O painel do gerador chiava, faíscas saltando de um fio solto. Diego, ajoelhado, torcia e retorcia cada cabo como se tivesse mãos mágicas.
— Diego, você tem certeza que sabe o que está fazendo? — perguntou Rafael, encostado na parede, rifle pronto.
— Certíssimo, meu amor. — Diego olhou para ele, piscando de lado. — Só que se eu errar, você vai ter que me salvar de novo.
— Já avisei que não é minha função preferida — resmungou Rafael, mas o canto da boca denunciava um sorriso.
Lívia rolou os olhos. — Casalzinho fofo brigando com fios elétricos enquanto eu quase virei jantar… Que cena.
— Relaxa, Lívia — disse Maya, olhando o painel com atenção. — Diego tem jeito, só precisa de tempo… e de sorte.
Um estrondo alto fez o grupo saltar. O galpão inteiro tremeu.
— Não me diga que são mais… — Lívia começou, mas Rafael a interrompeu.
— São mais. E estão chegando.
Os zumbis evoluídos batiam nas portas externas, mas os mais próximos começaram a se aproximar do gerador, atraídos pelo som.
— Diego! — Rafael gritou, apontando a arma para uma das criaturas que se aproximava. — Acaba logo com isso!
— Estou quase! — Diego retrucou, torcendo o último fio. Um estalo, e luz começou a piscar no galpão.
— Finalmente! — exclamou Lívia. — Parece Natal!
— Natal do inferno, você quer dizer — disse Maya. — Mais deles estão vindo.
Os zumbis, iluminados pelas luzes do gerador, tornaram-se mais fáceis de enxergar. Diego aproveitou para pegar sua pistola, ainda travada, mas agora usando a luz para mirar melhor.
— Rafe… — sussurrou ele, olhando para o namorado enquanto atirava. — Isso aqui tá ficando intenso demais.
Rafael segurou a mão de Diego por um segundo, rápido, antes de disparar contra um zumbi que avançava. — Fica atrás de mim. Sempre.
— Sempre, hein? — Diego sussurrou de volta, meio brincando, meio nervoso.
Lívia avançou contra outro, cortando com o facão, enquanto Maya empurrava pedaços de metal para acertar os zumbis que escapavam.
— Estamos sendo cercados! — gritou Lívia, o rosto vermelho de esforço.
— Então corram! — Rafael respondeu, mantendo a calma. — Diego, cuida da lateral!
— Tô cuidando! — Diego respondeu, atirando mais duas vezes, derrubando uma criatura que estava prestes a morder Lívia.
O grupo recuou até um corredor estreito, luzes piscando, zumbis cada vez mais próximos. Rafael olhou para Diego, e os dois trocaram um breve olhar que dizia tudo: cuidado, medo, confiança.
— Só nós quatro, hein? — murmurou Diego, limpando o suor da testa. — Tipo família disfuncional.
— Disfuncional é pouco — retrucou Lívia, sorrindo apesar do perigo.
Maya olhou para a saída à frente. — Temos que atravessar o corredor e chegar à rua. O gerador vai manter a luz só por alguns minutos.
— Então não podemos perder tempo — disse Rafael. — Preparar para avançar em três… dois… um…
Eles correram, cada passo um risco, cortando, atirando e desviando. Rafael liderava, Diego logo atrás, protegendo o flanco, enquanto Lívia e Maya fechavam a retaguarda.
Os zumbis caíam, mas cada movimento deixava claro: não era apenas sobre sobreviver, era sobre se manter juntos. Cada olhar, cada toque rápido, cada gesto de cuidado entre Rafael e Diego reforçava isso. Eles não precisavam falar muito; os atos diziam tudo.
Quando finalmente alcançaram a rua, todos pararam, respirando fundo.
— Sobrevivemos… por enquanto — disse Rafael, colocando a mão no ombro de Diego.
— Por enquanto… — Diego repetiu, sorrindo fraco. — Mas estou te devendo outra rodada de beijos quando chegarmos ao abrigo.
— Aham, depois do apocalipse, tá ótimo — murmurou Lívia, enxugando o sangue do facão.
— Só não vamos morrer antes de chegar lá — alertou Maya, olhando ao redor, já analisando a próxima rota.
O grupo seguiu pela rua, sombras se movendo ao longe, gemidos ecoando. Eles sabiam que cada segundo era apenas o começo. A Nova Era dos Zumbis não esperava ninguém.
Mas pelo menos, enquanto estivessem juntos, havia uma chance.
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Atualizado até capítulo 31
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