O som insistente do celular ecoava pelo quarto enquanto a água ainda escorria pelo meu corpo. Saí do box envolto pela fumaça quente, enrolei a toalha na cintura e caminhei até o criado-mudo.
— Ah, oi mãe! Desculpa a demora, estava no banho! — justifiquei, ofegante.
— Oi, meu filho, a benção! Como estão as coisas? A mãe tá com saudade... quando você vem pra casa? — a voz dela soava doce, mas carregada de nostalgia.
— Poxa, mãe... sei que não tenho ido ultimamente, mas com a faculdade e o trabalho fica difícil.
Ela não fazia ideia de que a faculdade estava trancada havia tempos. Também não sabia que o "trabalho pesado" era só um teatro.
— Tudo bem, filho. É só preocupação de mãe. Você trabalha e estuda tanto... mas eu me orgulho do esforço que tem feito.
Se ela soubesse...
Sou o caçula de três irmãos, o único homem. Sempre fui protegido demais. Tivemos uma infância tranquila numa cidade pequena, sustentada pelo comércio forte dos meus pais. Nunca me interessei pelo negócio da família. Preferia aproveitar a vida.
Na adolescência, comecei a perceber os olhares. Cresci, minha voz engrossou, e de repente eu chamava atenção por onde passava. Além disso, eu sempre fora educado, e isso só aumentava meu encanto.
Foi nessa época que conheci a primeira mulher que me mostrou como o mundo podia ser fácil. Uma amiga da minha mãe, elegante, madura... e perigosa. No início achei que queria me aproximar da filha dela. Que ingenuidade. O alvo sempre fora eu.
Presentes, convites, olhares sugestivos. Até que uma noite, cedi. Dividi a cama com ela e descobri o poder que eu tinha nas mãos. Ela me abriu as portas da luxúria, dos excessos e da extravagância.
Meus pais, quando descobriram, ficaram em choque. Tentaram proibir, impor regras. Nada funcionou. Até que tomaram a decisão que mudaria tudo:
— Henrique, você vai estudar fora!
Vitória ou castigo? Talvez os dois.
No início, a vida universitária me pareceu promissora. Mas logo percebi a realidade: trabalhos intermináveis, dinheiro contado, noites sem dormir. Aquele estilo de vida não era para mim.
Foi então que conheci uma colega que trabalhava num bar. Entrei como garçom. A rotina era pesada, mas o dinheiro... razoável. Até o dia em que uma cliente me olhou nos olhos e disse:
— Você é muito bonito para estar aqui.
Ela me entregou um cartão. “Me liga se quiser algo melhor.”
Pouco tempo depois, eu já estava em outro bar — exclusivo para mulheres. Ali, os sorrisos valiam mais que qualquer diploma. As gorjetas dobravam, os presentes choviam. Até que a dona me chamou:
— Henrique, as clientes gostam de você. Já pensou em ser acompanhante?
Arregalei os olhos, mas no fundo sabia que era inevitável.
— Eu topo — respondi, sem titubear.
E assim mergulhei de vez na vida fácil. Perfumes importados, roupas de marca, celulares novos a cada ano. Tinha tudo. Ou quase.
Enquanto eu vivia no luxo, em casa a realidade era outra. Meu pai adoeceu, e o tratamento consumiu o que restava da estabilidade da família. Ele morreu, e minha mãe jamais se recuperou — financeiramente nem emocionalmente. Tentei ajudá-la, mas ela nunca aceitou. Dizia que não era justo receber ajuda de um filho que estava "lutando" para sobreviver sozinho em outra cidade. Mal sabia ela a origem do meu dinheiro.
Quando atingi a idade limite para trabalhar no bar, precisei sair. Arrumei um emprego de escritório, mas era insuportável: chefe ranzinza, marmita fria, rotina sem brilho. Logo abandonei.
Voltei para a vida que sabia viver: noites, sorrisos, mulheres que me bancavam. Mas a juventude não dura para sempre. E, lá no fundo, eu sabia que precisava de algo mais.
Não queria amor, não queria compromisso. Queria alguém fixo. Uma mulher que pudesse me dar estabilidade, conforto e segurança, sem que eu precisasse estar constantemente procurando novas aventuras.
E foi então que a vi.
Letícia.
Meu novo objetivo.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 129
Comments
Vânia
Esse gosta de boa vida, coitada da mãe, achando que o filho tá estudando e trabalhando!!!!
2025-09-27
1
Vinicius Alves
Quer aposentadoria
2025-09-25
1