O abrigo era um prédio abandonado no meio da rua destruída. Portas arrombadas, vidros quebrados, cheiro de mofo e restos de comida velha. Um esconderijo precário, mas seguro… por enquanto.
— Ótimo, pelo menos aqui não têm monstros esperando na porta — disse Diego, jogando a mochila no chão e sentando.
— Ótimo é se tivéssemos comida e água — retrucou Lívia, examinando uma prateleira caída. — Porque sobreviver só com adrenalina não dá.
— E munição — acrescentou Rafael, contando o que sobrou. — Estamos no limite.
Maya, sempre fria e prática, mexia em um tablet antigo que milagrosamente ainda funcionava. — E, como sempre, alguém decidiu ligar um gerador velho sem verificar o resto do prédio. Não que eu reclame, claro. — Ela ergueu as sobrancelhas, encarando Diego.
— Ei! Só fiz minha mágica de luz — rebateu ele, cruzando os braços. — E funcionou.
— Por enquanto — respondeu Maya, indiferente.
O silêncio caiu por alguns segundos, até que gemidos baixos chegaram de fora. Diferentes dos zumbis que haviam enfrentado no galpão — algo mais distante, mas humano.
— Espera… — Lívia se aproximou da janela quebrada, tentando enxergar. — Tem alguém lá fora. Humanos.
— Humanos ou zumbis “novos”? — Diego olhou para Rafael, tenso. — A gente não vai abrir a porta sem pensar.
— Isso pode ser gente viva — Maya completou. — Ou podem ser infectados procurando comida.
Rafael respirou fundo, olhando o grupo. — Temos que decidir rápido. Se forem vivos, precisam de ajuda. Mas abrir a porta agora…
— …pode ser a nossa morte — Diego terminou a frase, segurando a mão de Rafael, que respondeu com um aperto firme.
— Então o que fazemos? — Lívia cruzou os braços, impaciente. — Ignorar pessoas precisando de ajuda? Não somos assim.
— Nem tão ingênuos — ponderou Maya. — Mas também não somos suicidas.
O silêncio se instalou, até que um gemido mais alto confirmou: havia alguém ali, claramente tentando se manter de pé.
— Tá decidido — disse Rafael, olhando para Diego. — Nós abrimos a porta, com cuidado. Mas se eles forem zumbis evoluídos… ninguém hesita.
— Certo, líder durão — Diego respondeu com um sorriso nervoso, apertando a mão dele. — Mas se algo der errado, você me protege, hein?
— se tá falando — Rafael deu um beijo rápido na testa dele, apenas um toque, silencioso, cheio de significado.
Lívia bufou. — Casalzinho fofo de novo. Pelo amor de Deus.
Maya apenas revirou os olhos e se preparou para a ação.
Rafael abriu a porta devagar. Dois jovens, machucados e sujos, tentavam se apoiar na parede próxima. Um deles caiu, mas a mão de Lívia agarrou o braço dele.
— Estamos seguros — disse ela, ajudando-o a se levantar. — Mas precisamos sair daqui rápido.
— Quem são vocês? — perguntou Rafael, mantendo o rifle na mão, sempre atento.
— Sofia… e Lucas — respondeu a garota, a voz trêmula. — Por favor, só… precisamos de abrigo.
— Então é isso — Diego murmurou, olhando para Rafael. — Salvamos a galera, mas vamos precisar de mais munição e suprimentos.
— A decisão certa nunca é a mais fácil — disse Maya, olhando para o grupo, avaliando cada rosto. — Mas agora… é a única possível.
Enquanto ajudavam os dois jovens a entrar no abrigo, Rafael trocou outro olhar rápido com Diego, um toque silencioso que dizia: “Estamos nisso juntos, sempre”.
— Próximo passo — disse Rafael, respirando fundo. — Organizar abrigo, verificar suprimentos, e planejar rota para amanhã. Não podemos ficar parados.
— E eu achando que o pior do dia tinha sido lutar com cinco zumbis evoluídos — Diego murmurou, soltando um sorriso nervoso.
— Só que agora tem gente nova pra salvar — Lívia retrucou, mexendo nas armas improvisadas do abrigo. — A diversão acabou, galera.
— Para a diversão ainda dá tempo — respondeu Rafael, apertando a mão de Diego de forma quase imperceptível. — Mas primeiro, sobrevivência.
O grupo se espalhou pelo abrigo, cada um cuidando de algo diferente. Mas, naquele momento, mesmo em meio ao caos, havia algo que nenhum zumbi podia tirar: confiança. E talvez, apenas talvez, esperança.
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Atualizado até capítulo 31
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