de tom escuro e uma blusa branca que ficava no cós da saia, finalizando com um salto alto de bico fino.

Assim que seus passos cessaram e seu rosto se virou completamente para a frente, pude observar seus traços. Seus olhos castanho-claros eram firmes e não transmitiam quase nada, se é que isso é possível. Seus lábios eram médios e um pouco avermelhados, tudo isso acompanhado de uma maquiagem simples. O combo perfeito que a deixava incrivelmente... sexy?

"Espera um pouco... 'sexy'? Desde quando eu acho uma mulher 'sexy'? Meu Deus, estou ficando louca! Jennie, acorda! Ela não é sexy, apenas uma mulher muito bonita e estilosa, só isso! Para de pensar assim!" Decidi deixar esses pensamentos de lado e me concentrar no que ela dizia.

- Boa noite, meu nome é Lisa Manoban. Quero começar com o pé direito este ano e ajudar vocês no que precisarem. Como é o primeiro dia, quero que vocês se apresentem, dizendo seu nome, idade e o motivo pelo qual escolheram este curso. Sei que é um pouco clichê, mas vocês passarão alguns anos aqui e precisam se conhecer melhor. Este curso é difícil; vocês vão ter que ralar para obter boas notas. Enfim, não quero assustá-los... Por enquanto... Vamos começar? ela disse, apontando para o primeiro aluno.

Para ser sincera, não prestei muita atenção no que os outros alunos falavam.

Estava focada unicamente na professora "sexy"... digo, estilosa. Ficava atenta às reações dela enquanto os outros falavam. O olhar dela era frio e distante, como se não quisesse transmitir nada. Sua boca... Nossa! Que boca era aquela! Eu poderia passar horas... beijando? "Deus, ajuda-me! Estou ficando louca, só pode!"

- Ei! senti alguém cutucando meu braço, me fazendo sair dos meus devaneios. Quando olhei para o lado, vi que era o "senhor misterioso".

- Ei, senhor misterioso.- respondi com um sorriso. Ele riu antes de continuar.

- Olha, eu até acho esse apelido interessante, mas prefiro meu nome. Prazer, Theo.- Ele me estendeu a mão, e rapidamente retribuí o gesto.

- Prazer, Jennie. Eu...

- Uma coisa que realmente não gosto é que alguém fique conversando enquanto explico. Entendeu, senhorita Kim?.- Lisa interrompeu, fazendo com que todos os alunos olhassem para mim, esperando uma resposta.

"Ela está de marcação comigo, só pode!"

- pensei, me ajeitando na carteira e olhando para frente novamente.

- Desculpe, Lisa, Bom... Meu nome é Jennie Kim e tenho 19 anos. Sempre amei arquitetura e, mesmo sem ter interesse pelo curso, fui me aprofundando mais e descobri que era isso que eu queria fazer.

- Interessante, senhorita Kim.

Lisa disse, apoiando seu quadril na mesa. Espero que esse amor não morra no meio do caminho, como já vi acontecer com muitos. - Ela me olhou de forma penetrante.

- Quem é o próximo?

Depois disso, todos se apresentaram, mas eu novamente não prestei atenção.

Só conseguia pensar em como Lisa havia falado comigo. Apesar de ser seca e direta, ainda assim, me sentia atraída por ela. Ok, confesso, acho que ela é 'sexy' e atraente, mas depois desse balde de água fria que recebi, duvido que consiga algo com ela. Até porque ela era a minha professora e provavelmente bem hétero.

- Ei... Garota do banheiro? - mais uma vez, o "senhor misterioso" me salvava de meus pensamentos estranhos.

- Ei, senhor misterioso sorrindo. Respondi, Ele riu e continuou.

- Olha, eu até acho esse apelido interessante, mas prefiro meu nome.

- Prazer de novo, sou o Theo. - Ele me estendeu a mão novamente, e eu retribuí.

- Prazer, Jennie. Eu...

- Uma coisa que realmente não gosto é que alguém fique falando enquanto explico. Entendeu de novo, senhorita Kim?- Lisa interrompeu, fazendo com que todos olhassem para mim, esperando uma resposta.

- Você está de marcação comigo, né? Só pode! - pensei, me ajeitando na carteira e olhando para frente novamente.

- Desculpa, Lisa, theo falou.- A culpa foi minha, eu que comecei essa conversa...

- Não me interessa saber quem começou! Se quiserem conversar, a porta estará aberta para vocês lá fora.- Lisa disse, de forma direta. Era impressionante como ela conseguia ser firme sem elevar o tom de voz!

Eu, já estava de saco cheio, não só da Lisa, mas também de como meu primeiro dia não estava sendo como eu esperava. Decidi sair da sala antes que eu explodisse. Arrumei minhas coisas, enfiando tudo de qualquer jeito na bolsa, e segui até a porta. Senti vários olhares me acompanharem até minha saída, inclusive o de Lisa, que mantinha o olhar frio e vazio.

Assim que saí da sala, decidi ir para a lanchonete que ficava perto do instituto. Todo aquele estresse me deu fome.

[...]

Sentada no refeitório, que estava completamente vazio, comecei a fitar o prato do lanche que havia comido. Pensei se foi uma má ideia ter saído da sala daquela maneira; meu dia não podia piorar mais do que já estava.

- Não foi educado você ter saído da sala daquela maneira, senhorita Kim...- ouvi uma voz familiar. Só confirmei quando olhei para trás e vi Lisa me encarando com seu olhar habitual.

Piorou! - pensei.

Lisa colocou sua pasta em cima da mesa e sentou-se do outro lado. Era incrível como ela parecia sexy, mesmo sendo tão fria comigo.

- Desculpa por ter conversado e não ter prestado atenção na aula como eu deveria. É que meu dia foi...- parei de falar, percebendo que estava me alongando. Ela não precisava saber da minha vida!

- Tudo bem... Não precisa pedir desculpas, eu exagerei... - ela disse, parecendo mais relaxada. - Eu só levo tudo muito a sério, e você me fez lembrar de mim no meu primeiro dia de faculdade. Eu era completamente desligada, vivia distraída. Com isso, meu primeiro ano não foi nada fácil... - Ela falava pausadamente e calma, como se fosse outra pessoa. Eu a ouvia atentamente, como se fosse o assunto mais importante da minha vida. - E graças a um professor que pegava muito no meu pé, consegui terminar meu curso e me tornar mais centrada. Hoje em dia sou até centrada demais. Enfim, o que quero dizer é que não fiz por mal; só queria te ajudar. - Um sorriso automático apareceu em meu rosto, e ela o percebeu. - Assim como quero ajudar todos os outros alunos, e... - olhou para o relógio, parecendo sem graça.- Nossa, eu preciso ir... estou atrasada...- Lisa falou, pegando seu material e se levantando.

Fiquei um tempo lá, sentada, sem saber muito bem o que havia acontecido. Apenas sorri para o nada, peguei minhas coisas e fui para o auditório. O restante da noite seria de palestras.

[...]

Finalmente esse dia chegou ao fim!- pensei enquanto ligava para meu pai, parada em frente ao portão da faculdade.

- Atende... Atende... - Não conseguia contar quantas vezes tentei ligar para ele, mas ele não atendia. Tudo bem que eu não tinha marcado de ele vir me buscar, mas julguei que ele provavelmente já estaria em casa.

Decidi ir de ônibus mesmo; era o único jeito de voltar para casa. Parei em um ponto de ônibus perto da faculdade. O tempo foi passando e nada do coletivo. A parada estava completamente vazia, assim como a rua, até porque a maioria dos alunos tinha seus próprios carros.

Depois de uma hora esperando, novamente tentei ligar para meu pai, mas sem sucesso.

Deixe seu recado...

- Droga! disse, desligando o celular e jogando-o na bolsa. - Hoje definitivamente não é o meu dia! - falei sozinha.

Então, um carro BMW preta parou em frente ao ponto onde eu estava.

Preparei-me para correr, mas o vidro do veículo abaixou, revelando Lisa dentro dele.

- Ainda aqui? ela perguntou.

- Sim... Estou esperando um ônibus, mas parece que os motoristas não querem trabalhar hoje - respondi, respirando fundo.

- Vem, eu te dou uma carona!- Lisa disse, destrancando a porta do carro.

- Não... Não precisa, vou esperar mais um pouco, daqui a pouco aparece um ônibus e...

- Senhorita Lisa.. Vamos! Não me faça ir aí te pegar.- Lisa falou, me interrompendo, fazendo meu corpo arrepiar com aquela resposta.

- An... Ok, obrigada... - disse, levantando e entrando no carro.

A viagem inteira até minha casa foi em completo silêncio. Eu apenas disse onde era meu bairro, e o resto do caminho foi silencioso. Percebi que, de vez em quando, ela me olhava e tentava falar algo, mas logo desistia e continuava a dirigir. Mantive-me calada, até porque não tinha muito o que dizer. O único assunto que me passava pela cabeça era a cena do refeitório, mas eu tinha certeza de que nenhuma de nós queria tocar nesse tópico.

- Então... agora eu preciso de uma ajudinha...

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